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PSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA

Pricila Cristina Correa Ribeiro

Kelly Cristina Atalaia da Silva

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Introdução

No processo de envelhecimento, são observadas alterações psicológicas, biológicas e sociais. Essas alterações podem ser normativas — quando são esperadas, em virtude do envelhecimento natural do organismo — ou patológicas — quando alcançam níveis de comprometimento significativo, causando impacto nas atividades de vida diárias (AVDatividade de vida diárias) do idoso.

Entre os acometimentos patológicos da saúde mental mais prevalentes na população mais velha estão a depressão e a síndrome demencial. Essas duas categorias nosológicas requerem um processo diagnóstico minucioso, pois podem ser facilmente confundidas com processos usuais do envelhecimento ou com outras categorias diagnósticas. Assim, cada vez mais, a psicologia é convocada a trabalhar com a população idosa, seja em sua frente de prevenção de agravos e promoção da saúde, seja em sua frente de diagnóstico e intervenção clínica nos quadros neuropatológicos.

Apesar de a importância do diagnóstico precoce das alterações cognitivas e de humor na população idosa ser consensual entre os especialistas, observa-se uma implementação deficitária da investigação diagnóstica e das intervenções para esses quadros clínicos nas práticas de saúde. Há uma escassez de profissionais de saúde habilitados para realizar tais diagnósticos, sobretudo no campo da psicologia.

As teorias e os avanços científicos na área da psicologia do envelhecimento têm um amplo reconhecimento.1 Esses fatores podem auxiliar na instrumentalização para a assistência à população mais velha. Além disso, publicações sobre práticas clínicas baseadas em evidências e diretrizes para a prática psicológica com idosos fornecem orientações para psicólogos que pretendem se dedicar às intervenções gerontológicas.2

Além do conhecimento sobre a adaptação de técnicas diagnósticas e interventivas, recomenda-se a compreensão do desenvolvimento humano em toda a sua extensão pelos profissionais que atuarão junto à população idosa. Nessa direção, a psicogerontologia, entendida como uma área de estudo e aplicação da psicologia no âmbito da gerontologia, é respaldada por pressupostos da psicologia do envelhecimento, da velhice e do idoso:3

 

  • psicologia do envelhecimento — estuda os processos de crescimento e declínio ao longo de toda a vida;
  • psicologia da velhice — focaliza as diferenças interindividuais atribuíveis à idade;
  • psicologia do idoso — interessa-se pela especificidade das pessoas mais velhas, a fim de promover seu bem-estar e sua saúde, seja a partir da assistência a suas necessidades, seja pelo desenvolvimento de suas potencialidades.

A articulação da psicologia do envelhecimento com outras subdisciplinas da psicologia gerou modelos e teorias explicativas que contribuem para a diferenciação das intervenções psicológicas voltadas para o público idoso, como nas práticas que visam a adaptação, autonomia, independência, regulação emocional e qualidade de vida na velhice. Neste capítulo, as práticas clínicas da psicologia direcionadas a idosos serão baseadas nos pressupostos das seguintes abordagens:4

 

  • terapia cognitivo-comportamental (TCCterapia cognitivo-comportamental);
  • neuropsicologia;
  • perspectiva do desenvolvimento ao longo da vida.

LEMBRAR

A perspectiva de desenvolvimento ao longo da vida evidencia a dinâmica de alocação de recursos que permite ao indivíduo lidar com os ganhos e as perdas (declínios) no curso de vida. Além disso, mostra como são possíveis a manutenção da capacidade adaptativa e, consequentemente, o desenvolvimento até a idade avançada.

Além de intervenções baseadas no envelhecimento normativo, neste capítulo serão apresentadas possibilidades de intervenções psicológicas para o processo de envelhecimento patológico.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever as especificidades do processo de envelhecimento humano;
  • diferenciar as alterações normativas das patológicas no processo de envelhecimento;
  • discutir as possibilidades de atendimento clínico psicológico para idosos;
  • conduzir a avaliação psicológica de idosos;
  • contribuir para o diagnóstico da depressão e da síndrome demencial em idosos;
  • propor intervenções clínicas para o público idoso.

Esquema conceitual

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