- Introdução
Os avanços nos cuidados obstétricos e neonatais aumentaram as taxas de sobrevivência de recém-nascidos (RNrecém-nascidos) muito prematuros — menos de 32 semanas de idade gestacional (IGidade gestacional) — e extremamente prematuros — menos de 28 semanas de IGidade gestacional.1 De modo simultâneo, outros avanços nos procedimentos de tecnologia reprodutiva resultaram em maior número de nascimentos prematuros e múltiplos.2
Apesar das intervenções inovadoras, os prematuros estão propensos a problemas do desenvolvimento que podem persistir ao longo de sua vida, incluindo estado de saúde globalmente precário; falha de crescimento; atraso no neurodesenvolvimento; paralisia cerebral; retardo mental; déficits visuais e auditivos; comprometimentos cognitivos, com déficits de atenção, de memória, de fala, de linguagem; problemas comportamentais e de orientação espacial; distúrbios de autorregulação.2–7
Como os problemas referidos são frequentemente observados em crianças oriundas de unidades de terapia intensiva neonatal (UTINunidade de terapia intensiva neonatals), é possível que a sua origem possa ser atribuída aos fatores ambientais.3
Na UTINunidade de terapia intensiva neonatal, o prematuro, em geral fecha os olhos em resposta às luzes brilhantes, mas não consegue fechar os ouvidos em resposta aos sons altos.3
A transição repentina do útero para o mundo excessivamente barulhento da UTINunidade de terapia intensiva neonatal aumenta a vulnerabilidade dos RNrecém-nascidos de alto risco; os prematuros, em especial, são sensíveis ao ruído em função do seu sistema auditivo estar em um período crítico do desenvolvimento, sem a proteção oferecida pelo líquido amniótico e pelos tecidos maternos.3
Há uma crescente preocupação de que o excesso de ruído tipicamente experimentado pelo bebê na UTINunidade de terapia intensiva neonatal perturba seu crescimento e desenvolvimento, colocando-o em risco para as deficiências auditiva, linguística e cognitiva.3,4
O presente artigo discute o desenvolvimento do sistema auditivo, os efeitos adversos do ruído alto na UTINunidade de terapia intensiva neonatal sobre os sistemas cardiovascular, respiratório, auditivo e nervoso, e sugere maneiras para melhorar o ambiente e, assim, aumentar o potencial para os RNrecém-nascidos, sobretudo os prematuros, tornarem-se crianças saudáveis. O texto discute ainda a importância da experiência auditiva positiva, considerada essencial para a maturação do encéfalo, podendo também contribuir para o neurodesenvolvimento saudável.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- identificar os ruídos ambientais que oferecem risco para o desenvolvimento do sistema auditivo;
- reconhecer os efeitos adversos do ruído ambiental da UTINunidade de terapia intensiva neonatal para prematuros;
- propor estratégias de proteção ao sistema auditivo em desenvolvimento dos RNrecém-nascidos e lactentes internados na UTINunidade de terapia intensiva neonatal, sobretudo os prematuros;
- oferecer, na UTINunidade de terapia intensiva neonatal, estímulos auditivos positivos para o desenvolvimento saudável dos RNrecém-nascidos e lactentes internados, principalmente os prematuros.
- Esquema conceitual