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ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA: HISTÓRICO, MECANISMOS DE AÇÃO E APLICAÇÕES EM PSIQUIATRIA

André Russowsky Brunoni

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  • Introdução

O interesse em técnicas de estimulação cerebral não invasivas aumentou nos últimos anos. Dentre essas técnicas, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua) tem sido objeto de grande interesse entre os pesquisadores, devido à facilidade de utilização, baixo custo, perfil benigno de efeitos colaterais e resultados animadores de pesquisas no campo.

  • Objetivos

Ao final do artigo, o leitor poderá:

 

  • familiarizar-se com a técnica de ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua;
  • entender os principais mecanismos de ação da ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua;
  • tomar conhecimento quanto ao uso da ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua nos transtornos mentais.
  • Esquema conceitual

O interesse na estimulação cerebral existe desde o Império Romano, quando o médico Scribonius Largus descreveu a aplicação de choques elétricos com a utilização de um “peixe-torpedo” para aliviar a dor de cabeça.1 Mais recentemente, ocorreu o primeiro relato de estimulação cortical em 1802, quando Giovanni Aldini, na Itália, descreveu a estimulação elétrica do córtex humano exposto.

Aldini também utilizou a pilha voltaica para tratar a melancolia. Na verdade, o desenvolvimento da pilha voltaica, no final do século XVIII, incentivou a aplicação de eletroterapia para fins médicos. Durante o século XIX e a primeira metade do século XX, pesquisadores começaram a usar baterias galvânicas para realizar estimulação cerebral elétrica no tratamento de diferentes transtornos mentais, com resultados, contudo, heterogêneos. Essas intervenções eram notadamente empíricas e com baixa metodologia científica.

Nas décadas de 1950 e 1960, uma pesquisa em animais avaliou os efeitos da corrente contínua (DC, do inglês direct current) sobre a mudança da excitabilidade cortical, enquanto ensaios clínicos realizaram a estimulação DC para o tratamento de sintomas depressivos ou maníacos.2

O interesse na técnica de “polarização cerebral” (como a estimulação transcraniana por DC foi descrita na época) diminuiu durante a segunda metade do século passado, com o estigma social relacionado à eletroconvulsoterapia e à “idade de ouro” da psicofarmacologia.

Somente a partir de 2000 a ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua volta a ser estudada de maneira mais sistemática, com a avaliação de seus efeitos em modelos animais, indivíduos saudáveis e portadores de transtornos neurológicos e mentais.1 Nesse ano, dois pesquisadores alemães demonstraram, pela primeira vez, os efeitos polaridade-dependentes da ETCCestimulação transcraniana por corrente contínua na excitabilidade cortical motora.3

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