- Introdução
O Brasil tem hoje uma população indígena de aproximadamente 900 mil pessoas, distribuída em mais de 305 etnias e falantes de mais de 274 diferentes línguas.1,2 Dessas, cerca de 40% vivem em áreas urbanas, enquanto o restante está em aldeias e comunidades rurais, sendo grande parte em uma das 673 terras indígenas (TIterra indígenas) existentes, em diferentes estágios de demarcação, que representam 13,2% do território nacional.1 Aproximadamente 60% da população indígena encontra-se nas regiões Norte e Centro-oeste, e o restante espalhado pelas demais regiões.1
Diante de populações tão diversas, com uma enorme dispersão, bem como especificidades socioculturais e geográficas muito distintas, nasceu a demanda do estabelecimento de um sistema assistencial capaz de dar conta dessas especificidades. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasisus) foi criado em 1999, por meio da Lei nº 9.836, de 23 de setembro, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUSSistema Único de Saúde).3
À época, a responsabilidade pelo atendimento aos indígenas foi atribuída à Fundação Nacional de Saúde (FunasaFundação Nacional de Saúde). Para atender essa demanda, foram criados 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIDistrito Sanitário Especial Indígenas), presentes em praticamente todas as unidades da Federação. A partir de 2010, a gestão do Sasisus passou para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SesaiSecretaria Especial de Saúde Indígena), criada com o objetivo de substituir a FunasaFundação Nacional de Saúde no papel de gestora do subsistema.3
A interculturalidade é um fenômeno atual no campo de atuação dos profissionais de saúde, que desempenham atividades com uma grande diversidade de pessoas, no que diz respeito ao gênero, à raça, à etnia ou à religião. Em princípio, esses profissionais não deveriam reconhecer as necessidades das pessoas apenas pelas doenças que elas apresentam, mas de acordo com suas experiências narradas isoladamente ou de forma contextualizada.4,5
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer o conceito de atenção diferenciada para população indígena;
- identificar a atuação com contexto intercultural e foco no adulto indígena;
- identificar a forma como se organiza a assistência à saúde dos povos indígenas no Brasil;
- reconhecer a diversidade sociocultural das populações indígenas;
- reconhecer o perfil epidemiológico geral das populações indígenas.
- Esquema conceitual