- Introdução
As técnicas e os instrumentos em fonocirurgia têm sido aprimorados ao longo do tempo com o objetivo de remover as lesões das pregas vocais com a máxima preservação de tecidos adjacentes.1 Tal esforço justifica-se, uma vez que a cicatriz em prega vocal resulta, via de regra, em disfonia, cujo tratamento ainda é um grande desafio.
O bisturi frio é amplamente utilizado em cirurgias laríngeas, em razão da facilidade de manipulação, precisão, custo baixo e reduzido dano ao tecido adjacente. No entanto, carece de efeito hemostático, importante em lesões mais extensas ou vascularizadas. Por outro lado, seu uso conjugado ao eletrocautério leva ao prejuízo no processo cicatricial, uma vez que análises histológicas revelam grau elevado de inflamação e necrose relacionadas à eletrocoagulação.2
Para otimizar a ressecção de lesões e, ao mesmo tempo, minimizar danos aos tecidos tratados, o laser (light amplification by stimulated emission of radiation) foi desenvolvido como instrumento que possibilita corte e coagulação com dano térmico lateral reduzido, quando comparado à técnica em que se aplica o eletrocautério.
O primeiro laser a ser utilizado em laringe humana foi o de dióxido de carbono (CO2dióxido de carbono), em 1972. A partir de seus resultados e suas lacunas, outros comprimentos de onda foram estudados e aplicados, buscando melhor relação entre efetividade e dano térmico lateral. Entre os lasers disponíveis, os mais frequentemente estudados para o tratamento de lesões laríngeas são:
- CO2dióxido de carbono;
- laser de diodo;
- potassium titanyl phosphate (KTPpotassium titanyl phosphate);
- neodymium-doped yttrium aluminum garnet (Nd:YAGneodymium-doped yttrium aluminum garnet);
Na cirurgia com utilização dessa tecnologia, feixes de laser são usados principalmente como instrumento de corte, ou seja, ferramentas para realizar incisões e ressecções. No entanto, o laser pode causar outros efeitos no tecido. Entre eles citam-se:
- vaporização;
- selamento de vasos;
- necrose térmica.
De modo geral, as ressecções a laser podem acarretar atraso na cicatrização, uma vez que as células do tecido levam mais tempo para reabsorver os remanescentes de tecido carbonizado.3 Quanto maior a energia absorvida, maior o dano.
Para otimizar a escolha do laser, deve-se conhecer bem as características do tecido-alvo e do laser, a fim de realizar a cirurgia com eficácia, porém da forma menos lesiva possível.4
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
- compreender os princípios físicos básicos do laser;
- identificar os principais lasers utilizados em laringologia, suas vantagens e desvantagens;
- identificar as principais indicações de uso do laser para lesões laríngeas, o tipo mais indicado e seus instrumentais acessórios;
- reconhecer os cuidados necessários relacionados à manipulação do laser.
- Esquema conceitual