- Introdução
Os agonistas α2, que estimulam os receptores α2-adrenérgicos no sistema nervoso simpático, ganharam interesse por seus efeitos sedativos, analgésicos, ansiolíticos e simpaticolíticos. A dexmedetomidina, um agonista α2, demonstrou induzir sedação dose-dependente sem qualquer risco de depressão ventilatória, sendo registrada nos Estados Unidos, em 1999, inicialmente só para administração intravenosa (IVintravenosa) para sedação em pacientes adultos nas unidades de terapia intensiva (UTIunidade de terapia intensivas).1
Em 2008, uma indicação adicional foi concedida nos Estados Unidos, o que permitiu o uso de dexmedetomidina para sedação de pacientes não entubados antes e/ou durante procedimentos cirúrgicos. Na União Europeia, desde 2011, o uso de dexmedetomidina foi aprovado para a sedação de pacientes adultos de UTIunidade de terapia intensiva. Mas seu uso off label, nos demais países, é frequentemente relatado na literatura.2
A dexmedetomidina é um fármaco adjuvante de outros sedativos e analgésicos, podendo ser utilizada em muitos procedimentos cirúrgicos, tanto no pré, trans e pós-operatório quanto nas salas de recuperação pós-anestésicas ou nas UTIunidade de terapia intensivas. Os efeitos colaterais são principalmente restritos a alterações hemodinâmicas, e incluem hipertensão arterial, bradicardia e hipotensão em razão da ativação dos receptores α2 pré e pós-sinápticos.
O objetivo deste artigo é rever e sintetizar os dados publicados sobre a farmacocinética e farmacodinâmica da dexmedetomidina, bem como orientar os leitores sobre o uso do fármaco na prática anestésica atual.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- identificar e classificar os receptores adrenérgicos;
- identificar a localização dos receptores adrenérgicos;
- descrever a utilidade clínica dos agonistas dos receptores α2-adrenérgicos
- definir a farmacocinética e a farmacodinâmica e o uso clínico da dexmedetomidina;
- reconhecer o uso do fármaco na prática anestésica atual;
- administrar a dexmedetomidina de forma adequada, bem como descrever os seus efeitos colaterais secundários.
- Esquema conceitual