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INTERVENÇÕES PSICOTERÁPICAS PARA O TRANSTORNO DE PÂNICO

Marcele Regine de Carvalho

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a importância de nortear a prática clínica a partir de evidências científicas atuais;
  • identificar a definição diagnóstica do transtorno de pânico (TP) e os fatores de manutenção do transtorno;
  • reconhecer os mecanismos de mudança relacionados ao tratamento do TP;
  • apontar as intervenções psicológicas indicadas para o tratamento do TP;
  • estabelecer os desafios clínicos que podem estar presentes no tratamento do TP.

Esquema conceitual

Introdução: a prática clínica norteada por evidências científicas atualizadas

A Prática da Psicologia Baseada em Evidências (PPBE) é definida como a integração de consolidadas teorias psicológicas com a melhor evidência de pesquisa científica disponível (que resulta de pesquisas com alta qualidade metodológica), aliada à experiência profissional na tomada de decisão em relação ao tratamento clínico no contexto das características, da cultura e das preferências do paciente.1,2

A PPBE pode contribuir com a elaboração de diretrizes, procedimentos e definição de políticas públicas na área da psicologia.1,2

A utilização de resultados de pesquisas como guia para a prática é um dos pilares da PPBE, e o psicólogo necessita saber como acessar, avaliar e interpretar as evidências, bem como integrá-las com as características e as preferências do paciente para a tomada de decisão clínica. Assim, o conhecimento científico esclarece, sustenta e respalda as decisões clínicas, os gestores públicos podem se valer das evidências para a definição de políticas públicas, e a sociedade pode se beneficiar com o produto resultante dos esforços em pesquisas.2

As evidências de pesquisa são classificadas considerando-se informações científicas de maior confiabilidade e precisão em condutas terapêuticas e preventivas. Devem ser consideradas as seguintes características das intervenções:1

  • eficácia (a psicoterapia funciona em condições de “mundo ideal”, ou seja, estudo controlado);
  • efetividade (a psicoterapia funciona em condições do “mundo real”);
  • eficiência (o custo-benefício do tratamento é avaliado);
  • segurança (a psicoterapia tem efeitos confiáveis, que tornam improvável a ocorrência de algum efeito indesejável).

É no contexto descrito que se destaca a importância de uma prática profissional responsável, não baseada em preferências, mas criteriosamente embasada e justificada. Algumas organizações internacionais publicam diretrizes de práticas baseadas em evidências, que geralmente têm suporte em metanálises, estudos controlados ou outras evidências de rigor científico que possam contribuir para responder a perguntas sobre a eficácia das intervenções.3 Pode-se destacar o National Institute for Health and Care Excellence e a Divisão 12 da American Psychological Association. Além disso, a base de dados Cochrane Library reúne consensos a partir de revisões sistemáticas e metanálises.

O TP tem sido amplamente estudado, e o tratamento em terapia cognitivo-comportamental (TCC), uma PPBE, está estabelecido com um sólido suporte empírico.4

O tratamento com base em TCC tem demonstrado efeitos em curto e longo prazo, bem como a manutenção de ganhos após o fim do tratamento.5

Os modelos de tratamento cognitivo-comportamentais para o TP baseiam-se em três principais componentes:4

  • medo de sensações corporais;
  • distorções cognitivas (catastrofização);
  • comportamento de esquiva.

As intervenções para tratamento do TP apresentadas neste capítulo serão aquelas respaldadas pelas diretrizes das fontes citadas anteriormente e pelo manual Evidence-Based Psychotherapy de práticas baseadas em evidências recentemente publicado por David e colaboradores.4 Todas essas diretrizes consideram a TCC como uma psicoterapia eficaz e de escolha para o tratamento do TP.

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