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ENTREVISTA MOTIVACIONAL PARA A PROMOÇÃO DA ADESÃO À TERAPIA

Autores: Adriane Isabel Rohden, Carine Raquel Blatt, Helena Maria Tannhauser Barros
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  • Introdução

A entrevista motivacional (EMentrevista motivacional) foi descrita, em 1983, por Willian Miller e Stephen Rollnick, psicólogos da Universidade do Novo México (EUA), em Cardiff University, sendo utilizada, inicialmente, para a promoção de mudança de comportamento no tratamento de usuários de álcool. Apresentando, também, uma contribuição muito significativa no tratamento de usuários de drogas em geral, seja estudando os comportamentos em adultos ou adolescentes, com intervenção em grupo ou individual, e reduzindo ou prevenindo o abuso de substâncias.1–4

Em meados de 1990, a referida abordagem começou a ser usada em pacientes com outros problemas de saúde associados ao comportamento, principalmente em doenças crônicas, trabalhando a motivação dos pacientes e sua ambivalência.4 Estudos no campo da nutrição,5 do diabetes,6 da psicologia (outras questões que não abuso de drogas, como, por exemplo, jogo patológico),7 da prevenção de acidente8 e da aquisição de hábitos saudáveis de vida9,10 foram desenvolvidos utilizando a EMentrevista motivacional, demonstrando sua versatilidade e utilidade na área da saúde.

A EMentrevista motivacional também vem sendo utilizada para a promoção da adesão ao tratamento.11–16 Para pacientes hipertensos, por exemplo, diversos estudos têm demonstrado a eficácia dessa abordagem na melhoria da adesão ao tratamento medicamentoso e, consequentemente, na diminuição da pressão arterial (PA) sistólica e diastólica.12–15 Ogedegbe e colaboradores demonstraram que a EMentrevista motivacional contribuiu para a manutenção da adesão à terapia medicamentosa.17

LEMBRAR

A adesão à farmacoterapia é um comportamento complexo com múltiplos determinantes e que pode variar entre os indivíduos. Há muitas maneiras de o paciente ser não aderente, como esquecimento de doses, administração dos medicamentos em horários diferentes, administração de um número ou uma dose menor de medicamentos, suspensão do regime posológico antes do previsto, etc.18

A baixa adesão ao tratamento está associada com aumento de morbidade, mortalidade e custos. A Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde) estima que a adesão à farmacoterapia para doenças crônicas é em torno de 50% em países desenvolvidos e ainda menor em países em desenvolvimento.18 Diferentes fatores podem influenciar na adesão, tais como socioeconômicos, relacionados à equipe e ao sistema de saúde, à condição, à terapia e ao paciente.18

O desconhecimento da doença e de seu tratamento é compreendido como uma barreira para a adequada adesão. Da mesma forma, percepções equivocadas, como as de que os medicamentos somente são necessários em curto prazo, também interferem no tratamento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, transplantes, entre outras.19–21

Considerando a adesão como um comportamento, o uso da EMentrevista motivacional pode ser uma ferramenta importante no serviço farmacêutico para auxiliar na identificação das barreiras e dos fatores facilitadores para a promoção da adesão de acordo com a realidade e a necessidade de cada indivíduo.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os princípios da EMentrevista motivacional;
  • entender e distinguir os estágios de mudança de comportamento;
  • aplicar as estratégias de comunicação de acordo com o estágio de mudança;
  • identificar as armadilhas que podem dificultar o diálogo com o paciente;
  • aplicar a EMentrevista motivacional para a promoção da adesão à terapia.
  • Esquema conceitual
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