Introdução
O trabalho em saúde, na atualidade, está submetido à lógica do mercado capitalista e da política neoliberal, assim como em outros campos da economia, com uma perspectiva de atuação mínima do Estado e de atendimento aos pressupostos de redução do custo da força de trabalho e maximização da eficácia da produção, com vistas a maior obtenção de lucro.1,2
Mudanças decorrentes da crise do sistema taylorista-fordista, no final da década de 1960 e início da de 1970, somadas à internacionalização dos mercados na década de 1990, levaram à transição para um novo formato de acumulação, com mudanças nos processos de trabalho e contextos organizacionais. Esse novo modelo passou a implementar práticas flexíveis, com ampliação das responsabilidades dos trabalhadores e formas alternativas de contratação.3,4
Tal realidade pauta-se em regime político com base na instabilidade e insegurança permanente do trabalhador, submetendo-o a uma exploração cada vez maior. Na prática de enfermagem, observa-se a equipe de enfermagem submetida à intensificação do trabalho, e as condições de trabalho flexíveis e precárias e os modelos de gestão ampliam a exploração do seu trabalho.5
A flexibilização das relações de trabalho, característica deste contexto político-econômico, cada vez mais dinâmico, permite contratação e demissão rápidas e terceirizações, com um discurso favorável à flexibilização e às vantagens para empregadores e trabalhadores.6
Para as empresas, enfatiza-se um aumento produtivo com redução de custos e otimização de recursos. Para os trabalhadores, defende-se maior autonomia, maior controle sobre a própria atividade a ser exercida, carga horária extensa e flexível. Porém, por trás das vantagens aparentes constata-se a consequente precarização do trabalho, apesar de haver um discurso que tenta ocultá-la.6
Ao destacar as condições de trabalho precárias, faz-se necessário discutir as situações de vínculo de trabalho com déficit ou ausência de direitos de proteção social, trabalhista e previdenciários, somados à instabilidade empregatícia, caracterizando condições que expõem os trabalhadores à vulnerabilidade social.7
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- entender o trabalho de enfermagem no contexto do capitalismo globalizado;
- refletir sobre a inserção do enfermeiro no mercado de trabalho x dificuldades de emprego;
- descrever o conceito de cooperativismo e terceirização;
- definir o papel das cooperativas no cenário do trabalho de saúde e enfermagem;
- identificar a precarização do trabalho de enfermagem;
- conceituar a gestão em enfermagem frente à precarização do trabalho.