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CUIDADO FARMACÊUTICO: DA IMPLANTAÇÃO À AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Autores: André Oliveira Baldoni, Mariana Linhares Pereira, Cristina Sanches
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  • Introdução

Desde o início do século XX, a profissão farmacêutica vem passando por grandes transformações visando atender às demandas sociais. Pode-se dividir esse período em três grandes momentos, que são a fase tradicional, a fase de transição e a fase do cuidado farmacêutico.1,2

No Brasil, a fase do cuidado farmacêutico ainda é insipiente, tendo iniciativas isoladas de alguns farmacêuticos no território nacional nos diversos níveis de atenção à saúde. Os primeiros documentos técnicos que serviram para padronizar e reconhecer a prática do cuidado farmacêutico foram publicados na década de 2000, no entanto a regulamentação e os documentos que norteiam essa prática, tanto no setor público quanto no privado, vêm sendo construídos e publicados até os dias atuais.

Diversos fatores favorecem a implantação e a consolidação do cuidado farmacêutico, por exemplo, o contexto histórico e o arcabouço técnico e legal que respaldam as ações do farmacêutico.3,4

No entanto, para que esses aspectos sejam, de fato, facilitadores, é imprescindível que o farmacêutico atue de forma integrada à equipe de saúde e articulada com a gestão dos serviços, desde a implantação até a mensuração dos resultados. Por outro lado, por se tratar de um novo modelo de prática no contexto da profissão farmacêutica, é natural que desafios sejam frequentes, desde a formação do profissional até a avaliação dos resultados no contexto dos serviços de saúde.

Frente ao exposto e à demanda social evidente desse “novo profissional”, é preciso que a implantação e a consolidação do cuidado farmacêutico ocorram de forma responsável, sólida e com a robustez necessária para ser duradoura e resolutiva em relação aos problemas farmacoterapêuticos (PFTproblema farmacoterapêuticos).

A execução do cuidado farmacêutico deve acontecer de modo coerente com os princípios da integralidade em saúde, com foco na racionalidade da farmacoterapia e na obtenção de resultados concretos e mensuráveis, com o objetivo final de melhorar a qualidade de vida do paciente.

Para a mensuração dos resultados, deve-se levar em consideração que a qualidade de um serviço ofertado está relacionada à percepção do paciente e da comunidade, sendo que os sete pilares da qualidade dos serviços de saúde devem ser utilizados no contexto dos serviços farmacêuticos, os quais são definidos por Donabedian, conforme a seguir:5

 

  • eficácia (o melhor que se pode fazer nas condições mais favoráveis);
  • efetividade (a extensão da melhora nas condições de prática cotidiana, ou seja, o quão próximo se consegue chegar do ideal na prática diária);
  • eficiência (a obtenção dos melhores resultados com o menor custo, por exemplo, comparando-se dois procedimentos);
  • otimização (a relação entre custo e benefício vantajosa, ou seja, a adição de um benefício pode ser desproporcional ao custo acrescido);
  • aceitabilidade (a conformidade com os desejos, as expectativas e os valores do paciente);
  • legitimidade (a aceitabilidade pela comunidade/sociedade);
  • equidade (a distribuição justa do cuidado).

Desde o processo de planejamento e implantação do cuidado farmacêutico até a avaliação dos resultados, é necessário um trabalho sistematizado e integrado à equipe de saúde para que haja resultados positivos para o paciente e para o sistema de saúde.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os aspectos conceituais e técnicos relacionados ao cuidado farmacêutico no contexto do sistema de saúde brasileiro;
  • descrever o processo de cuidado farmacêutico, com foco no acompanhamento farmacoterapêutico;
  • reconhecer as fases e os subsídios técnicos necessários para a implantação, a execução e a avaliação de um serviço de acompanhamento farmacoterapêutico.
  • Esquema conceitual
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