- Introdução
O conceito de prematuridade foi definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1969 como o nascimento antes da 37ª semana completa de gestação.1 Estima-se que no mundo nasçam cerca de 15 milhões de indivíduos pré-termo (PT) por ano,2 e o Brasil é considerado o 10º país com maior número de nascimentos prematuros.3
Nos últimos 20 anos, houve aumento significativo nas taxas de sobrevida de recém-nascidos PT (RNPTs) tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento.4 Isso está relacionado aos progressos científicos e tecnológicos da assistência obstétrica e dos cuidados intensivos neonatais.5
Os RNPTs apresentam características fisiológicas e anatômicas singulares, que requerem adaptação complexa ao meio extrauterino frente aos aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Complicações decorrentes de infecções e de lesões podem provocar distúrbios físicos e/ou neurológicos, além de alterações no crescimento.6,7
O crescimento se manifesta por alterações nas medidas antropométricas, como peso, comprimento e perímetro cefálico (PCperímetro cefálico). O peso ao nascer (PNpeso ao nascer) é considerado o melhor indicador do padrão de saúde imediato e futuro do RN.8 Ainda não há consenso na literatura quanto ao crescimento ideal de RNPTs,9 mas diversos estudos foram realizados sobre curvas de crescimento fetal, e diferentes padrões populacionais foram criados ao longo dos anos.9,10
A escolha da curva de crescimento, a partir das muitas disponíveis, representa um verdadeiro desafio na prática clínica no que se refere à avaliação antropométrica de RNs. Na literatura atual, estão disponíveis curvas de crescimento intrauterino (CIUcrescimento intrauterino) baseadas nas estimativas ultrassonográficas de peso fetal ao longo da gestação, curvas de CIUcrescimento intrauterino de peso, comprimento e PCperímetro cefálico ao nascer para cada idade gestacional (IG),11,12 além de curvas de acompanhamento de peso, comprimento e PCperímetro cefálico no período pós-natal.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a classificação do RN de acordo com a IG, o PNpeso ao nascer e a IG versus o PNpeso ao nascer;
- reconhecer as fases de crescimento do RNPT;
- descrever as curvas de crescimento fetal;
- reconhecer as medidas antropométricas de RNPTs nas curvas de crescimento fetal;
- acompanhar o crescimento de RNPTs em curto e longo prazo.
- Esquema conceitual
