- Introdução
As convulsões neonatais são as manifestações mais comuns de lesão ao sistema nervoso central (SNCsistema nervoso central) no recém-nascido (RNrecém-nascido) e ocorrem em resposta às mais variadas causas. Em função disso, são reconhecidamente marcadores de disfunção cerebral nesses pacientes. No período neonatal, o risco de convulsões é aumentado em virtude da maior vulnerabilidade cerebral relacionada à imaturidade — estudos americanos relatam uma incidência de 1 a 3 casos por 1.000 nascidos vivos em RNrecém-nascidos a termo e de 58 a 132 casos por 1.000 nascidos vivos em recém-nascidos pré-termo (RNPTrecém-nascido pré-termos).1
Vários fatores distinguem as crises durante o período neonatal de crianças mais velhas, como etiologia, semiologia (geralmente sutis) e padrão do eletroencefalograma (EEGeletroencefalograma). Em decorrência da chamada “dissociação eletroclínica”, acredita-se que muitos casos passam despercebidos, enquanto outros são classificados como crises quando não o são.2
O correto diagnóstico etiológico e diferencial é fundamental para o tratamento correto e a determinação do prognóstico do paciente.2
Este artigo irá abordar os principais aspectos das convulsões neonatais, com foco no diagnóstico diferencial e no tratamento medicamentoso baseado nas mais recentes evidências, fornecendo também orientações práticas para auxiliar na conduta diante de pacientes com suspeita de crises.
- Objetivos
Após a leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- identificar os aspectos gerais das convulsões no período neonatal;
- compreender as principais causas de convulsões neonatais, conduzindo a uma investigação etiológica;
- identificar os tipos de paroxismos não epilépticos que podem mimetizar convulsões neonatais;
- identificar as indicações, as doses e os principais efeitos adversos dos medicamentos utilizados no tratamento de convulsões período neonatal.
- Esquema conceitual
