- Introdução
A hipertensão arterial sistêmica (HAShipertensão arterial sistêmica) é a doença crônica mais comum nos países desenvolvidos, com uma prevalência de 25 a 30% na população adulta.1 A HAShipertensão arterial sistêmica é um dos principais fatores de risco que influenciam a morbidade e a mortalidade cardiovascular.2 Todavia, o controle da HAhipertensão permanece muito abaixo do recomendado ao redor do mundo e a incidência de hipertensão vem crescendo por causa de um maior envelhecimento da população e da epidemia de obesidade.3
De acordo com a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, a hipertensão arterial resistente (HARhipertensão arterial resistente) é definida como a pressão arterial (PApressão arterial) de consultório não controlada apesar do uso de três ou mais anti-hipertensivos em doses adequadas, incluindo-se, preferencialmente, um diurético, ou em uso de quatro ou mais medicamentos com controle pressórico.4
Segundo a última diretriz da European Society of Cardiology (ESCEuropean Society of Cardiology)/ European Society of Hypertension (ESHEuropean Society of Hypertension), o controle pressórico inadequado deve ser confirmado pela monitoração ambulatorial da pressão arterial (MAPAmonitoração ambulatorial da pressão arterial) ou pela monitoração residencial da pressão arterial (MRPAmonitoração residencial da pressão arterial), e a estratégia de tratamento deve incluir mudanças de estilo de vida e o tratamento medicamentoso com doses ótimas de três ou mais fármacos, que deve incluir um diurético, um fármaco que bloqueie o sistema renina-angiotensina (SRAsistema renina-angiotensina) — inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECAinibidor da enzima conversora de angiotensina) ou um bloqueador do receptor AT1 da angiotensina II (BRAbloqueadores dos receptores da angiotensina) — e um bloqueador dos canais de cálcio (BCC).5
Estudos populacionais estimam a prevalência em torno de 12% da população hipertensa.6 Múltiplos estudos de coorte têm indicado que os fatores mais comuns para a HARhipertensão arterial resistente incluem idade mais avançada, obesidade, doença renal crônica (DRCdoença renal crônica), origem afrodescendente e diabetes melito (DMdiabetes melito).5
O risco de infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVCacidente vascular cerebral), DRCdoença renal crônica em estágio avançado e morte nos pacientes com HARhipertensão arterial resistente e com doença arterial coronária (DACdoença arterial coronária) pode ser de duas a seis vezes maior do que em adultos hipertensos sem HARhipertensão arterial resistente.7
A avaliação da HARhipertensão arterial resistente envolve a consideração de diversas características do paciente, pseudorresistência — técnica de medida da PApressão arterial, hipertensão do avental branco (HABhipertensão do avental branco) — e aderência à medicação e avaliação para causas secundárias da hipertensão.8
A expressão HAhipertensão refratária tem sido utilizada para se referir a um fenótipo extremo de falência do tratamento anti-hipertensivo, definido como a incapacidade de controlar a PApressão arterial a despeito da utilização de cinco anti-hipertensivos de classes diferentes, incluindo um diurético tiazídico-like de longa ação, tal como a clortalidona, e um antagonista do receptor mineralocorticoide, como a espironolactona.9
A prevalência da HAhipertensão refratária é baixa. Os pacientes com HAhipertensão refratária apresentam taxas mais altas de complicações cardiovasculares, incluindo hipertrofia ventricular esquerda (HVEhipertrofia ventricular esquerda), insuficiência cardíaca (ICinsuficiência cardíaca) e AVCacidente vascular cerebral. O tratamento da HARhipertensão arterial resistente envolve aumentar a aderência à medicação, melhorar a detecção e a correção de HAhipertensão secundária e avaliar outras características dos pacientes.8
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- conceituar a HARhipertensão arterial resistente e a HAhipertensão refratária;
- descrever os aspectos epidemiológicos e os fatores relacionados à HARhipertensão arterial resistente;
- avaliar a pseudorresistência e a HAhipertensão secundária;
- realizar o tratamento da HARhipertensão arterial resistente farmacológico, não farmacológico e baseado em dispositivos;
- atualizar-se a respeito de novas estratégias terapêuticas para a HARhipertensão arterial resistente.
- Esquema conceitual