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GRAVIDEZ, ESPORTE E ATIVIDADE FÍSICA

Autor: Simony Lira do Nascimento
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar as principais adaptações fisiológicas da gestação e as repercussões da atividade física para a gestante e o feto;
  • reconhecer os efeitos da prática de atividade física durante a gestação nos desfechos maternos e perinatais;
  • identificar as recomendações para prática de atividade física na gestação quanto a tipo, frequência, intensidade e duração;
  • reconhecer as contraindicações absolutas e relativas para prática de atividade física na gestação;
  • aplicar os conhecimentos no aconselhamento sobre atividade física de mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal;
  • reconhecer o papel do fisioterapeuta na reabilitação de mulheres após o parto para um retorno seguro à prática esportiva.

Esquema conceitual

Introdução

É tempo de tratar atividade física na gestação como terapia”. Esse é o título do recente editorial publicado por Davies e Artal, pioneiros e referências no estudo sobre atividade física na gestação.1 Raul Artal, obstetra norte-americano, publicou o primeiro livro sobre atividade física na gestação na década de 1980, e, a partir de seus estudos desenvolvidos nas décadas de 1970 e 1980, houve uma mudança de paradigma sobre a prática de exercícios por mulheres no período gestacional. O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) publicou o primeiro guideline sobre atividade física na gestação em 1984, com recomendações consideradas conservadoras, mas que vêm sendo atualizadas.2

Desde a publicação do guideline da ACOG, muitas pesquisas foram desenvolvidas, e o conhecimento dos efeitos da atividade física, do exercício e do esporte durante a gestação é suficiente para afirmar que, na ausência de contraindicações absolutas, toda gestante deve ser estimulada a manter ou adotar um estilo de vida ativo durante toda a gestação.3 No entanto, mesmo na gestação de risco habitual,4 algumas recomendações e ajustes são necessários diante das adaptações fisiológicas do organismo materno à gestação e dos hábitos de vida pré-gestacionais.2

A gestação de risco habitual (anteriormente denominada de gestação de baixo risco) é caracterizada quando a gestante não apresenta fatores de risco individuais, sociodemográficos e relacionados a história obstétrica anterior, doença ou agravo que possam interferir negativamente na evolução da gravidez. A gestação de alto risco é aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas do que as da média da população considerada.

São consideradas condições que aumentam o risco gestacional:

  • extremos da idade reprodutiva;
  • doenças crônicas preexistentes;
  • complicações gestacionais;
  • multiparidade.

Há 125 milhões de gestantes por ano no mundo, e, somente no Brasil, há registros de 2.730.145 milhões de nascimentos em 2020.5 No entanto, a média de idade materna vem aumentando, bem como as comorbidades associadas ao sobrepeso e à obesidade, como o diabetes gestacional e as síndromes hipertensivas, levando a desfechos maternos e perinatais adversos.6

A atividade física tem sido proposta como medida preventiva ou terapêutica para reduzir as complicações na gravidez e otimizar a saúde materno-fetal.1 No entanto, as mulheres e os profissionais da saúde ainda têm muitas dúvidas e mitos com relação à prática de atividade física, exercício e esporte na gestação e após o parto.

Quanto à prática de esportes, seja por atletas profissionais ou amadoras, o tema torna-se ainda mais desafiador para os profissionais de saúde, mas principalmente para as próprias mulheres, com a redução do volume, da carga de treinos e das competições durante a gestação, os desafios do retorno às atividades esportivas após o parto e, por fim, a conciliação da maternidade com a carreira profissional no esporte.7,8

Então, o que é preciso saber para que a prática de exercício por gestantes seja segura e alcance os benefícios terapêuticos? Primeiramente, deve-se considerar que os termos “atividade física”, “exercício físico”, “esporte” e “atividade física de lazer”, muitas vezes, são utilizados inadvertidamente nas publicações. Neste capítulo, “atividade física” será o termo empregado como guarda-chuva, que engloba tanto a prática de atividades físicas de lazer e/ou recreativas quanto a prática regular de exercício físico por gestantes, uma vez que é o termo utilizado nos guidelines sobre o tema. Segundo, o conhecimento dos componentes da atividade física, como tipo, frequência, duração e intensidade, é determinante tanto para segurança quanto para efetividade nos diferentes desfechos maternos e perinatais.2,9

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