Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar aspectos epidemiológicos da ingestão de corpo estranho pela população pediátrica;
- realizar a avaliação inicial da criança com suspeita de ingestão de corpo estranho;
- manejar o caso de acordo com o corpo estranho ingerido.
Esquema conceitual
Introdução
Aproximadamente 98% dos casos de ingestão de corpo estranho ocorrem em crianças, principalmente de forma acidental. Os objetos mais envolvidos são aqueles encontrados no ambiente doméstico, como moedas, brinquedos, joias, ímãs e baterias.1-5
O prognóstico diante da ingestão de corpo estranho pela população pediátrica geralmente é bom. A maioria dos pacientes tolera a passagem do objeto ingerido sem intervenção;3 os corpos estranhos ingeridos passam livremente pelo trato gastrintestinal (TGI) em cerca de 80% das situações. Assim, a remoção endoscópica é necessária em apenas 20% dos casos.1,4,6,7 Mesmo em cenários em que a intervenção é necessária, a mortalidade e a morbidade são baixas.3
Eméticos e relaxantes musculares são ineficazes e potencialmente perigosos no tratamento de crianças com corpos estranhos esofágicos. Da mesma forma, o uso de laxantes para promover a passagem de objetos pelo intestino não se mostrou eficaz.3
Ingestões de alto risco (baterias de botão [BBs] ou de disco, ímãs) podem levar a complicações e, em casos raros, à morte.3 Potenciais complicações incluem1,3,4
- obstrução;
- perfuração;
- sangramento;
- formação de abscessos;
- peritonite;
- formação de fístula.
Menos de 1% dos casos leva a uma perfuração ou obstrução e requer cirurgia.1,4,6,7 De todos os objetos, os que estão mais associados a lesões graves são as baterias maiores à base de lítio, apesar de todos os modelos apresentarem algum risco. Por isso, crianças com suspeita de ingestão de BB devem ser tratadas com urgência.1,3,4