- Introdução
A hérnia de disco lombar (HDL) é um capítulo das doenças degenerativas discais. É considerada a principal causa de dor ciática, caracterizada por dor irradiada para a perna em território específico de um dermátomo de raiz lombar ou sacral. Estima-se que a incidência da HDL seja de 5 para cada mil habitantes.1 A HDL pode acometer crianças e adolescentes, no entanto, tem sua maior frequência na terceira a quinta décadas de vida.2
Por acometer principalmente a população economicamente ativa, a HDL apresenta enormes impactos econômicos ao sistema de saúde, tanto pelos custos relacionados ao tratamento quanto pela disfunção dos indivíduos acometidos e afastamento de suas atividades profissionais.2 Estima-se que a dor lombar seja responsável por cerca de 139 milhões de atendimentos médicos anuais, sendo que 12% desses indivíduos apresentam radiculopatia secundária à HDL.
A fisiopatologia das HDLs não é totalmente esclarecida. O consenso atual sugere que é multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais, e está relacionada à redução da disponibilidade de nutrientes providos através das arteríolas da placa terminal vertebral. Via de regra, ocorre uma lesão no ânulo fibroso (AF), de forma que ele não é mais capaz de resistir à expansão do núcleo, provocando a extrusão da massa gelatinosa central.3
Nessa situação, a dor é originada a partir da irritação das estruturas neurais adjacentes tanto por fatores mecânicos compressivos (pelo efeito de massa formado) quanto pelo desencadeamento de resposta inflamatória local pela liberação de mediadores, como fatores de necrose tecidual e fosfolipase.3
Alguns fatores de risco são associados ao desenvolvimento da HDL. Entre eles, incluem-se idade, sexo (homens geralmente são mais acometidos), tabagismo e exposição ocupacional. O desenvolvimento dos sintomas e a sua intensidade também estão relacionados a fatores ambientais, como menores níveis socioeconômicos, trabalhos fisicamente extenuantes e estressantes, baixos níveis educacionais, entre outros.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- indicar a suspeita diagnóstica de HDL, interpretando os exames de imagem;
- identificar a raiz nervosa acometida por meio de história clínica e exame físico;
- avaliar as situações de gravidade, como a síndrome da cauda equina;
- descrever o tratamento adequado em casos de HDL.
- Esquema conceitual
