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DOR ONCOLÓGICA

Autores: Bianca Figueiredo Barros, Diogo Kallas Barcellos, Polianna Mara Rodrigues de Souza
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  • Introdução

O câncer é hoje um grave problema de saúde pública, sendo considerado a “epidemia” do século XXI. Espera-se por aumento importante em sua prevalência nos próximos anos, acompanhando não somente a ascensão do envelhecimento populacional em todo o mundo, mas também o aumento da sobrevida dos pacientes oncológicos com o advento de novos tratamentos. É uma doença de elevada incidência e prevalência, afetando indivíduos de qualquer idade.1

Segundo estimativas do World Cancer Report, da Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde), ocorrem, por ano, cerca de 14 milhões de novos casos e aproximadamente 8 milhões de mortes no mundo por causa do câncer.2

O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estimou que, no Brasil, para o biênio 2018–2019, ocorressem cerca de 600 mil novos casos de câncer. Cerca de 60% dos casos de câncer no mundo são diagnosticados em indivíduos com 60 anos ou mais, e cerca de 70% das mortes relacionadas a essa enfermidade ocorrem nessa faixa etária.3

A dor constitui o sintoma mais comumente relacionado ao câncer, além de ser a razão que mais aflige pacientes e familiares. Uma vez que se espera um número cada vez maior de idosos com câncer, a dor oncológica na população geriátrica será, cada vez mais, uma realidade que deverá ser manejada pelas equipes de saúde.

Os efeitos da dor crônica na saúde do idoso são:

 

  • perda funcional;
  • alterações de mobilidade;
  • declínio cognitivo;
  • transtorno de ansiedade;
  • transtorno depressivo;
  • alterações no sono;
  • isolamento social;
  • polifarmácia;
  • mau uso dos serviços de saúde;
  • prejuízo na autoavaliação de saúde;
  • mortalidade aumentada.

A avaliação insuficiente e o subtratamento da dor em idosos podem estar relacionados a uma série de fatores, como a crença por parte dos pacientes, dos familiares e dos profissionais de saúde de que a dor é natural no processo de envelhecimento e de que os idosos devem, portanto, tolerar mais a sua presença.

A convicção, por parte dos pacientes, de que não devem desviar a atenção do médico para nada além do tratamento oncológico, e a inabilidade, por parte dos profissionais de saúde, de oferecer o tratamento medicamentoso adequado, principalmente quando envolve o uso de opioides, constituem empecilhos para o manejo adequado da dor.

De fato, a presença de comorbidades e da polifarmácia, associada às modificações fisiológicas próprias do processo de envelhecimento, faz do tratamento da dor no idoso com câncer um grande desafio, sendo, por isso, imperioso avaliar as possibilidades de interações fármaco–doença e fármaco–fármaco a cada nova prescrição, com a preocupação de reduzir o risco de interações inadequadas e de iatrogenias, uma vez que, pelo exposto anteriormente, os idosos são especialmente suscetíveis a efeitos adversos graves.

Mesmo assim, em cerca de 80% dos casos de dor no idoso com câncer, é possível obter analgesia satisfatória com medidas relativamente simples, utilizando-se medicações por via oral.4

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • avaliar e caracterizar a dor em idosos portadores de neoplasias malignas;
  • analisar as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas do envelhecimento e suas aplicações no manejo da dor;
  • identificar as possíveis etiologias da dor;
  • reconhecer as possibilidades de manejo farmacológico e não farmacológico da dor e suas implicações;
  • instituir o tratamento analgésico adequado à dor no idoso com câncer.
  • Esquema conceitual
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