- Introdução
É possível definir como urgências e emergências psiquiátricas qualquer alteração de natureza psiquiátrica em que estejam presentes alterações do estado mental, as quais podem resultar em risco atual e significativo de morte ou consequências graves para o paciente ou para terceiros, sendo necessária uma intervenção terapêutica imediata.1
Transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade, transtornos relacionados com o uso de substâncias e esquizofrenia são prevalentes em todo o mundo.2 De acordo com Steel e colaboradores,3 quase um terço dos adultos sofreu algum distúrbio mental ao longo dos anos. Estudos mostram que, nos Estados Unidos, a prevalência de transtornos mentais graves na população geral é de 42%.4
No Brasil, altos índices de transtornos mentais foram encontrados na população adulta, um número entre 20 e 56%, com destaque para mulheres e trabalhadores.5 Dados atuais mostram que a carga global da doença mental é responsável por 32,4% dos anos vividos com deficiências e 13% dos anos de vida definidos por incapacidades.6
No contexto apresentado, é importante destacar que pacientes que procuram a emergência com distúrbios comportamentais são responsáveis por, aproximadamente, 6% de todas as visitas de emergência. A escolha do tratamento apropriado no atendimento de emergência será de suma importância, a fim de evitar a morbidade e a mortalidade resultantes do diagnóstico errôneo de condições médicas como doenças psiquiátricas.7
Alguns objetivos são prioritários no atendimento às situações de urgências e emergências psiquiátricas,1,8,9 como:
- controle do sintoma-alvo, para a estabilização do quadro;
- reconhecimento de patologias e alterações orgânicas que podem ter levado a alterações mentais;
- levantamento de hipóteses diagnósticas;
- encaminhamento para a continuidade no cuidado.
Emergências psiquiátricas apresentam-se como momentos críticos e marcados por fragilidade, vulnerabilidade e instabilidade do paciente. Por isso, é extremamente importante que o profissional de saúde se apresente e esclareça quais serão os objetivos do atendimento, transmita confiança e segurança e jamais emita julgamentos pessoais.10,1
Entre os profissionais que irão compor as equipes multiprofissionais de saúde atuantes no atendimento às situações de urgência e emergência psiquiátricas, podem-se destacar os profissionais de enfermagem. Para tanto, essas equipes precisam estar aptas para atuar em situações de crise, como tentativa de suicídio, auto e heteroagressão e outras, e, sempre que possível, após ter passado o momento da crise, realizar uma avaliação do estado mental e físico do paciente, adotando postura ativa e de apoio a ele e à família.11
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a importância do atendimento humanizado ao paciente psiquiátrico;
- identificar os principais transtornos e condições que levam os pacientes a procurarem o atendimento de urgência/emergência;
- promover o cuidado humanizado ao paciente no atendimento à urgência/emergência psiquiátrica;
- reconhecer a importância da continuidade do cuidado a partir da contrarreferência e os recursos disponíveis na rede de atenção à saúde mental.
- Esquema conceitual