Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a cultura em saúde da corporação;
- reconhecer as demandas de saúde populacional;
- avaliar os programas de saúde da empresa;
- estruturar, elaborar e executar um programa de qualidade de vida (PQV);
- aplicar o PQV.
Esquema conceitual
Introdução
A cultura organizacional é a base sobre a qual se constrói a cultura de saúde em uma organização e, portanto, não poderia ser “terceirizada” para atores externos, como planos de saúde, consultorias ou entidades sindicais. Além disso, é importante deixar de considerar a organização como uma máquina sem vida, mas que pode ser aprimorada com pequenas mudanças ou troca de peças. As organizações modernas são entidades inteligentes que consistem em muitas mentes, valores e crenças.1
Cada empresa tem sua própria cultura e necessidades únicas, sob a perspectiva da gestão de saúde. Planejar um programa de saúde no local de trabalho não é uma proposta de apenas uma variável.2 Frequentemente, as organizações adotam iniciativas disponíveis no mercado ou mais acessíveis, sem a participação efetiva dos trabalhadores e da liderança no seu desenho, correndo o risco de baixa participação e engajamento com resultados limitados.
De acordo com Safeer e Allen,3 a cultura de saúde é uma rede construída no ambiente de trabalho que envolve as influências sociais, as quais se manifestam em crenças e comportamentos saudáveis. Ela pode ser definida como um ambiente de trabalho onde a saúde é um valor que favorece a saúde e o bem-estar do trabalhador. Não se limita a ações isoladas e integra a saúde na maneira como a organização opera, pensa e age em diferentes frentes.4
A cultura da saúde deve ser focada na população-alvo e não apenas no indivíduo.
O local de trabalho é um espaço estratégico para a adoção de programas de proteção à saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças. Com frequência, ele não é valorizado ou incluído no planejamento das abordagens em saúde, perdendo-se uma oportunidade importante de atingir melhores desfechos em vários campos. A utilização de programas de saúde no local de trabalho pode reduzir riscos para a saúde e melhorar a qualidade de vida (QV) dos trabalhadores.5
Iniciativas voltadas para a QV são desenvolvidas em inúmeras organizações. Inserem-se no contexto mais amplo do cuidado com a saúde dos trabalhadores, normalmente sob responsabilidade do setor de saúde e segurança no trabalho (SST), assuntos de saúde suplementar. Para haver maior sinergia seria interessante que ocorressem de maneira integrada.
Do conjunto de ações, destacam-se os programas de qualidade de vida (PQVs). Cada PQV requer um recorte específico e estruturação particular para o ambiente de negócio para o qual será desenvolvido. É um serviço personalizado ao negócio e às pessoas, estruturados em processos de melhoria contínua, vocacionados à entrega dos resultados previstos.
O grupo de QV da Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a QV como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores em que vive e em relação às suas expectativas, seus padrões e suas preocupações”. A QV é multidimensional envolvendo dimensões da saúde física, psicológica, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e padrão espiritual que são interconectados e interdependentes.6
A QV não considera apenas fatores biológicos de sinais e sintomas ou de níveis biométricos ou bioquímicos (pressão arterial, colesterol e níveis de glicemia, peso corporal). Ela envolve fatores subjetivos, das escolhas individuais e estados do ser e relações, talentos, sentido da vida, higiene e segurança no trabalho, entre outros. Os determinantes sociais de saúde são cada vez mais relevantes e impactantes na vida das pessoas, estando relacionados as condições em que a pessoa vive e trabalha.7