- Introdução
Família é a unidade social proximamente conectada ao paciente por meio do amor, podendo ou não ter laços legais ou de consanguinidade.
O sentimento de família engloba todas as emoções inerentes à pessoa, como, por exemplo:
- identidade;
- pertença;
- aceitação;
- rejeição;
- amor;
- carinho;
- raiva;
- medo;
- ódio.
Certamente, é a fusão de opostos que torna a família tão complexa, e a sua compreensão, um desafio interminável.
Acredita-se que o paciente seja um seguimento da família e que a família tenha uma importância vital para a recuperação do paciente internado em uma unidade de terapia intensiva (UTIunidade de terapia intensiva). Nesse contexto, o sistema familiar deve ser compreendido como um todo, possuindo leis internas de funcionamento, organização e hierarquia.
Quando um membro da família é hospitalizado, abala-se o equilíbrio do sistema familiar e podem ocorrer trocas de papéis, como, por exemplo, as funções desempenhadas pela mãe, que passam a ser desempenhadas pelo pai, e vice-versa. Dessa forma, a doença grave pode precipitar uma desestruturação familiar e fazer eclodir conflitos latentes. A situação de crise vivida pelos familiares de pacientes internados em UTIunidade de terapia intensiva pode ser exemplificada pelas seguintes situações:
- desorganização das relações interpessoais em virtude do isolamento do paciente;
- problemas financeiros;
- medo da perda da pessoa amada.
Hudak e colaboradores demonstraram que o nível de estresse na família é mais alto no momento da admissão na UTIunidade de terapia intensiva, começando a se estabilizar no 6º dia e decaindo consideravelmente perto do 28º dia.1 Esses achados sugerem que a intervenção com os familiares deva ocorrer na fase inicial da internação. Wallace, por sua vez, refere que o tempo requerido para o ajustamento familiar após a internação na UTIunidade de terapia intensiva é influenciado pelas seguintes características:2
- idade e importância do paciente para a família;
- número de membros da família diretamente envolvidos;
- relações individuais dentro da família;
- quantidade de estresse interpessoal no momento da crise;
- estabilidade psicológica geral do sistema familiar.
Ao pensar na permanência de um familiar na UTIunidade de terapia intensiva, é necessário entender o papel que o representante familiar ocuparia durante o internamento de seu ente querido. Assim, pensar em um modelo “ideal” no que se refere a essa permanência envolve adequar as necessidades do paciente, da família e da equipe.
Tendo em vista os desafios que a internação na UTIunidade de terapia intensiva pode representar tanto para o paciente quanto para os seus familiares, este artigo pretende discutir o trabalho em equipe nesse ambiente e a possibilidade de o sistema familiar permanecer na UTIunidade de terapia intensiva como acompanhante de seu ente querido.
- Objetivos
Ao final da leitura este artigo, o leitor será capaz de
- discutir a possibilidade da permanência do familiar na UTIunidade de terapia intensiva, a partir do entendimento dos benefícios aos pacientes, aos familiares e à própria equipe;
- explicar os aspectos fundamentais da permanência do familiar na UTIunidade de terapia intensiva quanto à humanização, à comunicação e à competência comportamental da equipe;
- descrever as origens dos conflitos e de satisfação dos familiares na permanência na UTIunidade de terapia intensiva;
- minimizar as chances de erros e falhas de comunicação no contato com os familiares de pacientes internados na UTIunidade de terapia intensiva;
- conduzir reuniões com os familiares de pacientes internados na UTIunidade de terapia intensiva;
- aplicar propostas e abordagens específicas à melhoria da comunicação com os familiares de pacientes internados na UTIunidade de terapia intensiva;
- elaborar um contrato de permanência de familiares na UTIunidade de terapia intensiva.
- Esquema conceitual