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ELABORAÇÃO DA ANÁLISE FUNCIONAL NA TERAPIA COMPORTAMENTAL

Nazaré Costa

Jan Luiz Leonardi

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Introdução

A análise funcional é o instrumento básico de avaliação clínica na terapia comportamental. Ela é utilizada tanto na formulação do caso quanto na escolha das intervenções apropriadas para promover mudanças.1–6

A análise funcional surgiu na literatura, em psicologia, na obra de B. F. Skinner, o fundador do behaviorismo radical e iniciador da análise do comportamento. Skinner7 adotou esse conceito com o mesmo sentido concebido pelo físico e filósofo da ciência Ernst Mach, como a identificação de relações ordenadas entre eventos da natureza.

Conforme explica Laurenti,8 a noção de relação funcional, na obra de Mach, visa substituir explicações mecanicistas de causa e efeito por uma descrição dos fenômenos da natureza em termos das funções que eles desempenham uns sobre os outros. Assim, um ou mais eventos influenciam a probabilidade de ocorrência de outros.

Aplicada à análise do comportamento como um todo e à terapia comportamental em específico, a noção de relação funcional diz respeito às relações ordenadas, uniformes e fidedignas entre variáveis ambientais externas que determinam o comportamento, permitindo, assim, sua explicação, sua predição e seu controle. Nas palavras de Skinner,7

as variáveis externas das quais o comportamento é uma função fornecem o que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Nos encarregamos de prever e controlar o comportamento do organismo individual. Essa é a nossa"variável dependente" — o efeito pelo qual precisamos encontrar a causa. Nossas"variáveis independentes" — as causas do comportamento — são as condições externas das quais o comportamento é uma função. As relações entre os dois — as"relações de causa e efeito" no comportamento — são as leis de uma ciência. (grifo nosso).

É importante observar que o comportamento humano é complexo e multideterminado, de modo que a identificação de causas absolutas e invariáveis em uma análise funcional é improvável. Conforme apontado por Vandenberghe,9 a quantidade de relações envolvidas em um comportamento é, potencialmente, indeterminada, de forma que não se podem conhecer todas as variáveis que o determinam.

É fundamental destacar que o enfoque da análise funcional recai sobre as variáveis que são externas ao indivíduo, pois, para Skinner,7

a prática de buscar dentro do organismo uma explicação para o comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão disponíveis de forma imediata para uma análise científica. Estas variáveis se encontram fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental.

O presente capítulo tem por objetivos ensinar o leitor a elaborar análises funcionais (ou de contingências, como será explicado a seguir) e reconhecer problemas teóricos nessas análises. Além de apresentar um resumo das principais características do uso e do ensino desse tipo de análise nas últimas décadas no Brasil, o capítulo explica o passo a passo de sua construção. Por fim, ilustra seu uso na prática com base em um exemplo clínico retirado da série de televisão Sessão de terapia.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • elaborar análises de contingências no contexto da terapia comportamental;
  • reconhecer erros e problemas teóricos em análise de contingências;
  • aprimorar seu repertório de psicólogo clínico utilizando de forma efetiva a ferramenta específica do analista do comportamento com a inclusão de análise de contingências.

Esquema conceitual

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