- Introdução
A busca pela psicoterapia geralmente surge em momentos em que as pessoas se veem em situação de sofrimento psíquico. Todavia, até a decisão pela busca de um(a) psicólogo(a) ser efetivada, são vários os pensamentos que podem surgir, como, por exemplo, “Legal, acho que pode me ajudar!” ou “Será? Ir ao psicólogo é coisa de doido.”
Para tomar a decisão de buscar a psicoterapia, normalmente a pessoa vai levar em conta suas experiências prévias com serviços de saúde e com os profissionais com os quais já se deparou. Nessa lógica, é relevante questionar sobre quais experiências são vivenciadas por minorias sexuais e de gênero nos serviços de saúde.
Pesquisas prévias revelam a insatisfação das minorias sexuais e de gênero com os serviços de saúde.1–3 Em muitos casos, nos próprios serviços — que deveriam ser promotores de saúde — existe a reprodução do preconceito social que, se vivenciado previamente, pode gerar a expectativa de uma nova revitimização, dificultando a busca por ajuda. Algumas áreas da saúde, incluindo a psicologia, tiveram participação no entendimento da diversidade sexual e de gênero como uma anormalidade, uma patologia. No entanto, nas últimas décadas, novos conhecimentos estão sendo produzidos, com o intuito de reparar esse histórico e proporcionar melhor atendimento ao público.
A psicologia, nesse âmbito, tem muito a contribuir, principalmente com sua prática clínica. No âmbito da psicologia social, o assunto costuma ser bem abordado, uma vez que foi a primeira área da psicologia a tratar do assunto. Porém, a pesquisa realizada por Gaspodini4 mostra que os psicólogos que atuam nas áreas da avaliação psicológica e na clínica, principalmente pelo viés psicanalítico, apresentaram os maiores níveis de preconceito contra a diversidade sexual e de gênero.
Quando se entende a prática clínica em um âmbito mais amplo, abrangendo tanto o tratamento quanto à promoção de saúde e prevenção de sofrimento, torna-se necessário refletir sobre a atuação profissional da psicologia no contexto da diversidade sexual e de gênero.
Para auxiliar essa prática clínica, que pode ser considerada recente, quando comparada ao histórico geral da psicologia, este artigo trata de pontos centrais que objetivam a conscientização de profissionais e sua preparação para o atendimento de minorias sexuais e de gênero.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- revisar os principais termos e conceitos relacionados à diversidade sexual e de gênero;
- obter conhecimentos psicológicos patologizantes e despatologizantes;
- identificar as práticas clínicas patologizantes e despatologizantes em psicologia;
- refletir sobre o próprio conhecimento e as crenças pessoais em relação à diversidade sexual e de gênero.
- Esquema conceitual