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MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Autor: Tágora do Lago Santos
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • revisar o conceito de antimicrobianos e seus mecanismos de ação;
  • avaliar a definição e os mecanismos de resistência antimicrobiana (AMR);
  • descrever estratégias e políticas para uso racional de antimicrobianos;
  • avaliar a AMR na unidade de terapia intensiva (UTI);
  • promover a prevenção e o manejo de pacientes com risco ou infecção multirresistente.

Esquema conceitual

Introdução

A descoberta dos antibióticos foi um ponto de mudança na história da humanidade, visto que eles revolucionaram a medicina em muitos aspectos. Contudo, infelizmente, o uso desses fármacos tem sido acompanhado por um rápido aparecimento de cepas de bactérias resistentes.1 O desenvolvimento de gerações de microrganismos resistentes aos antibióticos e sua ampla distribuição na biosfera são o resultado do processo de pressão seletiva, aplicada de forma incessante pelos seres humanos via subutilização, uso excessivo e mau uso.1

Desde 1940, os antibióticos para uso humano têm sido fabricados, utilizados clinicamente, liberados no meio ambiente e disseminados de forma crescente e ampla, proporcionando a manutenção constante da pressão de seleção para as cepas resistentes.1 As bactérias podem se movimentar facilmente de pessoa para pessoa e de país para país. Assim, os países e as pessoas em todo o mundo tornaram-se parte de uma ecologia microbiana global, difundindo e compartilhando as consequências da resistência microbiana.1

Quando os microrganismos se tornam resistentes aos medicamentos, as opções de tratamento são reduzidas. Essa AMR está acontecendo em todas as partes do mundo, para uma ampla gama de microrganismos com prevalência crescente, que ameaça a saúde animal.2

As consequências diretas da infecção com microrganismos resistentes podem ser graves, incluindo doenças mais prolongadas, aumento da mortalidade, estadias prolongadas no hospital, perda de proteção para pacientes submetidos a cirurgias e outros procedimentos médicos, além de aumento de custos. A AMR afeta todas as áreas da saúde, envolve muitos setores e impacta toda a sociedade.2

O surgimento de microrganismos resistentes, por meio de mutações ou da aquisição de elementos genéticos móveis portadores de genes de resistência, pode ocorrer independentemente da presença de agentes antibacterianos. No entanto, a exposição a esses fármacos fornece a pressão seletiva necessária para o surgimento e a disseminação de patógenos resistentes.3

Portanto, a força motriz por trás das crescentes taxas de resistência pode ser encontrada no uso abusivo e indevido de agentes antibacterianos, tanto aqueles usados em pacientes e animais como os liberados no meio ambiente. Isso não é mais um problema médico. A AMR tornou-se uma ameaça à saúde global, que exigirá a ação coordenada de muitas partes interessadas para combater a resistência aos antibióticos em sua raiz.3

As UTIs são consideradas o epicentro da resistência bacteriana nas instituições hospitalares, em razão da maior ocorrência de surtos provocados por bactérias multirresistentes. A monitoração do perfil microbiológico dos microrganismos associados a infecções é fundamental para apoiar o uso racional de antimicrobianos e as medidas de prevenção e controle de infecções.4

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