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INTERVENÇÃO NO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO: ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Raquel Menezes Gonçalves

Marina dos Santos Melani

Monique Nascimento Júdice

Mirtes Garcia Pereira

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • determinar o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) com base nos critérios diagnósticos e suas características fundamentais;
  • listar os possíveis fatores associados à maior vulnerabilidade ao TEPT;
  • identificar a possível reação peritraumática de imobilidade tônica (IT) e sua relação com o desenvolvimento e a gravidade do TEPT;
  • selecionar, com base nas evidências, as estratégias cognitivo-comportamentais que irão compor o tratamento;
  • caracterizar os aspectos particulares do tratamento de pacientes que apresentaram IT durante o trauma.

Esquema conceitual

Introdução

Os eventos potencialmente traumáticos podem trazer consequências prejudiciais à saúde física e mental do indivíduo. Embora sua definição varie nas diferentes edições de manuais de transtornos mentais, comumente considera-se trauma o evento que inclui um elemento definidor de ameaça ou danos. Geralmente, são considerados eventos potencialmente traumáticos

  • exposição à morte ou à ameaça de morte;
  • lesão grave;
  • violência sexual.

Particularmente os profissionais de saúde se depararam não apenas com a potencial morte de muitos pacientes e colegas de trabalho e/ou familiares, mas também com o medo de serem infectados e contaminarem outras pessoas.

Sabe-se que alguns eventos ocorridos antes, durante ou depois do trauma contribuem para o desenvolvimento do transtorno, podendo, inclusive, influenciar o processamento da memória do evento e levar a um senso constante de ameaça/medo. Esses são considerados fatores de vulnerabilidade (ou de risco) para o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Determinar esses fatores de risco para o TEPT, em casos de exposição a situações traumáticas, é fundamental para a identificação daqueles indivíduos mais propensos a desenvolverem o transtorno ou apresentá-lo com maior gravidade.

O tratamento considerado padrão-ouro para o TEPT é a psicoterapia focada no trauma.1 A maioria dessas psicoterapias tem base cognitivo-comportamental e possui um elemento em comum: as técnicas de exposição. Ainda, costumam compor o tratamento as estratégias comuns à terapia cognitivo-comportamental (TCC), como psicoeducação, manejo da ansiedade e reestruturação cognitiva.

Neste capítulo, serão abordadas as características do TEPT e seus critérios diagnósticos segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais — 5ª edição (DSM-5) da American Psychiatric Association (APA).2 São mencionados os fatores de risco para TEPT, dando ênfase às reações peritraumáticas devido a seu efeito robusto na predição do desenvolvimento e da gravidade desse transtorno.

Um enfoque especial será dado à reação peritraumática de imobilidade tônica (IT), uma vez que, na literatura, há evidências recentes de que essa reação seja um potente preditor de gravidade do TEPT, além de estar associada a piores prognóstico e resposta ao tratamento farmacológico. Essa é uma reação peritraumática que, apesar de pouco abordada na literatura sobre TEPT e intervenções terapêuticas, é de suma importância e, muitas vezes, está acompanhada de sentimento de culpa e vergonha que agravam o sofrimento da vítima.

Para ilustrar a ocorrência desse fenômeno, cuja prevalência na população geral varia muito entre os países, será apresentado um exemplo clínico envolvendo a reação de IT durante o trauma e sua evolução após a intervenção psicoterápica. Vale ressaltar que a psicoeducação direcionada a esse fenômeno — de natureza inata e involuntária — pode trazer um importante alívio ao sofrimento da vítima.

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