- Introdução
As repercussões clínicas das doenças renais no grupo pediátrico podem comprometer a qualidade de vida do paciente, acompanhando a fraqueza muscular e a redução da capacidade respiratória, que dificultam a realização de atividades físicas e diárias. Além disso, tais pacientes estão vulneráveis a impactos psicossociais, visto que as limitações impostas por essas doenças comprometem a interação com outras crianças e seus familiares.1
Na infância, a nefropatia afeta múltiplos sistemas e pode desencadear danos que alcançam as esferas psicológica, social e orgânica. Os prejuízos no âmbito orgânico interferem no estado nutricional em proporções consideráveis, colocando a atenção nutricional a esse público em posição de destaque. A dietoterapia adequada é capaz de retardar a evolução da doença renal e de suas implicações clínicas e nutricionais, prevenindo comprometimentos no crescimento.
O cuidado nutricional exerce importante papel na prevenção de distúrbios metabólicos em crianças com doença renal. Esse cuidado pode contribuir para redução e estabilização do ritmo de progressão da condição, principalmente quando a filtração glomerular e o balanço glomerulotubular já estão gravemente comprometidos. Assim, a dietoterapia apropriada é capaz de aumentar tanto a sobrevida quanto a qualidade de vida desses pacientes.2,3
No público pediátrico, o foco da terapia nutricional deve ser voltado para o crescimento e o desenvolvimento nas taxas mais próximas possíveis do ideal para a faixa etária em que a criança se encontra.2 Apesar da necessidade de aporte nutricional suficiente para estimular os ganhos de massa corporal e estatura, alcançar a aceitação da dieta nem sempre é fácil; as reações adversas decorrentes de alterações metabólicas sistêmicas — como a uremia, a ascite e o edema em outros órgãos — prejudicam a ingestão alimentar, agravando o risco de desnutrição em crianças com doenças renais.2,4
Para o estabelecimento de uma conduta nutricional apropriada, é fundamental compreender os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na lesão renal aguda (LRA) e na doença renal crônica (DRC), o que requer o conhecimento tanto da estrutura quanto do funcionamento desses órgãos em condições saudáveis.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer as estruturas macro e microscópica dos rins;
- descrever os mecanismos de filtração, absorção e secreção renal e as demais funções dos rins;
- discutir as implicações nutricionais da doença renal em pacientes pediátricos;
- identificar os objetivos e os efeitos da dietoterapia em pacientes pediátricos com doença renal;
- reconhecer a importância do papel do nutricionista na aplicação de uma dietoterapia de qualidade para pacientes pediátricos com doença renal.
- Esquema conceitual