- Introdução
Instituições de saúde ao redor do mundo, especialmente as unidades de terapia intensiva (UTIunidade de terapia intensivas), foram desafiadas com a emergência e a disseminação de micro-organismos multidroga-resistentes (MDROmicro-organismo multidroga-resistentes), de multidrug-resistant organism, nos últimos anos. Esse cenário impactou em aspectos
- administrativos-estruturais – aumento da necessidade de leitos de isolamento, por exemplo;
- financeiros – aumento do custo por paciente relacionado a medidas de precaução e antibioticoterapia de maior espectro, por exemplo;1
- de resultado – aumento da frequência de eventos adversos em pacientes em precaução de contato (PCprecaução de contato)2 e elevada mortalidade relacionada a infecções por MDROmicro-organismo multidroga-resistentes, por exemplo.3
A resistência bacteriana, até então um problema que acometia majoritariamente pacientes críticos, disseminou-se para além das UTIunidade de terapia intensivas e chegou à comunidade. Esse fenômeno ficou bem caracterizado com as enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERCenterobactéria resistente aos carbapenêmicos), que muito rapidamente se disseminaram por todo o mundo,4 e também com outros patógenos, como:
- Staphylococcus aureus resistente a oxacilina (MRSAStaphylococcus aureus resistente a oxacilina);
- enterococo resistente à vancomicina (VREenterococo resistente à vancomicina);
- enterobactérias produtoras de β-lactamase de espectro estendido (ESBLenterobactéria produtora de β-lactamase de espectro estendidos);
- enterobactérias indutoras de β-lactamase (AmpCenterobactéria indutora de β-lactamases);
- bacilos Gram-negativos não fermentadores (BGNNFbacilo Gram-negativo não fermentadors) resistentes a carbapenêmicos, como Pseudomonas spp. e Acinetobacter spp.
Apesar de grandes variações de políticas para o controle de MDROmicro-organismo multidroga-resistentes em UTIunidade de terapia intensiva adotadas por diferentes serviços,5 somadas a fraquezas metodológicas dos trabalhos até então publicados, evidências apontam para a necessidade de múltiplas intervenções coordenadas e implementadas por equipe multidisciplinar.6
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- conceituar os MDROmicro-organismo multidroga-resistentes e seus principais representantes;
- reconhecer a situação epidemiológica dos MDROmicro-organismo multidroga-resistentes no Brasil e no mundo;
- perceber as consequências da disseminação de MDROmicro-organismo multidroga-resistentes em ambiente direcionado a terapia intensiva;
- identificar as possíveis estratégias adotadas para o controle de MDROmicro-organismo multidroga-resistentes e sua relevância em diferentes cenários epidemiológicos.
- Esquema conceitual