Introdução
No contexto civil, a hemorragia contribui em 33 a 56% dos casos de morte no período pré-hospitalar, além de ser a causa de 50% das mortes nas primeiras 24 horas de um atendimento ao trauma.1 Esse número tão expressivo levou a pesquisas que demonstraram que, no contexto militar, de 4.596 mortes investigadas, 25% eram “potencialmente sobrevivíveis”. Destas, 91% ocorreram por hemorragia, estimando que um controle de hemorragia adequado poderia salvar mais de mil pessoas que faleceram.1
Com isso, vieram iniciativas como The Hartford Consensus III: Implementation of Bleeding Control e An evidence-based prehospital guideline for external hemorrhage control, pelo American College of Surgeons Committee on Trauma, em 2014. A primeira iniciativa consistiu em uma campanha que incentivasse a ação do público espectador antes da chegada dos médicos; já a segunda era um protocolo com evidência para intervenção no controle de hemorragia, com estratégias e dispositivos necessários para o atendimento.2,3
Junto com a exsanguinação, que continua sendo a principal causa de mortalidade precoce em pacientes traumatizados,4 pesquisas recentes elucidaram o papel da coagulopatia aguda associada ao trauma na agravação da hemorragia,5 incluindo a preocupação com o choque hipovolêmico, que vem conjuntamente nas hemorragias maiores, sendo que uma hipotensão precoce é um marcador de mau prognóstico para uma mortalidade tardia, e o volume de hemorragia está atrelado ao resultado.6
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- revisar a história de cada recomendação de controle de hemorragia;
- descrever os recursos para o atendimento pré-hospitalar (APHatendimento pré-hospitalar) em caso de hemorragia, como compressão, agentes hemostáticos e torniquetes;
- reconhecer as alternativas disponíveis e os conceitos envolvidos no controle de danos na reanimação;
- atualizar-se sobre o que as últimas diretrizes recomendam para o controle de hemorragia.