Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- correlacionar o envelhecimento muscular com a sarcopenia;
- reconhecer o conceito, a epidemiologia e a fisiopatologia da sarcopenia;
- elencar os critérios para o diagnóstico da sarcopenia;
- listar ferramentas para avaliar a massa muscular, a força muscular e o desempenho físico;
- discutir o tratamento fisioterapêutico da sarcopenia.
Esquema conceitual
Introdução
Com o acelerado processo de envelhecimento da população mundial, é cada vez mais importante compreender os fatores de risco para perda de mobilidade e independência ao longo da trajetória de vida. A redução na função física e muscular durante o envelhecimento é um dos principais contribuintes para a limitação física e a dependência funcional.1,2
O tecido muscular, que representa mais de 40% da massa corporal total, é um reservatório de proteína no corpo. Além disso, desempenha papel importante na geração de energia, termogênese e homeostase da glicose.3–5
O envelhecimento cronológico associado a fatores genéticos, hábitos de vida prejudiciais (como tabagismo, sedentarismo), assim como estresse oxidativo, alterações na microbiota intestinal, disfunção mitocondrial, processos inflamatórios, entre outros aspectos, podem convergir para a perda do equilíbrio entre produção (anabolismo) e degradação (catabolismo) do tecido muscular, o que leva o idoso a apresentar sarcopenia.3–5
Em 2019, o novo consenso do Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (EWGSOP2, do inglês, European Working Group on Sarcopenia in Older People) reconheceu a sarcopenia como doença muscular (CID-10, M.62.84) progressiva e generalizada, desenvolvida ao longo da vida, que provoca perda acelerada de massa e força muscular, assim como piora do desempenho funcional.5 Essa condição clínica está associada a maior mortalidade, incapacidade e envelhecimento não saudável.3
O exercício físico resistido é uma das estratégias para combater o declínio muscular observado no processo de envelhecimento, pois promove efeitos protetores e tróficos para o tecido muscular. A prática de exercícios resistidos, quando associada a um consumo calórico adequado, melhora a saúde muscular relacionada à massa muscular, à junção neuromuscular (melhorando força e potência muscular) e a adaptações celulares subjacentes, prevenindo ou revertendo o quadro de sarcopenia.6
A identificação da sarcopenia na prática clínica permite que o fisioterapeuta elabore objetivos e condutas com foco no tratamento e/ou na prevenção da sarcopenia por meio de intervenções precoces e assertivas.5