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ENDÓTIPOS DA RINOSSINUSITE CRÔNICA

Autores: Rogério Pezato, Júlia Gaspar de Oliveira Santos, Fabio de Rezende Pinna, Thiago Freire Pinto Bezerra
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  • Introdução

A rinossinusite crônica (RSCrinossinusite crônica) é amplamente dividida em RSCrinossinusite crônica com polipose nasal (RSCcPNrinossinusite crônica com polipose nasal) sem polipose nasal (RSCsPNrinossinusite crônica sem polipose nasal) do ponto de vista de seu fenótipo, por meio da identificação endoscópica da presença ou não de pólipos nasais no meato médio.1 Na RSCrinossinusite crônica, especialmente na RSCcPNrinossinusite crônica com polipose nasal, dois pilares são responsáveis pelo seu desenvolvimento — um processo inflamatório crônico e um processo de remodelação tecidual alterado.2

Para atuar no processo de remodelação tecidual, é importante refletir sobre a disfunção mecânica causada pela composição alterada da matriz extracelular no estroma tecidual.3 Para impactar o processo inflamatório crônico, é fundamental conhecer o ambiente inflamatório desse tecido e os fatores que perpetuam cronicamente a inflamação.

Algumas teorias, como deficiências imunológicas, alergias, superantígenos, fungos, alteração da barreira epitelial e desequilíbrio na produção dos eicosanoides, são relacionadas como fatores de estímulo crônico ao processo inflamatório.

Como se observou que havia diferentes respostas a semelhantes tratamentos, procurou-se agrupar pacientes com RSCrinossinusite crônica com sinais e sintomas semelhantes (fenótipos semelhantes) para otimizar a resposta aos tratamentos. Com isso, alguns fenótipos se destacaram na RSCrinossinusite crônica:4

 

  • com e sem PNpolipose nasal;
  • pacientes com e sem intolerância ao ácido acetilsalicílico (AASácido acetilsalicílico), pois apresentam os processos inflamatórios mais severos da mucosa da via aérea;
  • responsividade ao tratamento de acordo com o uso de corticoides, recidivantes ou não.

Embora a classificação desses fenótipos baseada na observação clínica tenha sido importante, apresentava limitações evidenciadas pela heterogeneidade da resposta clínica, ou seja, não permitia entendimento ou tratamento preciso conforme o processo inflamatório, pois não fornecia informações completas sobre os mecanismos fisiopatológicos celulares e moleculares subjacentes.

A RSCrinossinusite crônica é uma síndrome clínica complexa que inclui diversas causas desencadeantes ou agravantes, com diferentes mecanismos celulares e moleculares. O conhecimento limitado dos mecanismos dos diferentes subgrupos da doença é um importante obstáculo para compreensão das causas da RSCrinossinusite crônica e para melhoria do tratamento.

O reconhecimento da heterogeneidade da RSCrinossinusite crônica promoveu o conceito de que ela consiste em múltiplos grupos de subtipos biológicos ou endótipos, que são definidos por mecanismos fisiopatológicos distintos, os quais podem ser identificados por biomarcadores correspondentes.

Os diversos endótipos da RSCrinossinusite crônica podem ser associados a diferenças na responsividade aos tratamentos (incluindo uso de corticoides tópicos intranasais e agentes biológicos), que podem ser baseados em diferentes biomarcadores que estão ligados a mecanismos subjacentes.

Uma vez que endótipos diferentes na RSCrinossinusite crônica podem resultar em respostas terapêuticas distintas, sua elucidação pode estimular o desenvolvimento de critérios mais precisos para definir a doença e seus tratamentos. Dentro da população total de RSCrinossinusite crônica há bons respondedores, fracos respondedores e não respondedores a qualquer agente terapêutico.

O conhecimento limitado sobre a fisiopatologia da RSCrinossinusite crônica e seus endótipos, com a inclusão de múltiplos subtipos, pode ter contribuído para a falha na identificação de aspectos genéticos e ambientais consistentes e fundamentais para o tratamento efetivo da RSCrinossinusite crônica.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:

 

  • caracterizar os principais endótipos encontrados na RSCrinossinusite crônica;
  • identificar os mecanismos biológicos que norteiam os endótipos na RSCrinossinusite crônica;
  • reconhecer as possíveis perspectivas de tratamento da RSCrinossinusite crônica.
  • Esquema conceitual
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