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ESTIMULAÇÃO MULTISSENSORIAL PARA BEBÊS PREMATUROS NA UTI NEONATAL

Cristiane Sousa Nascimento Baez Garcia

Danielle Fortuna de Almeida

Fernanda Ramos Ferreira Vilela

Cirlene de Lima Marinho

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os estímulos sensoriais atípicos presentes na UTIN que oferecem risco para o desenvolvimento dos bebês prematuros;
  • propor estratégias de proteção sensorial para bebês prematuros internados na UTIN;
  • selecionar os bebês prematuros internados na UTIN para a EMS positiva para o seu desenvolvimento;
  • fornecer aos bebês prematuros internados na UTIN EMS positiva para o seu desenvolvimento.

Esquema conceitual

Introdução

As estimativas de 2014 demonstram um nascimento anual de aproximadamente 15 milhões de recém-nascidos pré-termo (RNPTs) no mundo. O nascimento prematuro, definido pela Organização Mundial da Saúde como todos os nascimentos antes de 37 semanas completas de gestação, ou menos de 259 dias a partir da primeira data do último período menstrual de uma mulher, contribui de maneira significativa para a morbidade e a mortalidade neonatal e infantil mundial.1,2

Em 2016, as complicações decorrentes da prematuridade foram responsáveis por cerca de 16% da mortalidade infantil e por 35% das mortes de recém-nascidos (RNs). Diante desse quadro, a prematuridade passou a ser considerada a principal causa de morte em crianças menores de 5 anos em todo o mundo.1,2

Segundo os dados divulgados, em 2014, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), relativos à pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento”, realizada em 191 municípios,3 a taxa de prematuridade brasileira é superior a 11%.4

A prematuridade está associada a déficits sensoriais (cegueira e surdez), deficiência intelectual, dificuldades de aprendizado, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA), comprometimento do neurodesenvolvimento e paralisia cerebral (PC), que restringem a participação social e reduzem a qualidade de vida dessas crianças.5–7

Os bebês prematuros exibem uma maturação cerebral atípica, resultante das interações entre imaturidade cerebral e a experiência sensorial extrauterina prematura, no ambiente da unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), caracterizado por uma ampla exposição a estímulos sensoriais atípicos. Os estudos de imagem com prematuros têm mostrado distúrbios na maturação das estruturas da massa cinzenta, com déficits no crescimento volumétrico, na microestrutura e na conectividade funcional.8

O conceito predominante tem sido que a lesão da substância branca cerebral, vulnerável e em desenvolvimento, leva secundariamente à dismaturação neuronal. Estudos recentes, entretanto, sugerem que a ocorrência de dismaturação neuronal primária não está relacionada à lesão da substância branca. Isso explicaria o fato de bebês muito prematuros apresentarem déficits cognitivos, de linguagem, comportamentais e de socialização ao longo da infância, na ausência de lesão da substância branca.8

Além da importância do reconhecimento e do manejo da hipoxemia, os estudos também apontam outros fatores relacionados e passíveis de modificação, de forma a se garantir a maturação neuronal durante o período neonatal e subsequente, como:9

 

  • nutrição;
  • dor e estresse;
  • experiência auditiva e visual;
  • parentalidade;
  • educação;
  • fatores socioeconômicos.

Segundo uma metanálise de ensaios clínicos entre 2008 e 2018, a intervenção precoce com foco na família contribui para o desenvolvimento cognitivo e motor de prematuros. Os estudos incluídos focaram em programas familiares que abrangiam apoio psicossocial e/ou educacional para os pais, o qual poderia conter informações sobre o desenvolvimento infantil, demonstrações do comportamento infantil com discussão ou envolvimento dos pais nas atividades de interação pais–bebê, conforme feedback do profissional, antes e/ou depois da alta hospitalar.10

A revisão integrativa de Pineda e colaboradores11 mostrou que há evidências que dão suporte ao uso do Método Canguru, da estimulação auditiva e de intervenções multimodais a partir de 25 a 28 semanas de idade pós-menstrual (PMA). Essas intervenções foram relacionadas a um melhor desenvolvimento infantil e menor estresse materno. As informações desta revisão podem ser combinadas com a opinião dos especialistas e aos valores dos pais/familiares para determinar as melhores práticas.

O presente capítulo tem como tema central a estimulação multissensorial (EMS) ofertada para bebês prematuros na UTIN.

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