- Introdução
No mundo todo, cerca de 29.000 crianças com menos de 5 anos de idade morrem todos os dias. Mais de 70% dessas mortes são atribuídas a seis grandes causas:
- diarreia;
- malária grave;
- infecção neonatal;
- pneumonia;
- nascimento prematuro;
- asfixia neonatal.
As causas infecciosas representam a maioria dos casos de morte em crianças e culminam com sepse grave ou choque séptico (CSchoque séptico). Sepse é, portanto, a causa mais comum de morte de crianças no mundo.1,2
Em pacientes adultos, a paralisia vasomotora representa a causa predominante de mortalidade; a disfunção miocárdica manifesta-se com redução da fração de ejeção (FE), e o débito cardíaco (DCdébito cardíaco) normalmente é mantido ou aumentado por taquicardia e dilatação ventricular. Por sua vez, o paciente pediátrico com CSchoque séptico tipicamente apresenta-se com:
- deteriorações simultâneas da função cardíaca;
- volume intravascular;
- função respiratória;
- regulação imune/inflamatória;
- função renal;
- coagulação;
- função hepática e/ou função metabólica.
O grau de manifestação de cada uma dessas alterações em um determinado paciente é altamente variável e influenciado por múltiplos fatores, que incluem:1
- idade;
- presença ou ausência de comorbidades;
- agente causador da infecção;
- estado imune/inflamatório;
- herança genética;
- variações no tratamento.
O tratamento da sepse grave e do CSchoque séptico pediátrico, quando realizado de forma rápida e adequada, pode reduzir a morbidade e mortalidade. A utilização de metas terapêuticas como guia contribui para que esse resultado seja atingido.1
- Objetivos
Ao final do artigo, o leitor poderá:
- reconhecer a importância epidemiológica da sepse grave em crianças;
- identificar as diferenças entre pacientes adultos e pediátricos com CSchoque séptico;
- reconhecer as principais alterações que ocorrem em uma criança com sepse grave ou CSchoque séptico;
- sistematizar o tratamento da sepse grave e CSchoque séptico pediátricos;
- compreender as principais ferramentas de monitoração e metas terapêuticas;
- compreender as intervenções terapêuticas indicadas a partir da utilização de metas.
- Esquema conceitual