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DOR CRÔNICA EM CRIANÇA

Autores: Maria Antônia Mendonça Soledade, Jefferson Pedro Piva, Patricia Miranda do Lago
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  • Introdução

A dor aguda durante a infância foi ignorada até cerca de três décadas atrás, devido a preconceitos e equívocos em relação à maturidade do desenvolvimento do sistema nervoso da criança e a sua incapacidade para verbalizar e lembrar a dor. Muitas crianças foram submetidas a procedimentos médicos invasivos e até mesmo cirurgias sem o benefício de anestesia ou analgesia. Mais recentemente, em decorrência da melhor compreensão da neurobiologia do desenvolvimento e do processamento supraespinal das vias de dor na criança, essas crenças estão sendo menos frequentemente aceitas ou reconhecidas.

LEMBRAR

A dor é um dos sintomas mais comumente experimentados por crianças em condições de risco de vida e portadoras de doenças crônicas.

Crianças e, particularmente, neonatos internados continuam a ser expostos a múltiplos procedimentos dolorosos para fins de diagnóstico e de tratamento, que podem desencadear quadros de dor persistente, prolongada ou até mesmo crônica. A dor, sendo frequentemente subnotificada e subtratada, pode ter efeitos deletérios significativos nas crianças, nas suas famílias e/ou nos cuidadores.1 O receio dos profissionais de saúde em relação aos efeitos colaterais dos analgésicos, assim como o dos pais em relação aos efeitos colaterais e ao desenvolvimento de dependência da medicação analgésica, está entre as causas mais comuns dessa conduta.2

A dor crônica e a dor recorrente afetam um grande número de crianças, e vários estudos epidemiológicos sugerem que elas não recebem tratamento adequado.3 Dentre os quadros álgicos crônicos na infância, destacam-se:

 

  • dores abdominais recorrentes;
  • cefaleias recorrentes;
  • dores musculoesqueléticas;
  • dores decorrentes de processos hematológicos (anemia falciforme, hemofilia);
  • dores de origem reumática;
  • dores oncológicas;
  • epidermólise bolhosa etc.

Muitos pacientes respondem a analgésicos simples, mas há um percentual significativo que desenvolve graus diversos de cronicidade e incapacidade que tornam difícil o tratamento.

As dores de caráter neuropático também são pouco reconhecidas na faixa etária pediátrica. A síndrome complexa regional e a neuropatia diabética podem também afetar a criança e o adolescente.

LEMBRAR

Traumas, queimaduras, cirurgias com amputações, retirada de tumores, desordens metabólicas e doenças neurodegenerativas, neuropatias tóxicas e infecciosas podem levar à lesão do sistema nervoso ou a desordens funcionais e são causas de dor neuropática na criança.4

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • identificar os processos fisiopatológicos envolvidos na gênese da dor crônica;
  • definir e classificar os processos dolorosos de acordo com sua fisiopatogenia, duração, etiologia e localização anatômica;
  • reconhecer as patologias que mais frequentemente causam dor crônica em crianças, especialmente em ambiente de unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP);
  • avaliar e mensurar a dor em pacientes pediátricos de forma integrada, levando em consideração fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais;
  • indicar o tratamento da dor de maneira individualizada, de acordo com o tipo e a intensidade, usando a escada analgésica da Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde).
  • Esquema conceitual
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