- Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCRparada cardiorrespiratória) é um evento dramático, frequentemente secundário à insuficiência respiratória, sepse ou distúrbio hidreletrolítico na faixa etária pediátrica. A despeito do desfecho ainda ser ruim, o prognóstico das crianças tem melhorado, principalmente por causa do maior entendimento da fisiopatologia da PCRparada cardiorrespiratória, da expansão dos programas de treinamento em ressuscitação e da melhoria das técnicas de reanimação.
Após o retorno da circulação espontânea, dependendo da duração da PCRparada cardiorrespiratória, do tempo e da qualidade do atendimento prestado durante a PCRparada cardiorrespiratória, a criança pode apresentar síndrome pós-PCRpós parada cardiorrespiratória. Esta síndrome se caracteriza por choque devido à disfunção miocárdica e resposta inflamatória sistêmica ao processo isquemia/reperfusão, e pode evoluir com disfunção orgânica múltipla e comprometimento neurológico grave nos sobreviventes.
Para a prevenção de lesões neurológicas secundárias, além do tratamento do choque, é preciso estar atento para a detecção e o tratamento precoce das convulsões pós-isquêmicas. A hipotermia terapêutica é uma alternativa válida.
Os cuidados pós-PCRpós parada cardiorrespiratória podem reduzir de forma significativa a mortalidade precoce por instabilidade hemodinâmica, bem como a morbidade e mortalidade tardias em função da disfunção de múltiplos órgãos e sistemas e de lesões cerebrais.1
Os objetivos iniciais dos cuidados pós-PCRpós parada cardiorrespiratória são2:
- otimizar a função cardiopulmonar e a perfusão orgânica;
- identificar e tratar a causa que ocasionou a PCRparada cardiorrespiratória e prevenir sua recorrência;
- controlar a temperatura corporal para otimizar o prognóstico neurológico.
A disfunção cardiovascular que se segue após o retorno da circulação espontânea, chamada de choque ou síndrome pós-PCRpós parada cardiorrespiratória, exige suporte ventilatório e hemodinâmico, como:2
- expansão volêmica;
- uso de inotrópicos e medicações vasoativas;
- procedimentos invasivos, como a monitoração da pressão venosa central (PVCpressão venosa central) e da pressão arterial invasiva (PAipressão arterial invasiva), continuamente;
- terapia de substituição renal (TSR);
- hipotermia terapêutica (HThipotermia terapêutica).
A monitoração de parâmetros clínicos simples, como a qualidade dos pulsos periféricos, o tempo de enchimento capilar e o débito urinário (DUdébito urinário), é forma adequada e prática para a detecção do choque.
- Objetivos
Ao final do artigo, o leitor poderá:
- identificar a síndrome pós-PCRpós parada cardiorrespiratória e compreender seus mecanismos fisiopatológicos;
- sistematizar a monitoração invasiva e não invasiva, mínima, hemodinâmica avançada e neurológica necessárias ao paciente pós-PCRpós parada cardiorrespiratória;
- entender os princípios da ventilação mecânica e do suporte hemodinâmico necessários;
- compreender as terapias para prevenção de lesões neurológicas secundárias.
- Esquema conceitual