Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- discutir a associação entre doença renal crônica (DRC) e gestação, com ênfase nos casos em que o tratamento dialítico se torna necessário;
- identificar os principais aspectos relacionados às formas e ao tempo de tratamento dialítico preconizados para gestantes;
- reconhecer as principais reposições e suplementações necessárias para gestantes em tratamento dialítico;
- analisar os principais desfechos adversos do tratamento dialítico em gestantes, como a pré-eclâmpsia.
Esquema conceitual
Introdução
A DRC representa um problema mundial, sendo responsável por uma perda considerável da qualidade de vida e constituindo um importante causa de morte.1 O caráter insidioso da perda da função renal faz com que muitos diagnósticos ocorram em fases muito avançadas da doença, o que dificulta as intervenções relacionadas à prevenção. Tal característica enaltece a importância das campanhas de rastreamento de doença renal aplicadas pelas sociedades de nefrologia em todo o mundo.2
Existem diferentes graus de comprometimento da função renal. Diante disso, é possível imaginar que a associação entre DRC e gravidez é diversa. São encontradas, pelo menos, quatro situações diferentes:
- pacientes com comprometimento da função renal, mas que ainda não necessitam de tratamento dialítico;
- pacientes em tratamento dialítico instalado;
- pacientes que obtêm o diagnóstico de DRC na gravidez e, portanto, não receberam nenhum tipo de tratamento específico até aquele momento e se mantêm sem tratamento específico;
- pacientes com DRC que necessitam iniciar o tratamento dialítico durante a gestação ou o puerpério.
As modificações circulatórias fisiológicas relacionadas à gestação têm entre suas principais características o aumento do fluxo renal plasmático e do ritmo de filtração glomerular. Tais alterações podem implicar a sobrecarga renal, determinando os sinais e os sintomas que ainda não haviam se estabelecido em uma paciente com comprometimento renal insidioso. Isso pode levar à necessidade do início do tratamento dialítico para pacientes com pouca função renal residual ou à intensificação desse tratamento para aquelas que já necessitavam dele.3
Neste capítulo, serão discutidos diferentes aspectos da associação entre DRC e gestação, com destaque para os casos que demandam diálise, tendo em vista o manejo adequado do quadro dessas pacientes.