Entrar

INTERPRETAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE MEMBROS INFERIORES: VALORES NORMATIVOS PARA A PRÁTICA CLÍNICA

Autores: Diery Fernandes Rugila, Gianna Waldrich Bisca , Simone Dal Corso , Karina Couto Furlanetto
epub-BR-PROFISIO-CAR-C7V2_Artigo2

Introdução

A avaliação da capacidade funcional de indivíduos com doenças cardiovasculares e respiratórias é de grande importância, pois essas pessoas apresentam desequilíbrio nesses sistemas, o que pode levar a uma consequente alteração no sistema musculoesquelético. Alguns testes que avaliam a capacidade de exercício são amplamente utilizados, como o teste de caminhada de seis minutos (TC6min), que apresenta um protocolo bem estabelecido para a sua realização.1

Além do TC6mim, outros testes funcionais apresentam inúmeras vantagens, como baixo custo, facilidade de aplicação, tempo curto para realização e necessidade de pouco espaço físico. Por serem acessíveis para a maioria dos profissionais e uma opção prática e fácil de avaliação da capacidade funcional, esses testes têm sido cada vez mais utilizados por clínicos e pesquisadores.2

De maneira geral, os testes funcionais podem refletir capacidade de exercício, força muscular periférica, mobilidade e equilíbrio. Diversos protocolos e variações de testes funcionais para a avaliação da capacidade funcional estão disponíveis na literatura. Entretanto, neste capítulo, serão abordados a descrição de protocolos e os aspectos técnicos para realização apenas dos testes mais citados na literatura internacional para a avaliação de pacientes com doenças cardiorrespiratórias crônicas, incluindo

 

  • TC6min;
  • teste de caminhada de dois minutos (TC2min);
  • teste de velocidade da marcha em 4 metros, (em inglês, 4-Meter Gait Speed [4MGS]);
  • timed up and go (TUG);
  • teste de levantar e sentar (TLS) de cinco repetições, 30 segundos e 1 minuto;
  • teste do degrau de três minutos (TD3min);
  • teste do degrau de seis minutos (TD6min);
  • stair climb power test (SCPT);
  • short physical performance battery (SPPB).

Também estão incluídos os valores de referência e propriedades de medida de cada teste.

Por serem instrumentos de medida, há a necessidade de conhecer algumas propriedades desses testes para a sua correta interpretação. Dessa forma, para entender este capítulo, primeiramente é necessário conhecer os seguintes conceitos:3,4

 

  • valores de referência — dados que variam de acordo com a faixa etária e o sexo (valores normativos esperados para uma determinada população) ou a partir de equações preditivas;
  • validade — grau com que um teste ou instrumento mede o que se propõe a mensurar. Uma das formas de validar um instrumento em determinada população é por meio de correlações entre a variável estudada com outras de natureza semelhante.
  • confiabilidade teste-reteste (reprodutibilidade) — capacidade de obter resultados semelhantes com avaliações repetidas nas mesmas condições em diferentes momentos; grau em que a medição está livre de erro; até que ponto os valores não são alterados para medições repetidas sob várias condições. Analisa-se esse aspecto por meio do coeficiente de correlação intraclasse (CCI);
  • mínima mudança detectável (MMD) — aspecto que se refere à menor mudança necessária para ser estatisticamente detectável e que seja superior ao erro padrão de medida;
  • mínima diferença importante (MDI) — aspecto que se refere à menor diferença entre medidas considerada importante para os pacientes; é a menor mudança clinicamente relevante após uma intervenção que seja detectável pelo próprio paciente (melhora ou piora);
  • pontos de corte — valores com a melhor combinação entre sensibilidade (verdadeiros positivos) e especificidade (verdadeiros negativos), auxiliando a discriminar os indivíduos com redução da capacidade funcional dos indivíduos com capacidade funcional preservada, respectivamente.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer diferentes protocolos de realização de testes funcionais de membros inferiores em indivíduos com doenças cardiorrespiratórias;
  • identificar aspectos técnicos para a aplicação de testes funcionais;
  • interpretar os resultados obtidos na realização dos testes utilizando valores normativos;
  • identificar e interpretar as propriedades de medida de cada teste apresentado;
  • discutir a aplicabilidade dos diferentes tipos de testes.

Esquema conceitual

×
Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login