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Fundamentos da Ultrassonografia Contrastada por Microbolhas

Autor: Rogerio Augusto Pinto-Silva
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Objetivos

Após a leitura deste capítulo, o leitor deverá ser capaz de

  • descrever a estrutura das microbolhas presentes na imagem nas ultrassonografias contrastadas por microbolhas (CEUS);
  • entender a formação da imagem nas CEUS;
  • preparar o contraste para a realização de CEUS;
  • identificar qual é o melhor acesso venoso e saber como fazer a injeção do contraste de CEUS;
  • descrever os recursos disponíveis no aparelho para o exame contrastado durante e após a aquisição das imagens;
  • compreender como se obtém a imagem de vários quadros sobrepostos (multiframe imaging) em CEUS;
  • reconhecer a curva de intensidade pelo tempo (time-intensity curve [TIC]) em CEUS;
  • descrever os artefatos da CEUS.

Esquema conceitual

Introdução

A ultrassonografia (USG) constitui método seguro, de baixo custo, prático e eficiente para a avaliação de diversas estruturas superficiais e profundas, com a vantagem de não utilizar radiação ionizante, sendo confortável para o paciente e para o médico. O primeiro uso de contraste em um exame ultrassonográfico data de 1968, tendo sido relatado por Gramiak e Shah1 o aparecimento de ecos fortes no coração após injeção de cloreto de sódio (NaCl), ecos esses produzidos por bolhas de ar misturadas ao NaCl injetado em veia periférica. Entretanto, esse efeito era transitório.

Na década de 1990, foram introduzidos os contrastes de 1ª geração, também chamados de ecorrealçadores, cujo uso era restrito a melhorar o sinal do Doppler, algo que se mostrou desnecessário pela própria evolução dos aparelhos ultrassonográficos. Entretanto, as pesquisas prosseguiram, e novas microbolhas (ditas de 2ª geração) se tornaram disponíveis nos últimos 20 anos, tendo em comum maior estabilidade após a injeção, produzindo ecos por vários minutos.2

A ultrassonografia contrastada por microbolhas, conhecida pela sigla CEUS (contrast-enhanced ultrasound), constitui verdadeira revolução no método, possibilitando avaliar de forma não invasiva a microvasculatura de vários órgãos, com implicações no exame de lesões focais viscerais, na ecocardiografia e na avaliação vascular. O método vem tendo grande aceitação e difusão nos países europeus e asiáticos desde o início do século XXI. Atualmente, no mundo, existem vários produtos disponíveis:

  • Definity/Luminity®, produzido pela Lantheus Medical Imaging, Inc., North Billerica, MA, Estados Unidos;
  • SonoVue/Lumason®, produzido pela Bracco Suisse SA, Genebra, Suíça;
  • Optison®, produzido pela GE Healthcare AS, Oslo, Noruega;
  • Sonazoid®, produzido pela GE Healthcare AS, Oslo, Noruega.

No Brasil, até 2023, tem-se somente o produto SonoVue® (Bracco Imaging do Brasil Importação e Distribuição de Medicamentos Ltda.), aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (registro 1803700060015) em 2013,3 sendo comercializado desde 2014 em ampolas com 25mg de pó liofilizado junto à seringa e mini-spike para injeção. Por ser o único produto disponível no Brasil em 2023, será o mais extensamente abordado neste capítulo.

O exame ultrassonográfico com contraste foi incluído na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos em 2018 (RN CNHM nº 36/2018),4 com porte 4A, posteriormente incorporado pela Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS) em 2022,5 com os seguintes códigos:

  • 40901815 US de órgão ou estrutura isolada com contraste microbolhas;
  • 40901823 US vascular com contraste microbolhas.
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