- Introdução
O termo espondilolistese deriva do grego “spondylos”, que significa vértebra, e “olisthesis”, que significa escorregamento. É definido, assim, como o escorregamento de uma vértebra sobre a outra. A espondilolistese foi descrita pela primeira vez por Herbiniaux,1 um obstetra belga que, em 1772, relatou o caso de uma paciente com um deslocamento completo do corpo de L5 sobre o sacro, causando estreitamento do canal vaginal e dificuldade no trabalho de parto. Kilian foi o primeiro a chamar esta condição de espondilolistese, em 1854.2
Uma das formas mais comuns de espondilolistese é a conhecida como ístmica, que se caracteriza por apresentar um defeito ósseo na altura da pars interarticularis, também denominada istmo, região anatômica que conecta o processo articular superior e inferior da mesma vértebra, permitindo o deslocamento do corpo vertebral e a manutenção do processo espinhoso e faceta inferior em suas posições habituais. Esse defeito ósseo é conhecido como espondilólise.3 Embora existam outros tipos de espondilolistese, que serão descritos no artigo, a ístmica é a de maior frequência, sendo bem mais ampla a sua discussão.
A espondilolistese é uma das patologias vertebrais que apresenta maior dificuldade de compreensão pela comunidade de especialistas da coluna. Apresenta etiologia multifatorial e considerações anatômicas variadas, que tornam o seu entendimento desafiador. A espondilolistese apresenta variadas apresentações. Ao longo do artigo descreveremos melhor os tipos, de acordo com a classificação de Wiltse e colaboradores.4 Esses autores classificaram a patologia segundo a etiologia, podendo ser displásica, ístmica, degenerativa, traumática e patológica.
A sintomatologia é variada, e embora apresente história natural favorável ao longo do tempo, alguns pacientes apresentam dor axial, radiculopatia e até deformidades que podem merecer tratamento cirúrgico. Atualmente, atenção também é dada ao potencial desequilíbrio sagital que a espondilolistese pode causar.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- diferenciar os variados padrões de espondilolistese;
- saber diferenciar as causas para cada tipo;
- classificar adequadamente os casos de espondilolistese ístmica;
- conhecer os fatores associados ao risco de progressão;
- entender os princípios do tratamento.
- Esquema conceitual