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EXTUBAÇÃO NÃO PLANEJADA: PROGRAMA DE PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA EM TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA

Valéria Cabral Neves

Camila Gemin Ribas Locatelli

Adriana Koliski

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os fatores de risco frequentes para extubação não planejada (ENP) em unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) de forma sistemática;
  • avaliar as taxas de incidência de ENP em UTIP;
  • reconhecer o indicador de ENP como uma boa prática em UTIP;
  • reconhecer a importância da avaliação sistemática dos fatores de risco para a ENP em crianças a fim de minimizar o seu risco e reduzir a sua frequência em UTIP;
  • esboçar um programa de prevenção permanente da ENP em pediatria, liderado pela equipe de fisioterapia em UTIs neonatais e pediátricas, por meio de um conjunto de medidas sistemáticas.

Esquema conceitual

Introdução

A ENP ocorre quando há retirada precoce ou deslocamento do tubo endotraqueal por remoção em momento não planejado. Essa situação resulta em um grave evento adverso relacionado ao processo de ventilação mecânica (VM) em pediatria e neonatologia.1,2 Esse evento adverso pode ocorrer pela ação do próprio paciente (autoextubação ou extubação espontânea deliberada) ou, mais frequentemente, por agitação do paciente.1–7 Além dessas causas, a ENP ocorre durante o cuidado da equipe assistencial.3–5 Alguns autores ainda se referem ao evento como “extubação acidental” quando há retirada precoce do tubo traqueal durante o cuidado prestado ao paciente.1–7

Frequentemente, a ENP representa perda de controle sobre a assistência em terapia intensiva e está associada a uma medida da qualidade do atendimento.2–4 As principais causas de ocorrência de eventos adversos em ambientes complexos, como unidades de terapia intensiva (UTIs), são a baixa adesão a protocolos e a falta de estratégias adaptativas.2–5

As pesquisas, na atualidade, mostram que soluções estratégicas e de abordagem sistemática de baixo custo podem promover redução de erros de processo e da ocorrência de eventos adversos da assistência em saúde. Essas soluções se dão por meio de técnicas de comunicação assertiva, protocolos de processos assistenciais e listas de verificação (checklists), além de escores de risco assistencial e indicadores de qualidade assistencial.5,6

A associação da ocorrência de ENP com a morbidade e a mortalidade em crianças criticamente doentes em terapia intensiva pediátrica é significativa, independentemente da idade do paciente e da gravidade da doença.6

Na população neonatal e pediátrica, a ENP é atribuída a diversos fatores de risco, entre eles:7

 

  • fixação e posicionamento do tubo endotraqueal inadequados;
  • aplicação de sedação e analgesia inadequada;
  • agitação psicomotora excessiva do paciente;
  • realização de procedimentos pela equipe multiprofissional.

Ações de segurança e prevenção de ENP durante a VM envolvem o momento da entubação traqueal, a monitoração da VM, assim como a evolução do desmame da VM e a extubação eletiva.2,3,7

Atualmente, muitas UTIs têm utilizado a incidência da ENP como um indicador de qualidade da sua assistência. O reconhecimento do alto risco da população pediátrica e a implementação de métodos de prevenção da ENP podem ser ferramentas necessárias para reduzir a morbidade e a mortalidade em UTIP.8,9 A partir do conhecimento das taxas de incidência de ENP da unidade, um programa de prevenção deve ser instituído. Trata-se de uma solução de aplicabilidade prática e de caráter educativo com a intenção de melhorar a qualidade da assistência no cuidado da via aérea, capaz de predizer o risco de ocorrência da ENP e reduzir a sua frequência na UTIP.9–11

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