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GRUPOS DE PESQUISA NA TERAPIA INTENSIVA: IMPACTOS NA QUALIDADE DO CUIDADO E NA PRÁTICA CLÍNICA DO ENFERMEIRO

Laércia Ferreira Martins

Amaurilio Oliveira Nogueira

Lyllian Millena da Costa Matos

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • correlacionar as dimensões que pautam a atuação do enfermeiro no contexto assistencial da terapia intensiva e dos demais setores de saúde;
  • descrever os impactos da pesquisa de enfermagem no ambiente da terapia intensiva e nos serviços de saúde;
  • explicar a correlação da prática da pesquisa científica com a gestão, a qualidade da assistência e a segurança do paciente no cotidiano do enfermeiro que atua na terapia intensiva e seu impacto na experiência do paciente;
  • discutir a relevância da prática baseada em evidência (PBE) na atuação do enfermeiro e da equipe de enfermagem no contexto da tomada de decisão e do desenvolvimento do raciocínio clínico;
  • identificar o papel da pesquisa no desenvolvimento da autonomia e na valorização da atuação do enfermeiro e da enfermagem no ambiente da terapia intensiva.

Esquema conceitual

Introdução

A atuação da enfermagem está pautada em quatro dimensões que a suportam e a orientam: cuidado, educação, gerenciamento e pesquisa. A pesquisa vem se destacando como um campo vasto e de valor inestimável à enfermagem, pois, como ciência, ampara seu cuidado em evidências cientificas. Dessa forma, se transforma em uma ferramenta valiosíssima nas mãos dos profissionais da enfermagem inseridos em instituições de saúde e que almejam uma assistência de qualidade e segura.

No exercício e na atuação do enfermeiro dentro dessas quatro dimensões, são desenvolvidas muitas tecnologias que não se opõem ao raciocínio clínico do enfermeiro e se configuram como aliadas ao processo de cuidar. Tais tecnologias têm características ambíguas que as definem, em alguns momentos, como ferramenta, em outros, como conceito, e até mesmo como processo em certas situações. Entretanto, esses fatores funcionais não descaracterizam sua essência de evidência científica, que foi extraída de um raciocínio crítico de uma pesquisa que amadureceu e se tornou uma tecnologia.

O enfermeiro se apresenta no cenário da terapia intensiva como o ator principal do processo de ensino-aprendizagem. As dimensões que pautam a enfermagem, em associação aos conhecimentos adquiridos com a prática da pesquisa nos serviços de saúde, impactam diretamente aspectos como a qualidade e a experiência do usuário. Quando se elenca esses aspectos no processo de gestão, com a única e exclusiva finalidade de oferta de um serviço de qualidade, alcança-se o patamar desejável para o cuidado de enfermagem como ciência.

No contexto de diversas atuações e com foco em áreas como a terapia intensiva, em que a gestão do enfermeiro se sobressai, alguns termos, como governança, qualidade e pesquisa, são incorporados aos mecanismos necessários para a tomada de decisão, que é imprescindível na prática clínica, gerencial e na atuação do enfermeiro na unidade de terapia intensiva (UTI).

A UTI é um espaço diversificado para o enfermeiro em vários aspectos — técnicos, burocráticos e interpessoais — em que ele atua diretamente na assistência de usuários graves e com elevado risco de morte. Esse profissional também se destaca pela atuação na gestão da qualidade, na governança interprofissional e na gerência do cuidado, promovendo condições necessárias para que os usuários recebam a melhor assistência, com qualidade e livre de riscos.

Considerando a perspectiva apresentada, pretende-se discutir o desenvolvimento de grupos de pesquisa (GPs) na UTI e seu impacto na qualidade da assistência do enfermeiro. Busca-se, assim, fornecer subsídios que possam creditar a PBE como o principal fator gerador de intervenções durante a tomada de decisão que norteia uma assistência de qualidade e com segurança.

Para isso, neste capítulo será compartilhada a experiência vivenciada por um grupo de enfermeiros que atua em um serviço de terapia intensiva (STI) constituído por duas UTIs. Por meio da criação de um GP em que se estudava artigos — consumo de pesquisa — e se elaborava estudos científicos com publicação em anais de eventos e revistas científicas — produção de pesquisa —, foi possível obter excelentes resultados de indicadores de qualidade da assistência de enfermagem.

O principal objetivo deste capítulo é mostrar que é possível, e completamente exequível, a manutenção de um GP na terapia intensiva, mesmo com a rotina intensa e a elevada carga de trabalho para o enfermeiro e demais membros da equipe de enfermagem. Os resultados dessa prática refletem diretamente na qualidade da assistência e na segurança do paciente, além de proporcionar a autonomia para o enfermeiro e a valorização para a enfermagem.