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(IN)ATIVIDADE FÍSICA e COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Nidia Aparecida Hernandes

Gianna Kelren Waldrich Bisca Reche

epub-PROFISIO-CAR-C10V2_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir atividade física, atividade de vida diária (AVD) e atividade física na vida diária (AFVD);
  • diferenciar os conceitos inatividade física e comportamento sedentário;
  • descrever o perfil de AFVD de pacientes com insuficiência cardíaca (IC);
  • identificar o impacto da inatividade física e do comportamento sedentário sobre o prognóstico da IC;
  • reconhecer os efeitos de programas de reabilitação cardíaca sobre os níveis de AFVD de pacientes com IC.

Esquema conceitual

Introdução

A IC é, por definição, uma síndrome clínica caracterizada por sinais e sintomas resultantes de qualquer alteração estrutural ou de funcionamento ventricular que culminam na redução de enchimento ou do volume de ejeção do ventrículo. Os sintomas de fadiga e/ou dispneia, somados à redução da capacidade de exercício, limitam a realização das atividades físicas cotidianas de pacientes com IC, o que, consequentemente, limita sua funcionalidade.

Sabe-se que tais características estão associadas a um pior prognóstico evidenciado por maiores taxas de hospitalização por descompensação e mortalidade. Sendo assim, a avaliação da capacidade física e funcional e do estado funcional é essencial quando os pacientes com essa condição são admitidos em programas de reabilitação cardíaca. Pesquisas científicas que mensuraram o nível de AFVD nessa população demonstram que se trata de indivíduos com um perfil caracterizado por inatividade física e comportamento sedentário.

Neste capítulo, será conhecido em detalhes o perfil de AFVD dos pacientes com IC. Uma abordagem breve sobre as definições de atividade física, AVD e AFVD levarão o leitor a diferenciar os conceitos de inatividade física e comportamento sedentário, facilitando a compreensão do tema abordado. Além disso, o texto explicitará o impacto da inatividade e do comportamento sedentário sobre a evolução da doença e como o processo de reabilitação desses indivíduos pode influenciar os exercícios físicos realizados diariamente.

(IN)Atividade física na vida diária e comportamento sedentário

Para a compreensão do tema deste capítulo, é importante saber diferenciar os conceitos de atividade física, AVD e AFVD:1

  • atividade física — qualquer movimento corporal resultante da contração dos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético;
  • AVD — tarefas de desempenho ocupacional que são praticadas pelos indivíduos no seu dia a dia, sendo realizadas de acordo com a necessidade e a capacidade de cada indivíduo, englobando tanto tarefas básicas, como autocuidado e locomoção, quanto atividades ocupacionais, de transporte e de lazer;
  • AFVD — totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana.

A AFVD pode ser mensurada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física. Observação direta e avaliação do gasto energético, apesar de serem medidas acuradas, são métodos de alto custo, complexos e de limitada aplicação clínica.2

Os monitores de atividade física são equipamentos capazes de quantificar a atividade física realizada por um indivíduo em um determinado período, bem como a intensidade e o tipo de atividade (Figuras 1A–D).3

Devido às importantes limitações no uso de questionários que dependem da capacidade de compreensão e recordatória da pessoa analisada, a literatura vigente recomenda que a avaliação objetiva do nível de AFVD seja realizada com o auxílio de monitores de atividade física.2

FIGURA 1: AD) Exemplos de monitores de atividade física. // Fonte: Adaptada de ActiGraph (2023);4 Suzuken (2023);5 Fitbit (2023).6

As atividades físicas são detectadas por sensores de movimento (acelerômetros) triaxiais, e a estimativa do gasto energético é calculada por meio de algoritmos contidos nos softwares desenvolvidos para esse fim.3 Dessa forma, é possível avaliar detalhadamente as atividades cotidianas realizadas pelo indivíduo para determinar o perfil delas.2

Por meio do detalhamento do tipo, da frequência e da intensidade das atividades realizadas, é possível verificar se os pacientes atingem ou não as recomendações internacionais para a realização de atividades físicas.

O American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que um indivíduo seja considerado fisicamente ativo na vida diária quando totaliza 150 minutos por semana de atividades físicas de moderada intensidade (em média, 30min/dia por 5 dias). Sendo assim, pessoas que não atingem essa meta são classificadas como fisicamente inativas.7

O comportamento sedentário é definido como qualquer atividade física com gasto energético igual ou inferior a 1,5MET ou permanência nas posturas sentada, reclinada ou deitada.8

Ainda não há um threshold para o tempo gasto por dia nessas posturas e atividades físicas para estabelecer se um indivíduo apresenta comportamento sedentário ou não. Uma recente revisão sistemática publicada por Patterson e colaboradores9 demonstrou que um tempo de 6 a 8 horas por dia gasto em comportamento sedentário está associado a um maior risco de mortalidade por todas as causas e, principalmente, por causas cardiovasculares. Por isso, esses valores têm sido utilizados na metodologia de alguns estudos para classificar um indivíduo como sedentário.

As Figuras 2A e B ilustram a diferença entre inatividade física e comportamento sedentário.

FIGURA 2: Inatividade física versus comportamento sedentário. // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.

ATIVIDADES

1. Sobre os sintomas que limitam a realização de atividade física em pacientes com IC, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

Fadiga.

Dispneia.

Fome frequente.

Mudanças de humor.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) F — V — F — V

C) V — F — V — F

D) F — F — V — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Os sintomas de fadiga e/ou dispneia somados à redução da capacidade de exercício restringem a realização das atividades físicas cotidianas de pacientes com IC, o que, consequentemente, limita sua funcionalidade. Fome frequente e mudanças de humor não se encaixam nos sintomas de IC.

Resposta correta.


Os sintomas de fadiga e/ou dispneia somados à redução da capacidade de exercício restringem a realização das atividades físicas cotidianas de pacientes com IC, o que, consequentemente, limita sua funcionalidade. Fome frequente e mudanças de humor não se encaixam nos sintomas de IC.

A alternativa correta é a "A".


Os sintomas de fadiga e/ou dispneia somados à redução da capacidade de exercício restringem a realização das atividades físicas cotidianas de pacientes com IC, o que, consequentemente, limita sua funcionalidade. Fome frequente e mudanças de humor não se encaixam nos sintomas de IC.

2. A totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana é chamada de

A) atividade física.

B) quantificação de gasto energético.

C) AVD.

D) AFVD.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


AFVD é definida como a totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana. Ela pode ser mensurada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

Resposta correta.


AFVD é definida como a totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana. Ela pode ser mensurada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

A alternativa correta é a "D".


AFVD é definida como a totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana. Ela pode ser mensurada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

3. Para que um indivíduo seja considerado fisicamente ativo na vida diária, segundo as recomendações do ACSM, ele deve totalizar qual quantidade mínima de atividades físicas de moderada intensidade?

A) 15min/dia.

B) 30min/dia.

C) 45min/dia.

D) 60min/dia.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


De acordo com o ACMS, um indivíduo deve realizar 150min/semana de atividades físicas de moderada intensidade (em média, 30min/dia por 5 dias) para ser considerado fisicamente ativo na vida diária.

Resposta correta.


De acordo com o ACMS, um indivíduo deve realizar 150min/semana de atividades físicas de moderada intensidade (em média, 30min/dia por 5 dias) para ser considerado fisicamente ativo na vida diária.

A alternativa correta é a "B".


De acordo com o ACMS, um indivíduo deve realizar 150min/semana de atividades físicas de moderada intensidade (em média, 30min/dia por 5 dias) para ser considerado fisicamente ativo na vida diária.

4. Um indivíduo é considerado fisicamente inativo quando

A) apresenta um nível de atividade física abaixo das recomendações atuais, ou seja, 150min/semana de atividades físicas de moderada intensidade.

B) permanece mais de duas horas por dia em atividade física com gasto energético igual ou inferior a 1,5MET nas posturas sentada, reclinada ou deitada.

C) realiza 11 ou menos repetições no teste de sentar ou levantar de 1min.

D) a distância percorrida no teste de caminhada de 6min é menor do que 350m.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A inatividade física pode ser definida como um nível de atividade física insuficiente para alcançar as recomendações atuais de atividade física, ou seja, 150min por semana de exercícios físicos de moderada intensidade.

Resposta correta.


A inatividade física pode ser definida como um nível de atividade física insuficiente para alcançar as recomendações atuais de atividade física, ou seja, 150min por semana de exercícios físicos de moderada intensidade.

A alternativa correta é a "A".


A inatividade física pode ser definida como um nível de atividade física insuficiente para alcançar as recomendações atuais de atividade física, ou seja, 150min por semana de exercícios físicos de moderada intensidade.

Perfil de atividade física na vida diária de pacientes com insuficiência cardíaca

Nos últimos anos, o interesse pelas AFVD de pacientes com IC tem aumentado. Diversos estudos demonstraram que, em geral, se trata de uma população caracterizada por inatividade física e comportamento sedentário.10–18 Os desfechos analisados comumente são:

  • número total de passos por dia;
  • tempo diário em atividade física de moderada à alta intensidade (AFMV);
  • tempo diário (durante período de vigília) em atividades com gasto energético igual ou inferior a 1,5MET e/ou posturas sentada, deitada ou reclinada.

Na Figura 3, verifica-se que, em média, os grupos de pacientes avaliados nesses estudos são classificados como fisicamente inativos tanto no critério número de passos quanto no tempo em AFMV. Observa-se que o threshold de 7.100 passos/dia (valor-alvo para ser considerado fisicamente ativo)19 não é atingido na maioria dos estudos, bem como aquele de 30min/dia em AFMV.7

AFMV: atividade física de moderada à alta intensidade.

FIGURA 3: Perfil de inatividade física observado nos pacientes com IC. A linha pontilhada equivale aos thresholds 7.100 passos/dia e 30min/dia em AFMV utilizados para a classificação de indivíduos fisicamente ativos. // Fonte: Elaborada pelas autoras.

A literatura demonstra que os pacientes com IC também apresentam um perfil de comportamento ocioso. Como mencionado anteriormente, ainda não há um threshold de tempo por dia em posturas e atividades sedentárias para considerar se um indivíduo com IC apresenta ou não esse comportamento.9

Ao sintetizar os resultados de alguns estudos prévios, observou-se que na maioria deles os pacientes, em média, passavam um tempo em comportamento sedentário acima dos dois critérios sugeridos por Patterson e colaboradores,9 ou seja, 6 e 8 horas/dia (Figura 4).

CS: comportamento sedentário.

FIGURA 4: Perfil de comportamento sedentário de pacientes com IC. A linha pontilhada azul equivale ao threshold 6h/dia (aqui expresso em min/dia); a linha pontilhada vermelha equivale a 8h/dia. // Fonte: Elaborada pelas autoras.

Excluindo-se o tempo diário em AFMV, em atividades com gasto energético menor do que ou igual a 1,5MET e/ou em posturas sedentárias, os pacientes realizam movimentos de intensidade leve, ou seja, de 1,6 a 2,9MET. Sendo assim, estimando-se as médias dos grupos de pacientes incluídos nos estudos considerados nas Figuras 3 e 4, pode-se verificar que os indivíduos com IC passam cerca de 80% do seu tempo acordados em atitude sedentária e apenas 2% em exercícios de moderada ou alta intensidade, como ilustra a Figura 5. O tempo dispendido em movimentos de leve intensidade possivelmente refere-se à realização de atividades de autocuidado, domésticas ou ocupacionais leves.

CS: comportamento sedentário; AFMV: atividade física de moderada à alta intensidade; AFL: atividade física de leve intensidade.

FIGURA 5: Perfil diário de AFVD de pacientes com IC. // Fonte: Elaborada pelas autoras.

Diante das informações apresentadas, é plausível que se pergunte até que ponto o perfil de AFVD de pacientes com IC se diferencia daquele de pessoas saudáveis de mesma faixa etária. Apesar de diversos estudos terem buscado descrever o modelo das atividades físicas realizadas por indivíduos com IC, poucos incluíram um grupo controle, ou seja, um conjunto composto por pessoas com sexo, idade e índice de massa corpórea (IMC) semelhantes, porém sem IC.

Na pesquisa realizada por Yavari e colaboradores,17 observou-se que, enquanto a média diária de passos dos voluntários sem IC foi de 6.300, a média dos pacientes com IC foi de 2.500 passos/dia, ou seja, aproximadamente 60% a menos. Ao se considerar o desfecho tempo em AFMV, Evenson e colaboradores13 demonstraram que os pacientes gastaram cerca de 9min/dia nessas atividades contra 15min/dia gastos pelos indivíduos sem IC. Além disso, os autores também observaram que, de modo diferente do desfecho AFMV, o tempo em comportamento sedentário foi semelhante nos sujeitos com e sem IC (10 horas/dia versus 9 horas/dia, respectivamente).

Um estudo recente, realizado por Dias,20 na Universidade Estadual de Londrina (UEL), constatou que pacientes com IC, de uma amostra da região sul do Brasil, são mais inativos fisicamente do que seus controles, com uma mediana de 31min/semana em AFMV contra 118min/semana. Essa diferença também foi observada ao se considerar o desfecho número diário de passos, em que os indivíduos com IC realizaram, em média, aproximadamente, 4.400 passos/dia, enquanto os voluntários sem IC totalizaram 6.600 passos/dia.

Além disso, os autores observaram que, assim como no estudo de Evenson e colaboradores,13 os pacientes brasileiros com IC também apresentam tempo em comportamento sedentário semelhante aos seus controles de, aproximadamente, 8 horas/dia do tempo em vigília. Sendo assim, ao se retomar a pergunta realizada nos parágrafos anteriores, conclui-se que, com base nos estudos realizados até o momento, os indivíduos com IC realizam em torno de 40 a 70% menos AFMV do que os sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

ATIVIDADES

5. A respeito do perfil de AFVD de indivíduos com IC, é correto afirmar que

A) indivíduos com IC são fisicamente ativos e não apresentam comportamento sedentário.

B) indivíduos com IC são fisicamente ativos, mas apresentam comportamento sedentário.

C) indivíduos com IC são fisicamente inativos, mas não apresentam comportamento sedentário.

D) indivíduos com IC são fisicamente inativos e apresentam comportamento sedentário.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


Geralmente, indivíduos com IC apresentam inatividade física e comportamento sedentário.

Resposta correta.


Geralmente, indivíduos com IC apresentam inatividade física e comportamento sedentário.

A alternativa correta é a "D".


Geralmente, indivíduos com IC apresentam inatividade física e comportamento sedentário.

6. Observe as afirmativas sobre as formas de avaliar a AFVD.

I. Observação direta.

II. Testes funcionais, como o teste de levantar e sentar de 1 minuto.

III. Uso de questionários de atividade física autorrelatada.

IV. Sensores de movimento e monitores de atividade física.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a III e a IV.

C) Apenas a I, a III e a IV.

D) Apenas a I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Os testes funcionais podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica, mobilidade e equilíbrio, mas não são utilizados para a medida da AFVD, que pode ser calculada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

Resposta correta.


Os testes funcionais podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica, mobilidade e equilíbrio, mas não são utilizados para a medida da AFVD, que pode ser calculada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

A alternativa correta é a "C".


Os testes funcionais podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica, mobilidade e equilíbrio, mas não são utilizados para a medida da AFVD, que pode ser calculada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

7. Observe as afirmativas sobre a atividade física e a tolerância ao esforço em indivíduos com IC.

I. O comportamento sedentário e a inatividade física são fatores associados a maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV).

I. Pacientes com IC apresentam reserva cardíaca aumentada como mecanismo compensatório para manter a tolerância aos esforços.

III. Para reduzir os sintomas de dispneia e fadiga durante a realização de AVD, pacientes com IC realizam as atividades com pausas, mais lentamente ou as evitam.

Quais estão corretas?

A) Apenas a II.

B) Apenas a I e a III.

C) Apenas a III.

D) Apenas a I e a II.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


Apenas as afirmativas I e III estão corretas. A segunda alternativa está incorreta, porque indivíduos com IC apresentam uma redução da reserva cardíaca, e não um aumento.

Resposta correta.


Apenas as afirmativas I e III estão corretas. A segunda alternativa está incorreta, porque indivíduos com IC apresentam uma redução da reserva cardíaca, e não um aumento.

A alternativa correta é a "B".


Apenas as afirmativas I e III estão corretas. A segunda alternativa está incorreta, porque indivíduos com IC apresentam uma redução da reserva cardíaca, e não um aumento.

Por que pacientes com insuficiência cardíaca são inativos fisicamente e apresentam comportamento sedentário?

A princípio, deve-se refletir sobre os fatores que predispõem pessoas a desenvolverem DCV. O comportamento sedentário e a inatividade física são fatores associados a maior risco de desenvolvimento dessas doenças e de mortalidade por causas cardiovasculares.21

Comportamento sedentário e inatividade física levam a disfunções metabólicas, como aumento dos triglicerídeos, redução de HDL e redução da sensibilidade à insulina, bem como disfunções vasculares observadas pelo aumento dos danos às células endoteliais e pela diminuição da vasodilatação endotélio–dependente. Além disso, há aumento do estresse oxidativo e estímulo a uma cascata inflamatória.22

O comportamento sedentário e a inatividade física estão relacionados ao desenvolvimento de hipertensão arterial (HTA), diabetes melito (DM), dislipidemia, obesidade e doenças cerebrovasculares e cardiovasculares.22 Portanto, considerando-se que o estilo de vida sedentário e de pouca atividade física possivelmente já estava presente no cotidiano de parte dos pacientes com IC antes mesmo de seu diagnóstico, é plausível esperar que esse perfil de AFVD se mantenha ou, até mesmo, se deteriore com a progressão do quadro clínico.

Outro fator relacionado ao perfil de inatividade física e comportamento sedentário a ser considerado é a presença de sintomas de fadiga e/ou dispneia que são frequentemente relatados por pacientes com IC. Um estudo realizado por Mapelli e colaboradores23 analisou a demanda metabólica e a resposta cardiorrespiratória (analisador de gases portátil) e a sensação de dispneia (escala de Borg) durante um protocolo de AVD realizado por indivíduos com IC com fração de ejeção (FE) menor do que 45%.

O protocolo incluiu seis atividades domésticas e de autocuidado (vestir-se, calçar meias e sapatos, varrer por 4min, deslocar objetos em uma prateleira, dobrar toalhas, arrumar a cama, subir e descer um lance de escada carregando peso) e duas caminhadas a 2 e 3km/h, 4min cada. O mesmo protocolo foi realizado por pessoas de sexo, idade e IMC semelhantes, porém sem IC, para fins de comparação. Para todas as AVDs e ambas as caminhadas, as demandas ventilatória e energética, bem como a sensação de dispneia, foram maiores nos pacientes com IC do que nos sem a condição.23

Dentre as atividades, as duas de maior demanda metabólica para os pacientes foram varrer e arrumar a cama (84 e 88% do consumo pico de oxigênio [VO2pico], respectivamente). Além disso, nas tarefas que não tinham tempo predeterminado, o período de realização foi sempre maior dentre as pessoas com IC. Por fim, uma importante observação é que alguns indivíduos não conseguiram completar as caminhadas de 2 ou 3km/h.23

Dessa forma, o estudo demonstrou que as AVD desencadeiam sensação de cansaço próximas a um exercício de alta ou muito alta intensidade acompanhada por dispneia leve ou moderada. Um dos mecanismos de autorregulação utilizados instintivamente pelos pacientes é a realização em menor velocidade ou a não realização.23

Em um estudo qualitativo, Niklasson e colaboradores24 também demonstraram que as limitações de mobilidade referidas mais frequentemente por pacientes com IC estavam relacionadas à dispneia, à fadiga e a edema periférico. Os indivíduos estudados relataram que, para se adaptarem à presença de sintomas, realizaram as atividades com pausas, mais lentamente ou as evitaram.

A Figura 6 ilustra o mecanismo de autorregulação decorrente da presença de sintomas ao se realizar as AVDs.

AVD: atividades de vida diária.

FIGURA 6: Limitação das AVD devido a sintomas. // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.

Além de questões relacionadas ao estilo de vida e à presença de sintomas, outros fatores têm sido associados à inatividade física nessa população, como anergia (ou falta de energia), baixa motivação e autoeficácia para o exercício.

A autoeficácia pode ser definida como a crença nas próprias competências e na capacidade para organizar e executar determinada ação e produzir o desfecho esperado.

A autoeficácia parece ser uma variável significante para explicar a variação na atividade física diária, pois, embora estar motivado para se exercitar seja um primeiro passo importante para se tornar mais ativo fisicamente, há uma lacuna entre a intenção e a realização de atividade física.

Por fim, diversos são os motivos que podem ser apontados como determinantes do perfil de AFVD apresentado por pacientes com IC. Uma melhor compreensão dos fatores que funcionam como barreiras à realização de atividades físicas cotidianas pode auxiliar os profissionais a adaptarem planos de intervenções às necessidades desses indivíduos.

Impacto da inatividade física e do comportamento sedentário sobre o prognóstico da insuficiência cardíaca

Como mencionado anteriormente, tanto um nível de AFVD reduzido como um tempo excessivo em comportamento sedentário são fatores associados à maior incidência de IC. Além de atuarem como fatores predisponentes, esse perfil de atividade física também contribui para um pior prognóstico nessa população.

Alguns estudos com grandes coortes já demonstraram o efeito negativo da inatividade física na sobrevida de pacientes com IC. No estudo multicêntrico, chamado Take-off and landing performance calculation tool (TOPCAT), que incluiu pacientes de Brasil, Argentina, EUA e Canadá, observou-se que um volume semanal de AFMV autorrelatado igual ou superior a 150min foi associado a uma menor probabilidade de hospitalização por descompensação da IC em um período de cinco anos.25

De forma complementar, Zaghi e colaboradores demonstraram que pacientes que foram hospitalizados por IC descompensada e apresentavam um tempo em AFMV autorrelatada inferior a 60min/semana antes da internação tinham maior risco de re-hospitalização e mortalidade após a alta em relação aos indivíduos que relataram 180min ou mais.26 Ambos os estudos demonstraram que é viável utilizar o volume semanal de atividade física mínimo recomendado para a população geral, ou seja, 150min, para se avaliar prognóstico nas pessoas com IC.

Em outro estudo, Doukky e colaboradores27 também observaram que a inatividade física, nesse caso considerada como a não realização de exercícios físicos, foi associada a maiores taxas de mortalidade (todas as causas e por causas cardíacas). Curiosamente, os autores constataram que um tempo em comportamento sedentário, determinado pelo tempo gasto assistindo à televisão, acima de 4 horas/dia também foi associado à maior mortalidade, adicionando valor prognóstico à inatividade física.

Os profissionais podem ter informações de valor prognóstico importantes ao incluir na avaliação inicial de um programa de reabilitação cardíaca a quantificação do tempo em comportamento sedentário e inatividade física. Por se tratarem de fatores modificáveis, intervenções de incentivo à atividade física e de combate ao sedentarismo poderão ser adicionadas ao processo de reabilitação, promovendo impacto sobre a progressão da IC.

É possível reverter o quadro de inatividade física e/ou excesso de comportamento sedentário de pacientes com insuficiência cardíaca?

A reabilitação cardíaca é, comprovadamente, um componente essencial no tratamento de pacientes com IC.

Embora os programas de reabilitação cardíaca promovam melhora da capacidade de exercício e de sintomas, tais mudanças não necessariamente se traduzem em redução do tempo gasto em comportamento sedentário e aumento do tempo em AFMV nesses pacientes.

Alguns estudos prévios,28–30 que incluíram protocolos baseados em treinamento físico e educação de curta ou longa duração, realizados em centros de reabilitação ou em domicílio, demonstraram, geralmente, que nenhum desfecho de atividade física (tempo em AFMV, comportamento sedentário ou número de passos) foi responsivo a tais intervenções. Possivelmente, esses resultados se devem ao fato de que tratamentos que visam à alteração do perfil de AFMV requerem uma abordagem específica e mais abrangente. Para tanto, as pesquisas voltadas para a mudança do estilo de vida têm sugerido que um processo de educação continuada seja proposto.

A conscientização de pacientes e seus entes próximos quanto à importância da atividade física e do combate ao sedentarismo e a identificação de barreiras e facilitadores para a atividade física são propostos para o processo de educação. Além disso, sugere-se a abordagem de estratégias de automanejo de sintomas e de autoeficácia para a realização de exercício físico para promover independência aos indivíduos.31

Outra estratégia para incentivar a mudança do estilo de vida que tem sido sugerida é o uso de metas individualizadas e de feedback por meio de monitores de atividade física conectados a aplicativos de smartphones.31 Um estudo piloto publicado recentemente propôs um protocolo de intervenção fundamentado no estímulo ao aumento do número de passos diários com a utilização de um aparelho de feedback. Metas individualizadas, objetivando o aumento do número de passos diários, eram estabelecidas semanalmente.18

Além disso, a cada semana os pacientes recebiam metas para interrupções de blocos prolongados de tempo sentado. Eles também passaram por um processo de educação em saúde. Após 11 semanas de intervenção, observou-se um aumento da contagem diária de passos, porém, nenhum efeito foi observado sobre o tempo em AFMV e em comportamento sedentário.18

Saleh e colaboradores32 propuseram um protocolo de oito semanas baseado em estratégias semelhantes ao estudo mencionado anteriormente que demonstrou ser efetivo para tornar os pacientes mais ativos, porém também não foram observadas mudanças no comportamento sedentário. Além disso, os autores observaram que indivíduos com mais sintomas de ansiedade e menos indícios de depressão e mais ativos antes da intervenção foram aqueles que mostraram maior probabilidade de alcançar uma mudança no comportamento de atividade física.

Apesar de diversas pesquisas terem demonstrado que programas tradicionais de reabilitação cardíaca não necessariamente tornam os pacientes com IC menos sedentários e inativos fisicamente, os estudos que incluem intervenções específicas para mudança de estilo de vida ainda são bastante recentes. No futuro, é possível que novas evidências suportem a indicação dessas formas de tratamento como coadjuvantes na reabilitação. Pesquisas que objetivam determinar o perfil das pessoas que respondem às diferentes estratégias de incentivo à mudança do perfil de atividade física auxiliarão os profissionais a individualizar suas condutas no atendimento a indivíduos com IC.

ATIVIDADES

8. Ao comparar o perfil de AFVD de pacientes com IC com pessoas saudáveis de mesma faixa etária, é correto afirmar que

A) indivíduos com IC apresentam maior tempo em comportamento sedentário e realizam mais atividade física de moderada à alta intensidade do que indivíduos sem IC.

B) a média diária de passos dos indivíduos saudáveis é em torno de 50% menor quando comparada a indivíduos com IC.

C) indivíduos com IC realizam menos AFMV do que pessoas sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

D) não há diferença no nível de AFVD nem no tempo em comportamento sedentário, quando comparados indivíduos com e sem IC.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


Com base nos estudos feitos até o momento, os pacientes com IC realizam em torno de 40 a 70% menos AFMV do que pessoas sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

Resposta correta.


Com base nos estudos feitos até o momento, os pacientes com IC realizam em torno de 40 a 70% menos AFMV do que pessoas sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

A alternativa correta é a "C".


Com base nos estudos feitos até o momento, os pacientes com IC realizam em torno de 40 a 70% menos AFMV do que pessoas sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

9. Observe as afirmativas sobre as barreiras para combater a inatividade física em indivíduos com IC.

I. Além de convencer as pessoas sobre a importância de ser fisicamente ativo, os profissionais de saúde precisam avaliar as barreiras à atividade física e ajudar os pacientes a aumentarem a sua confiança na superação desses obstáculos.

II. Programas tradicionais de reabilitação cardíaca focados principalmente no treinamento físico são suficientes para mudar o perfil de AFVD em indivíduos com IC, tornando-os mais ativos fisicamente e reduzindo o tempo em comportamento sedentário.

III. Indivíduos com IC, que apresentam anergia, baixa motivação e menor autoeficácia para o exercício costumam ser mais ativos fisicamente do que os indivíduos sem essas características.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I.

B) Apenas a I e a II.

C) Apenas a III.

D) Apenas a II e a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Apenas a afirmativa I está correta. A segunda alternativa está incorreta, porque, geralmente, protocolos baseados em treinamento físico demonstraram que nenhum desfecho de atividade física foi responsivo a tais intervenções, e tratamentos que visam à alteração do perfil de AFMV requerem uma abordagem específica e mais abrangente. A terceira alternativa está incorreta, porque a anergia, a baixa motivação e uma menor autoeficácia para o exercício estão associadas à inatividade física, ou seja, os indivíduos que apresentam essas características tendem a ser menos ativos fisicamente.

Resposta correta.


Apenas a afirmativa I está correta. A segunda alternativa está incorreta, porque, geralmente, protocolos baseados em treinamento físico demonstraram que nenhum desfecho de atividade física foi responsivo a tais intervenções, e tratamentos que visam à alteração do perfil de AFMV requerem uma abordagem específica e mais abrangente. A terceira alternativa está incorreta, porque a anergia, a baixa motivação e uma menor autoeficácia para o exercício estão associadas à inatividade física, ou seja, os indivíduos que apresentam essas características tendem a ser menos ativos fisicamente.

A alternativa correta é a "A".


Apenas a afirmativa I está correta. A segunda alternativa está incorreta, porque, geralmente, protocolos baseados em treinamento físico demonstraram que nenhum desfecho de atividade física foi responsivo a tais intervenções, e tratamentos que visam à alteração do perfil de AFMV requerem uma abordagem específica e mais abrangente. A terceira alternativa está incorreta, porque a anergia, a baixa motivação e uma menor autoeficácia para o exercício estão associadas à inatividade física, ou seja, os indivíduos que apresentam essas características tendem a ser menos ativos fisicamente.

Paciente de 66 anos de idade, com diagnóstico clínico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr), Classificação Funcional da New York Heart Association (NYHA) II, realizou avaliação da AFVD na admissão de um programa de reabilitação cardíaca.

A avaliação foi realizada por meio da utilização de um acelerômetro triaxial por sete dias consecutivos durante o período acordado. A média do número de passos diários foi de 4.580 passos/dia, o tempo gasto em comportamento sedentário foi de 480min/dia e o tempo gasto em atividade física de moderada a alta intensidade foi de 7,4min/dia.

ATIVIDADES

10. Como se pode classificar o perfil de AFVD do paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

O paciente pode ser classificado como fisicamente inativo e sedentário, pois realizou apenas 7,4min/dia de atividades físicas de moderada intensidade, estando abaixo das recomendações atuais. Além disso, o tempo em comportamento sedentário foi de 480min/dia, ou seja, 6 horas.

Resposta correta.


O paciente pode ser classificado como fisicamente inativo e sedentário, pois realizou apenas 7,4min/dia de atividades físicas de moderada intensidade, estando abaixo das recomendações atuais. Além disso, o tempo em comportamento sedentário foi de 480min/dia, ou seja, 6 horas.

O paciente pode ser classificado como fisicamente inativo e sedentário, pois realizou apenas 7,4min/dia de atividades físicas de moderada intensidade, estando abaixo das recomendações atuais. Além disso, o tempo em comportamento sedentário foi de 480min/dia, ou seja, 6 horas.

11. O que é possível dizer sobre o prognóstico do paciente do caso clínico com relação à AFVD?

Confira aqui a resposta

Tanto a inatividade física quanto o tempo excessivo em comportamento sedentário (6 horas, nesse caso) estão associados a maiores taxas de mortalidade (por todas as causas e por causas cardíacas). Além disso, o paciente não cumpre a recomendação de 150min/semana de atividade física moderada, que está associada a uma menor probabilidade de hospitalização por descompensação da IC em um período de 5 anos. Em caso de internação, sua AFMV, que foi de 7,4min/dia, está relacionada a um maior risco de mortalidade após a alta e de re-hospitalização em relação àqueles pacientes que relatam 180min ou mais de AFMV.

Resposta correta.


Tanto a inatividade física quanto o tempo excessivo em comportamento sedentário (6 horas, nesse caso) estão associados a maiores taxas de mortalidade (por todas as causas e por causas cardíacas). Além disso, o paciente não cumpre a recomendação de 150min/semana de atividade física moderada, que está associada a uma menor probabilidade de hospitalização por descompensação da IC em um período de 5 anos. Em caso de internação, sua AFMV, que foi de 7,4min/dia, está relacionada a um maior risco de mortalidade após a alta e de re-hospitalização em relação àqueles pacientes que relatam 180min ou mais de AFMV.

Tanto a inatividade física quanto o tempo excessivo em comportamento sedentário (6 horas, nesse caso) estão associados a maiores taxas de mortalidade (por todas as causas e por causas cardíacas). Além disso, o paciente não cumpre a recomendação de 150min/semana de atividade física moderada, que está associada a uma menor probabilidade de hospitalização por descompensação da IC em um período de 5 anos. Em caso de internação, sua AFMV, que foi de 7,4min/dia, está relacionada a um maior risco de mortalidade após a alta e de re-hospitalização em relação àqueles pacientes que relatam 180min ou mais de AFMV.

12. Que estratégias poderiam ser inseridas ao programa de reabilitação cardíaca para incentivar a mudança do estilo de vida do paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

Os profissionais da saúde envolvidos devem promover educação continuada com o objetivo de conscientizar os pacientes e seus entes próximos quanto à importância do exercício físico e do combate ao sedentarismo; além de identificar as barreiras e os facilitadores para a atividade física; traçar estratégias de automanejo de sintomas e de autoeficácia para a realização dessas atividades e utilizar metas individualizadas e feedback por meio de monitores de exercícios físicos conectados a aplicativos de smartphones.

Resposta correta.


Os profissionais da saúde envolvidos devem promover educação continuada com o objetivo de conscientizar os pacientes e seus entes próximos quanto à importância do exercício físico e do combate ao sedentarismo; além de identificar as barreiras e os facilitadores para a atividade física; traçar estratégias de automanejo de sintomas e de autoeficácia para a realização dessas atividades e utilizar metas individualizadas e feedback por meio de monitores de exercícios físicos conectados a aplicativos de smartphones.

Os profissionais da saúde envolvidos devem promover educação continuada com o objetivo de conscientizar os pacientes e seus entes próximos quanto à importância do exercício físico e do combate ao sedentarismo; além de identificar as barreiras e os facilitadores para a atividade física; traçar estratégias de automanejo de sintomas e de autoeficácia para a realização dessas atividades e utilizar metas individualizadas e feedback por meio de monitores de exercícios físicos conectados a aplicativos de smartphones.

Conclusão

Em geral, pacientes com IC apresentam um perfil de AFVD caracterizado por tempo excessivo em comportamento sedentário e por serem fisicamente inativos. Trata-se de uma questão que demanda intervenções específicas que visam à alteração do estilo de vida, uma vez que ambas as características desse perfil estão relacionadas a um pior prognóstico. Indivíduos mais inativos na vida diária apresentam menor sobrevida e maiores taxas de hospitalização por descompensação da IC.

Sendo assim, é recomendado que os fisioterapeutas incluam na avaliação inicial para admissão de pacientes com IC em programas de reabilitação uma forma de mensuração objetiva do perfil de AFVD por meio de monitores de atividade física. Desfechos como contagem diária de passos, tempo despendido em posturas e atividades físicas de diferentes intensidades fornecem as informações necessárias para se determinar os objetivos a serem alcançados com o processo de intervenção.

Embora programas tradicionais de reabilitação cardíaca não tenham se demonstrado efetivos para reduzir o tempo em comportamento sedentário e aumentar o nível de atividade física desses pacientes, estratégias específicas de mudança comportamental têm sido recentemente propostas.

Atividades: Respostas

Atividade 1 // Resposta: A

Comentário: Os sintomas de fadiga e/ou dispneia somados à redução da capacidade de exercício restringem a realização das atividades físicas cotidianas de pacientes com IC, o que, consequentemente, limita sua funcionalidade. Fome frequente e mudanças de humor não se encaixam nos sintomas de IC.

Atividade 2 // Resposta: D

Comentário: AFVD é definida como a totalidade de atividades realizadas durante a vida cotidiana. Ela pode ser mensurada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

Atividade 3 // Resposta: B

Comentário: De acordo com o ACMS, um indivíduo deve realizar 150min/semana de atividades físicas de moderada intensidade (em média, 30min/dia por 5 dias) para ser considerado fisicamente ativo na vida diária.

Atividade 4 // Resposta: A

Comentário: A inatividade física pode ser definida como um nível de atividade física insuficiente para alcançar as recomendações atuais de atividade física, ou seja, 150min por semana de exercícios físicos de moderada intensidade.

Atividade 5 // Resposta: D

Comentário: Geralmente, indivíduos com IC apresentam inatividade física e comportamento sedentário.

Atividade 6 // Resposta: C

Comentário: Os testes funcionais podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica, mobilidade e equilíbrio, mas não são utilizados para a medida da AFVD, que pode ser calculada por meio de observação direta, quantificação e/ou estimação do gasto energético, uso de questionários de atividade física autorrelatada, sensores de movimento e monitores de atividade física.

Atividade 7 // Resposta: B

Comentário: Apenas as afirmativas I e III estão corretas. A segunda alternativa está incorreta, porque indivíduos com IC apresentam uma redução da reserva cardíaca, e não um aumento.

Atividade 8 // Resposta: C

Comentário: Com base nos estudos feitos até o momento, os pacientes com IC realizam em torno de 40 a 70% menos AFMV do que pessoas sem IC, apesar de ambos apresentarem tempo excessivo em comportamento sedentário.

Atividade 9 // Resposta: A

Comentário: Apenas a afirmativa I está correta. A segunda alternativa está incorreta, porque, geralmente, protocolos baseados em treinamento físico demonstraram que nenhum desfecho de atividade física foi responsivo a tais intervenções, e tratamentos que visam à alteração do perfil de AFMV requerem uma abordagem específica e mais abrangente. A terceira alternativa está incorreta, porque a anergia, a baixa motivação e uma menor autoeficácia para o exercício estão associadas à inatividade física, ou seja, os indivíduos que apresentam essas características tendem a ser menos ativos fisicamente.

Atividade 10

RESPOSTA: O paciente pode ser classificado como fisicamente inativo e sedentário, pois realizou apenas 7,4min/dia de atividades físicas de moderada intensidade, estando abaixo das recomendações atuais. Além disso, o tempo em comportamento sedentário foi de 480min/dia, ou seja, 6 horas.

Atividade 11

RESPOSTA: Tanto a inatividade física quanto o tempo excessivo em comportamento sedentário (6 horas, nesse caso) estão associados a maiores taxas de mortalidade (por todas as causas e por causas cardíacas). Além disso, o paciente não cumpre a recomendação de 150min/semana de atividade física moderada, que está associada a uma menor probabilidade de hospitalização por descompensação da IC em um período de 5 anos. Em caso de internação, sua AFMV, que foi de 7,4min/dia, está relacionada a um maior risco de mortalidade após a alta e de re-hospitalização em relação àqueles pacientes que relatam 180min ou mais de AFMV.

Atividade 12

RESPOSTA: Os profissionais da saúde envolvidos devem promover educação continuada com o objetivo de conscientizar os pacientes e seus entes próximos quanto à importância do exercício físico e do combate ao sedentarismo; além de identificar as barreiras e os facilitadores para a atividade física; traçar estratégias de automanejo de sintomas e de autoeficácia para a realização dessas atividades e utilizar metas individualizadas e feedback por meio de monitores de exercícios físicos conectados a aplicativos de smartphones.

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Autores

NIDIA APARECIDA HERNANDES // Graduada em Fisioterapia pela Unopar. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor-HCFMUSP). Mestra em Fisioterapia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Doutora em Ciências da Saúde pela UEL. Professora adjunta do Departamento de Fisioterapia da UEL.

GIANNA KELREN WALDRICH BISCA RECHE // Graduada em Fisioterapia pela UEL. Residência em Fisioterapia Cardiofuncional pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Coffito/Assobrafir). Mestra em Ciências da Saúde pela UEL. Doutora em Ciências da Reabilitação pela Unopar. Professora do Departamento de Fisioterapia do Centro Universitário Filadélfia (UniFil), Londrina/PR. Professora assistente do Departamento de Fisioterapia da UEL.

Como citar a versão impressa deste documento

Hernandes NA, Reche GKWB. (In)atividade física e comportamento sedentário na insuficiência cardíaca. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Nascimento LL, Mendes LPS, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória: Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2024. p. 11–30. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2). https://doi.org/10.5935/978-85-514-1223-7.C0001