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Gestação gemelar: determinação da corionicidade

Autores: Sckarlet Ernandes Biancolin, Mariana Yumi Miyadahira
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  • Introdução

Gestação múltipla é definida como aquela em que há o desenvolvimento intrauterino de mais de um zigoto ou a divisão do mesmo zigoto, proveniente de um ou mais ciclos ovulatórios e independente do número final de neonatos.1

Gestações gemelares representam de 1 a 2,5% de todas as gestações,2 contabilizam aproximadamente 33 a cada mil nascidos vivos, nos Estados Unidos, no ano de 2009, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).3

A incidência de gestações gemelares tem aumentado progressivamente nas últimas quatro décadas em decorrência do desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida e da idade materna avançada. Aproximadamente um quarto das gestações provenientes de fertilização in vitro resultam em gestações múltiplas.4 Esse aumento da incidência de gestações gemelares equivale a aproximadamente 80% desde a década de 1970.5

Avaliação ultrassonográfica inicial é crucial para a promoção de um seguimento apropriado dessas gestações. A determinação da corionicidade no primeiro trimestre permite uma estratificação do risco obstétrico e o planejamento das avaliações ultrassonográficas subsequentes.6

Em comparação com as gestações dicoriônicas, as monocoriônicas têm uma frequência maior de complicações, incluindo óbito fetal, anomalias fetais, restrição de crescimento e prematuridade.7

Gestações monocoriônicas têm risco de síndrome de transfusão feto-fetal, sequência anemia-policitemia, síndrome da perfusão arterial reversa e restrição de crescimento fetal seletiva, causadas por anastomoses vasculares presentes na placenta única compartilhada pelos dois fetos.5,8

O principal determinante do desfecho perinatal de gestações gemelares é a corionicidade: gêmeos monocoriônicos têm risco de óbito perinatal 3–5 vezes superior em comparação aos dicoriônicos. Além disso, as recomendações para seguimento pré-natal e idade gestacional de parto diferem de acordo com a corionicidade; portanto, a precisão na sua determinação é vital para o manejo apropriado dessas gestações.5,8–10

Além da avaliação da corionicidade, a ultrassonografia (USultrassonografia) inicial permite a determinação da idade gestacional com maior rigor e possibilita a detecção de anomalias cromossômicas de suma importância por serem mais frequentes em gestações múltiplas. A presença de anomalia estrutural ou cromossômica que leva à morte intrauterina pode comprometer a sobrevivência e o desfecho neurológico do cogemelar, particularmente nas gestações monocoriônicas.6

O diagnóstico da corionicidade em gemelares é essencial para planejamento adequado do seguimento pré-natal e ultrassonográfico, de modo que aumenta a sobrevivência dos fetos provenientes de gestações gemelares monocoriônicas e o reconhecimento precoce das complicações inerentes a esse tipo de gestação.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a importância da determinação da corionicidade nas gestações gemelares;
  • identificar os critérios ultrassonográficos para a determinação da corionicidade de gestações múltiplas nos três trimestres da gestação;
  • distinguir a precisão da avaliação ultrassonográfica da corionicidade realizada no primeiro trimestre daquela realizada tardiamente.
  • Esquema conceitual
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