■ Introdução
Os adenomas hipofisários não secretores (AHNSadenomas hipofisários não secretores), também chamados de clinicamente não funcionantes, correspondem a 30% dos tumores hipofisários.1
A definição dos AHNSadenomas hipofisários não secretores é essencialmente clínica, através da presença de tumor em região hipofisária e a ausência de sinais e sintomas secundários à produção hormonal pelo tumor.2 Devido à ausência de hipersecreção hormonal, o diagnóstico dos AHNSadenomas hipofisários não secretores tende a ser tardio, relacionado ao efeito de massa tumoral, que pode causar sintomas neurológicos, hipopituitarismo ou mesmo hiperprolactinemia decorrente da compressão da haste hipofisária.1
Já os macroadenomas (MACmacroadenomas) (>1 cm) exigem maior atenção, pois, além dos sintomas causados pelo efeito de massa da lesão, podem causar hipopituitarismo. A conduta nos achados incidentais poderá ser muito diferente dos tumores que apresentem sintomas compressivos.
O tratamento é dirigido para a correção do efeito de massa tumoral e do hipopituitarismo. Para a maioria dos pacientes, a cirurgia transesfenoidal é o tratamento de escolha. A cirurgia mostra-se muito efetiva na correção do deficit visual, mas menos efetiva na restauração da função hipofisária. No entanto, a ressecção completa do tumor nem sempre é possível e existe espaço para outras opções terapêuticas, como a radioterapia e o uso de medicamentos.1
O seguimento pós-operatório deve ser de longo prazo tanto pelo risco de recidiva ou crescimento de lesão residual como para reposição adequada dos hormônios hipofisários nos casos com hipopituitarismo.
Embora classificados como tumores benignos, adenomas, o comportamento desses tumores pode ser agressivo, com invasão e destruição de estruturas adjacentes à sela. Além disso, apesar desses tumores não secretarem hormônios em quantidades clinicamente relevantes, muitos deles conseguem secretar hormônios glicoproteicos intactos (LHhormônio luteinizante, FSHhormônio folículo estimulante) e/ou as subunidades α e β desses hormônios.3
■ Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:
- ■ compreender sobre as bases moleculares dos AHNSadenomas hipofisários não secretores;
- ■ conhecer os diferentes tipos de tumor incluídos nesse grupo e sua classificação histopatológica;
- ■ compreender os possíveis diagnósticos diferenciais do AHNSadenomas hipofisários não secretores;
- ■ saber quais exames devem ser realizados na suspeita do AHNSadenomas hipofisários não secretores, tanto nos casos com sintomas como nos achados incidentais;
- ■ conhecer o papel das possibilidades de tratamento no manejo dos AHNSadenomas hipofisários não secretores e saber quando indicar os diferentes tratamentos ou apenas o seguimento;
- ■ discutir com o paciente os riscos e os benefícios de cada conduta.
■ Esquema conceitual