Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- realizar o estadiamento tumoral das neoplasias orais;
- estabelecer e implementar os métodos de diagnóstico adequados para os casos de neoplasias de cavidade oral;
- identificar a melhor conduta terapêutica para as neoplasias de cavidade oral;
- estabelecer o prognóstico do paciente conforme o tipo histológico da neoplasia.
Esquema conceitual
Introdução
O desenvolvimento e o aparecimento de neoplasmas na medicina veterinária têm aumentado significativamente nos últimos anos, afetando principalmente as espécies canina e felina, o que provavelmente se deve ao fato de que a maior população de pets é de cães e gatos.
As neoplasias em cavidade oral dividem-se em neoplasias odontogênicas e não odontogênicas, as quais podem apresentar diferentes comportamentos biológicos, resultando em melhor ou pior prognóstico para o paciente.
Por causa desse fato, existe a grande importância da identificação dos tumores orais mediante adequada avalição física do paciente, avaliação das características macroscópicas da neoplasia, permitindo orientar o médico-veterinário sobre a melhor ferramenta diagnóstica e, consequentemente, a instauração do tratamento adequado conforme o estadiamento tumoral, e, não menos importante, a análise do prognóstico do paciente com essa neoplasia e o entendimento de qual será a sua qualidade de vida.
Neste capítulo, abordam-se, de forma geral, as neoplasias da cavidade oral, as formas de diagnóstico e, especialmente, as terapias que podem ser implementadas nas diferentes situações, permitindo que o leitor tenha um conhecimento amplo sobre o tema em questão.
Neoplasias em cavidade oral
As neoplasias em cavidade oral representam aproximadamente de 1,2 a 10% de todas as neoplasias presentes nas espécies canina e felina, representando a quarta região anatômica mais acometida por câncer, tendo aparentemente maior predisposição por machos. As neoplasias malignas representam aproximadamente 53,6% de todos os tumores orais em cães e 58,1% das neoplasias orais em gatos.1–5
A etiologia das neoplasias de cavidade oral é totalmente desconhecida, porém, acredita-se que seja multifatorial, como, por exemplo, genética, situação em que pacientes com parentes com câncer têm a possibilidade de desenvolver esse quadro em algum momento da vida, o fator ambiental, como a exposição prolongada a produtos cancerígenos, que aumentam as possibilidades do desenvolvimento tumoral, e também fatores hormonais. Ainda se desconhece se a parte nutricional pode ser um fator que aumente o aparecimento de neoplasias de cavidade oral.1
A presença de um tumor na cavidade oral não é sinônimo de câncer, por isso é indispensável identificar a origem celular de todo nódulo presente na cavidade oral, sendo que as neoplasias de cavidade oral podem se dividir em tumores odontogênicos e não odontogênicos, e é possível encontrar uma grande variedade de tipos histológicos, sejam neoplasias benignas ou malignas.6
Tumores odontogênicos
Os tumores odontogênicos são neoplasias que se derivam de tecidos embriológicos do desenvolvimento dentário, ou seja, originam-se nas peças dentárias.6,7
A maioria dos tumores odontogênicos são benignos, no entanto, alguns deles apresentam um comportamento agressivo local, como grande infiltração e lise óssea adjacente, podendo acometer grande porção da mandíbula ou da maxila. O Quadro 1 apresenta os tipos histológicos mais frequentes em cães e gatos.6,7
Quadro 1
TIPOS HISTOLÓGICOS DE NEOPLASMAS ODONTOGÊNICOS MAIS FREQUENTES |
||
Neoplasias |
Origem |
Tipo histológico |
Benignas |
Epitelial |
Ameloblastoma acantomatoso |
Epúlide acantomatoso |
||
Fibroma ameloblástico |
||
Fibro-odontoma ameloblástico |
||
Odontoma |
||
Tumor odontogênico epitelial calcificante |
||
Mesodérmica |
Fibroma odontogênico periférico |
|
Epúlide fibromatoso |
||
Epúlide ossificante |
||
Cementoma |
||
Fibroma cementificado |
||
Cistos odontogênicos |
Cistos dentígeros |
|
Cistos radiculares |
||
Malignas |
Carcinomas |
Carcinoma primário intraósseo |
Sarcomas |
Fibrodentinossarcoma ameloblástico |
|
Lesões semelhantes a neoplasias |
Inflamação de estruturas odontogênicas e tecidos periodontais |
|
Granuloma periférico de células gigantes |
||
Hiperplasia gengival |
// Fonte: Adaptado de Requicha e colaboradores (2015);6 Castelló e colaboradores (2014).7
O tipo histológico mais frequente entre os tumores odontogênicos é o ameloblastoma acantomatoso, que pode representar até 45% de todas as neoplasias odontogênicas, e, em segundo lugar, o fibroma odontogênico periférico, com 31% na espécie canina.8
Epúlide
O epúlide caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia benigna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal e representa aproximadamente 25% das neoplasias benignas da cavidade oral. Pelo fato de os aspectos macroscópicos poderem ser similares aos de neoplasias malignas, é indispensável realizar a identificação histológica, permitindo implementar a melhor terapia.4,6,9
Pode-se classificar o epúlide em fibromatoso, ossificante, acantomatoso e de células gigantes, e este último pode ser considerado como uma lesão semelhante a uma neoplasia com características inflamatórias.4,6,9
O epúlide fibromotoso não está relacionado com invasão e agressividade local e dificilmente irá alterar a mastigação do paciente, exceto em crescimentos exacerbados, diferentemente do epúlide acantomatoso, o qual é altamente invasivo e agressivo localmente, causando lise das estruturas ósseas adjacentes, chegando a comprometer de forma significativa a mastigação do paciente. Ainda, o epúlide ossificante também pode ser agressivo localmente e pode evoluir da mesma forma que o osteossarcoma.4,6,9
Ameloblastoma
O ameloblastoma é uma neoplasia benigna do epitélio odontogênico que representa aproximadamente 45% das neoplasias odontogênicas. O ameloblastoma apresenta evolução lenta, porém é altamente agressivo localmente, causando grandes infiltrações locais e ocasionando lise óssea do tecido adjacente.10–12
A terapia mais indicada para ameloblastoma é a exérese cirúrgica visando a uma margem de segurança de 1 a 2cm para minimizar as taxas de recidiva.10–12
Em teoria, pelo fato de ser uma neoplasia benigna, o ameloblastoma não deveria causar metástase, no entanto, na literatura, encontram-se artigos citando a ausência de metástase e artigos relatando um porcentual de metástase de 2%, assim como ocorre em humanos.10–12
As Figuras 1A–C apresentam fotografias de paciente felino com ameloblastoma.
FIGURA 1: Imagens fotográficas de paciente felino com ameloblastoma. A) Evidencia-se deslocamento mandibular por causa do tumor (seta). B) Aumento do volume da região mandibular rostral e medial (seta). C) Área acometida pelo ameloblastoma. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Tumores não odontogênicos
Os tumores não odontogênicos são neoplasias que se originam de qualquer tecido e estrutura da cavidade oral, com exceção do tecido dentário.1,6,13
Entre os exemplos de tumores não odontogênicos, destacam-se os localizados1,6,13
- na mandíbula;
- na maxila;
- na língua;
- na mucosa oral;
- no palato;
- nas tonsilas;
- no periodonto.
Diferentemente dos tumores odontogênicos, a maioria das neoplasias não odontogênicas são malignas, e a sua agressividade vai depender do tipo histológico e da sua localização.1,6,13
Os neoplasmas mais frequentes na espécie canina são o melanoma, o carcinoma espinocelular (CEC) e o fibrossarcoma; na espécie felina, são os carcinomas de células escamosas e os melanomas.1,6,13
O Quadro 2 apresenta tipos histológicos de neoplasmas não odontogênicos.
Quadro 2
TIPOS HISTOLÓGICOS DE NEOPLASMAS NÃO ODONTOGÊNICOS MAIS FREQUENTES |
|
Neoplasias |
Tipo histológico |
Benignas |
Adenoma |
Fibroma |
|
Osteoma |
|
Hemangioma |
|
Condroma |
|
Histiocitoma |
|
Papiloma |
|
Plasmocitoma |
|
Malignas |
Melanoma |
CEC |
|
Fibrossarcoma |
|
Adenocarcinoma |
|
Condrossarcoma |
|
Sarcomas |
|
Mastocitoma |
|
Osteossarcoma |
|
Tumor venéreo transmissível |
|
Linfoma |
|
Hemangiossarcoma |
CEC: carcinoma espinocelular.
// Fonte: Adaptado de Dias e colaboradores (2013);1 Requicha e colaboradores (2015);6 Salgado e colaboradores (2008).13
Melanoma
O melanoma é a neoplasia maligna de cavidade oral mais frequente em cães, diferentemente da espécie felina, em que é pouco comum. O melanoma se origina da mutação dos melanócitos, não tem predisposição sexual, com maior frequência em pacientes idosos, e aparentemente acomete mais a cães sem raça definida (SRD), embora se observe frequentemente em cães das raças golden retriever, poodle, chow-chow, terrier escocês, entre outros. Pode-se interpretar o comportamento biológico mediante a associação de vários fatores, como14,15
- tamanho;
- invasão local;
- localização;
- informações histológicas;
- estadiamento.
Porém, apesar de ter esses parâmetros citados, a agressividade do melanoma oral é alta, tendo elevadas porcentagens de recidiva e de metástase regional por meio das vias linfáticas e/ou a distância por intermédio da via hematógena, resultando em prognóstico desfavorável.14,15
Pode-se observar o melanoma mais comumente na gengiva, mas também acomete lábios, língua, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas. A sua evolução e o seu crescimento costumam ser rápidos, os nódulos podem ser pigmentados (melanoma melanótico), mas também podem se encontrar sem pigmento (melanoma amelanótico), o tipo mais agressivo. Os melanomas costumam ser lesões ulceradas, especialmente em neoplasmas grandes, nas quais ocorre um traumatismo constante por causa das peças dentárias.14–16
Infelizmente, em decorrência do seu potencial de agressividade, a maioria dos pacientes não chega a um ano de vida, sendo que geralmente a sobrevida é de aproximadamente três meses após o tratamento.14–16
As Figuras 2–4 apresentam imagens de pacientes com melanoma oral.
FIGURA 2: Imagem fotográfica de paciente canino com melanoma oral em mandíbula. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 3: Imagem de paciente canino com melanoma oral em maxila, gengiva e palato. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 4: Imagem fotográfica de paciente felino com melanoma oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
ATIVIDADES
1. Com relação à incidência de neoplasias em cavidade oral, assinale a alternativa correta.
A) Primeira região anatômica mais acometida por neoplasmas.
B) Segunda região anatômica mais acometida por neoplasmas.
C) Terceira região anatômica mais acometida por neoplasmas.
D) Quarta região anatômica mais acometida por neoplasmas.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".
Entre todas as regiões anatômicas que podem ser afetadas por um câncer, a cavidade oral é a quarta localização na qual podem se desenvolver neoplasias.
Resposta correta.
Entre todas as regiões anatômicas que podem ser afetadas por um câncer, a cavidade oral é a quarta localização na qual podem se desenvolver neoplasias.
A alternativa correta é a "D".
Entre todas as regiões anatômicas que podem ser afetadas por um câncer, a cavidade oral é a quarta localização na qual podem se desenvolver neoplasias.
2. Com relação aos tipos histológicos de neoplasmas odontogênicos de origem epitelial mais frequentes, assinale a alternativa correta.
A) Fibroma odontogênico periférico.
B) Epúlide fibromatoso.
C) Odontoma.
D) Cementoma.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
O fibroma odontogênico periférico, o epúlide fibromatoso e o cementoma são neoplasmas odontogênicos de origem mesodérmica.
Resposta correta.
O fibroma odontogênico periférico, o epúlide fibromatoso e o cementoma são neoplasmas odontogênicos de origem mesodérmica.
A alternativa correta é a "C".
O fibroma odontogênico periférico, o epúlide fibromatoso e o cementoma são neoplasmas odontogênicos de origem mesodérmica.
3. Observe as afirmativas sobre o epúlide.
I. Caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia maligna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal.
II. Representa cerca de 25% das neoplasias benignas da cavidade oral.
III. Pode ser classificado em fibromatoso, ossificante, acantomatoso e de células gigantes.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
O epúlide caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia benigna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal.
Resposta correta.
O epúlide caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia benigna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal.
A alternativa correta é a "B".
O epúlide caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia benigna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal.
4. Com relação ao ameloblastoma, assinale a alternativa correta.
A) O ameloblastoma é uma neoplasia maligna de origem não odontogênica.
B) O ameloblastoma é uma neoplasia maligna e apresenta origem odontogênica.
C) O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem odontogênica.
D) O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem não odontogênica.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem odontogênica que pode afetar cães e felinos.
Resposta correta.
O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem odontogênica que pode afetar cães e felinos.
A alternativa correta é a "C".
O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem odontogênica que pode afetar cães e felinos.
5. Observe as afirmativas sobre as neoplasias odontogênicas e as não odontogênicas.
I. A maioria das neoplasias malignas de cavidade oral são de origem odontogênica.
II. Os tumores odontogênicos são neoplasias que se derivam de tecidos embriológicos do desenvolvimento dentário.
III. A agressividade dos tumores não odontogênicos possui relação com a sua localização.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
As neoplasias de cavidade oral podem ser de origem não odontogênica e odontogênica, no entanto, é mais frequente observar a presença de neoplasias malignas de origem não odontogênica.
Resposta correta.
As neoplasias de cavidade oral podem ser de origem não odontogênica e odontogênica, no entanto, é mais frequente observar a presença de neoplasias malignas de origem não odontogênica.
A alternativa correta é a "B".
As neoplasias de cavidade oral podem ser de origem não odontogênica e odontogênica, no entanto, é mais frequente observar a presença de neoplasias malignas de origem não odontogênica.
6. Com relação aos tipos histológicos de neoplasmas não odontogênicos mais frequentes considerados benignos, assinale a alternativa correta.
A) Osteossarcoma.
B) Hemangiossarcoma.
C) Linfoma.
D) Adenoma.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".
O osteossarcoma, o hemangiossarcoma e o linfoma são considerados tumores malignos.
Resposta correta.
O osteossarcoma, o hemangiossarcoma e o linfoma são considerados tumores malignos.
A alternativa correta é a "D".
O osteossarcoma, o hemangiossarcoma e o linfoma são considerados tumores malignos.
7. Com relação ao neoplasma oral mais frequente em cães, assinale a alternativa correta.
A) Fibrossarcoma.
B) Melanoma.
C) CEC.
D) Mastocitoma.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que o câncer de cavidade oral mais comum em cães é o melanoma.
Resposta correta.
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que o câncer de cavidade oral mais comum em cães é o melanoma.
A alternativa correta é a "B".
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que o câncer de cavidade oral mais comum em cães é o melanoma.
8. Observe as afirmativas sobre as características do melanoma.
I. O melanoma pode ser observado mais comumente na língua, mas também acomete lábios, gengiva, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas.
II. O melanoma costuma apresentar evolução e crescimento rápidos.
III. A maioria dos pacientes com melanoma não chega a um ano de vida, sendo que, geralmente, a sobrevida é de aproximadamente três meses após o tratamento.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
Pode-se observar o melanoma mais comumente na gengiva, mas também acomete lábios, língua, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas.
Resposta correta.
Pode-se observar o melanoma mais comumente na gengiva, mas também acomete lábios, língua, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas.
A alternativa correta é a "B".
Pode-se observar o melanoma mais comumente na gengiva, mas também acomete lábios, língua, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas.
Carcinoma espinocelular
O CEC é um neoplasma maligno de origem epitelial. É o segundo neoplasma mais comum da cavidade oral em cães, representando aproximadamente de 17 a 25% dos casos, diferente do que se observa na espécie felina, sendo mais frequente e representando entre 60 e 70% de todas as neoplasias orais dessa espécie, aproximadamente. O CEC pode ser não tonsilar e tonsilar (amígdala), sendo que este último deve ser considerado como separado dos subtipos do CEC não tonsilar por causa, principalmente, do seu comportamento biológico.6,17–19
O CEC não tonsilar apresenta vários subtipos histológicos, com diferentes comportamentos biológicos que estão relacionados com sua localização, sendo que, quando o CEC se desenvolve em regiões caudais da cavidade oral, o prognóstico é pior por causa de maior agressividade, diferentemente de quando o neoplasma se desenvolve na região cranial da cavidade oral, situação mais frequente.6,17–19
O CEC oral em cães apresenta aproximadamente de 10 a 36% de possibilidades de metástase em linfonodos regionais e 3% para metástase pulmonar. Trata-se de um neoplasma muito invasivo localmente, o que, em algumas situações, pode dificultar a exérese cirúrgica com uma margem de segurança adequada, aumentando a taxa de recidiva. No entanto, quando é diagnosticado precocemente e é possível realizar uma adequada exérese cirúrgica, o prognóstico pós-operatório é muito bom.6,17–19
As Figuras 5 e 6A e B apresentam imagens de pacientes com CEC.
FIGURA 5: Imagem fotográfica de paciente canino com CEC oral em maxila e palato. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 6: Imagens fotográficas de paciente canino com carcinoma oral tonsilar. A) CEC tonsilar (seta longa) com metástase em linfonodo mandibular contralateral (seta curta). B) Metástase bilateral em linfonodos mandibulares (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Fibrossarcoma
O fibrossarcoma é um neoplasma maligno de origem mesenquimal de células fusiformes ou fibroblastos. É o terceiro tipo histológico mais diagnosticado em cães, representado entre 8 e 25% de todos os neoplasmas que acometem a cavidade oral. Acomete cães a partir dos 7 anos de idade e também pode ser visto em cães mais jovens, porém com menor frequência.20–23
O fibrossarcoma é diagnosticado principalmente em cães de porte médio para grande (maiores de 20kg), e é relatado que não apresenta predisposição sexual, embora existam literaturas mostrando que os machos apresentam maior predisposição de desenvolver esse neoplasma, com cães da raça golden retriever sendo os mais afetados por esse câncer.20–23
O fibrossarcoma oral tem baixa taxa de metástase, no entanto é altamente invasivo localmente, motivo pelo qual a taxa de recidiva varia entre 31 e 57% e a sobrevida varia entre dois e 32 meses.20–23
A Figura 7 apresenta fotografia de paciente canino com fibrossarcoma oral em maxila e palato.
FIGURA 7: Imagem fotográfica de paciente canino com fibrossarcoma oral em maxila e palato. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos do fibrossarcoma são variados, e alguns deles dependem do tamanho, da localização e até do tipo histológico. Infelizmente, na maioria das situações, os tumores de cavidade oral não são identificados precocemente, e sim em estágios mais avançados, quando o paciente está apresentando diversos sinais clínicos, momento em que o tutor leva o paciente para o atendimento veterinário. Entre os sinais clínicos mais observados, destacam-se24,25
- halitose;
- sialorreia;
- hemorragia local;
- hiporexia;
- anorexia;
- perda de peso;
- caquexia;
- dificuldade para respirar;
- exoftalmia;
- secreção nasal;
- epistaxe;
- edema facial;
- perda de dentes;
- malformações orais;
- dor ao abrir e fechar a boca;
- fraturas patológicas;
- aumento do volume da região facial;
- aumento dos linfonodos mandibulares, podendo ser unilateral ou bilateral.
As Figuras 8, 9A e B e 10A e B apresentam imagens de pacientes com neoplasma oral.
FIGURA 8: Imagem fotográfica de paciente canino com neoplasma oral apresentando aumento de volume da região lateral da boca. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 9: Imagem fotográfica de paciente canino com neoplasma em maxila e palato duro. A) Evidencia-se aumento de volume da região lateral da boca. B) Neoplasma ulcerado em região caudal de maxila e palato. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 10: Imagem fotográfica de paciente canino com recidiva de fibrossarcoma oral. A) Notam-se secreção nasal unilateral e leve aumento do volume na região periorbitária (setas). B) Recidiva de fibrossarcoma oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Diagnóstico
O diagnóstico no paciente com câncer é indispensável e visa auxiliar na determinação da melhor terapia para o paciente.
O padrão-ouro para o diagnóstico definitivo são o histopatológico e a imunoistoquímica. Entretanto, existem outros exames que não podem ser ignorados e que auxiliam no diagnóstico, permitindo ter maiores informações sobre o câncer que está acometendo o paciente. Os exames que devem ser solicitados durante a pesquisa do diagnóstico no paciente com câncer em cavidade oral podem ser divididos em exames de patologia e de imagem, e o exame de imagem é fundamental para o estadiamento.
Entre os exames de patologia, destacam-se
- análise citopatológica;
- histopatológico;
- imunoistoquímica.
Entre os exames de imagem, destacam-se
- radiografia;
- ultrassonografia;
- tomografia computadorizada;
- ressonância magnética.
Exames de imagem
Os exames de imagem são ferramentas que permitem avaliar as lesões locais e sistêmicas no paciente oncológico, e cada um deles irá fornecer informações diferentes, possuindo vantagens e desvantagens na sua implementação.26
Porém, a associação de vários exames de imagem permitirá que o médico-veterinário consiga ter informações sobre lesões ósseas e extensão do neoplasma, permitindo assim a delimitação das margens de segurança e, consequentemente, auxiliando na decisão terapêutica, além de permitir a identificação de metástases a distância, fato que pode mudar a conduta terapêutica.26
Radiografia
A radiografia convencional é um exame rápido, de custo acessível e funciona como triagem do paciente oncológico. O objetivo da radiografia no paciente com câncer se baseia especificamente na identificação de metástase pulmonar e, em casos de neoplasmas orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor.26
Apesar de não ter a mesma sensibilidade que a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, deve-se implementar a radiografia como triagem. Para avaliar metástase pulmonar, indica-se a realização de três projeções radiográficas — laterolateral direito, esquerdo e ventrodorsal ou dorsoventral); para a avaliação da cavidade oral, indicam-se três projeções — lateral, dorsoventral e oblíqua.26
As Figuras 11 e 12 apresentam imagens radiográficas de paciente com melanoma oral.
FIGURA 11: Imagem radiográfica laterolateral direita de paciente canino com melanoma oral. Observam-se lise mandibular e perda da radiopacidade dentária e óssea (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 12: Imagem radiográfica dorsoventral de paciente canino com melanoma oral. Evidenciam-se lise óssea, aumento de volume do tecido mole e deslocamento das peças dentárias (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Ultrassonografia
A ultrassonografia, assim como a radiografia, é um exame economicamente acessível que permite diagnosticar nódulos em cavidade abdominal, possibilitando completar e obter mais informações sobre o estadiamento tumoral, além de identificar possíveis comorbidades. O doppler colorido é uma ferramenta da ultrassonografia que permite avaliar a vascularização nas diferentes estruturas anatômicas que estão sendo visualizadas, sendo que, na presença de neoplasma, pode-se identificar se esse nódulo é altamente vascularizado, caraterística que indica malignidade ou, inclusive, invasão tumoral em grandes vasos.26
Mediante a ultrassonografia, também é possível utilizar ferramentas como a elastografia e o contraste por microbolhas, porém, para essas duas últimas ferramentas, é necessário um software específico, o que encarece o exame.26
A elastografia consiste na avaliação da rigidez de um tecido, sugerindo que quanto mais rígido seja o tecido avaliado, maior é a sua alteração, de forma que um nódulo com rigidez alta é sugestivo de malignidade. Entretanto, apesar de ter alta acurácia, não se pode fechar o diagnóstico definitivo. Já a ultrassonografia contrastada permite avaliar o fluxo sanguíneo dos tecidos, e, no caso de lesões nodulares com características de malignidade, pode-se observar um aumento da vascularização tumoral.26
Na análise contrastada, observa-se em todas as fases da aplicação do contraste um parênquima tumoral hipoecogênico, especialmente em tumores hepáticos e esplênicos, diferentemente do que se observa em nódulos benignos, sendo mais visto durante as fases do contraste um parênquima tumoral isoecogênico. Outro uso da ultrassonografia é no auxílio da coleta de material para análise citopatológica ou de histopatologia, obtendo assim o diagnóstico definitivo. No entanto, assim como qualquer outra ferramenta, a ultrassonografia tem suas limitações, devendo, sempre que necessário, ser associada com outros exames diagnósticos e com a clínica do paciente.26
As Figuras 13A e B apresentam imagens ultrassonográficas de paciente com neoplasma oral e tumores em cavidade abdominal.
FIGURA 13: Imagens ultrassonográficas de paciente canino com neoplasma oral e presença de tumores em cavidade abdominal. A) Linfonodo ilíaco medial aumentado por possível metástase ou por alguma comorbidade (seta). B) Nódulos em parênquima hepático, suspeita de metástase ou de neoplasia primária de fígado (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Tomografia computadorizada
A tomografia computadorizada é um exame mais avançado com acurácia e sensibilidade maior, porém o seu custo também é maior. Além disso, demanda que o paciente seja anestesiado para a realização do exame. Na experiência dos autores deste capítulo, nos últimos anos no Brasil, tem-se visto um aumento da aceitação por parte do cliente para a realização da tomografia computadorizada.26
Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é para definir a extensão e a invasão local do neoplasma, além de ter maiores informações para a conduta terapêutica e para um possível planejamento pré-cirúrgico mediante análise tridimensional e reconstrução em 3D das imagens tomográficas. Além disso, auxilia no diagnóstico de lesões metastáticas em órgãos a distância.26
As Figuras 14A–C e 15A–C apresentam imagens tomográficas de pacientes com neoplasmas.
FIGURA 14: A–C) Imagens tomográficas de paciente canino com neoplasma oral. Corte axial, coronal e sagital, respectivamente. Observam-se massa extensa causando lise das estruturas ósseas adjacentes e acometimento significativo de tecido mole (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 15: A e B) Imagens tomográficas da reconstrução em 3D de paciente felino com ameloblastoma oral causando lise mandibular, fratura patológica, perda dentária e deslocamento mandibular. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Ressonância magnética
Considera-se a ressonância magnética um exame superior em comparação à tomografia computadorizada em relação à avaliação de tecidos moles e neurológicos, obtendo imagens com maior resolução desses tecidos. Esse exame permite a identificação de lesões infiltrativas e a avaliação da extensão tumoral, porém não permite realizar a reconstrução em 3D, o que é possível realizar na tomografia computadorizada.26
ATIVIDADES
9. Com relação ao neoplasma oral mais frequente em felinos, assinale a alternativa correta.
A) CEC.
B) Melanoma.
C) Fibrossarcoma.
D) Papiloma.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que, em felinos, o câncer de cavidade oral mais comum é o CEC, diferentemente do que se observa em cães.
Resposta correta.
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que, em felinos, o câncer de cavidade oral mais comum é o CEC, diferentemente do que se observa em cães.
A alternativa correta é a "A".
Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que, em felinos, o câncer de cavidade oral mais comum é o CEC, diferentemente do que se observa em cães.
10. Com relação à ocorrência de CEC e fibrossarcoma em cães, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
O CEC apresenta cerca de 10 a 36% de possibilidades de metástase em linfonodos regionais.
O fibrossarcoma é o terceiro tipo histológico mais diagnosticado em cães.
O CEC é considerado pouco invasivo localmente.
A maior incidência de fibrossarcoma é observada em cães com menos de 7 anos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V — F — V — V
B) F — F — V — F
C) V — V — F — F
D) F — V — F — V
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira afirmativa é falsa, pois se considera o CEC em cães muito invasivo localmente. A quarta afirmativa é falsa, pois o fibrossarcoma acomete cães a partir dos 7 anos de idade e também pode ser visto em cães mais jovens, porém com menor frequência.
Resposta correta.
A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira afirmativa é falsa, pois se considera o CEC em cães muito invasivo localmente. A quarta afirmativa é falsa, pois o fibrossarcoma acomete cães a partir dos 7 anos de idade e também pode ser visto em cães mais jovens, porém com menor frequência.
A alternativa correta é a "C".
A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira afirmativa é falsa, pois se considera o CEC em cães muito invasivo localmente. A quarta afirmativa é falsa, pois o fibrossarcoma acomete cães a partir dos 7 anos de idade e também pode ser visto em cães mais jovens, porém com menor frequência.
11. Com relação aos sinais clínicos das neoplasias de cavidade oral, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
Halitose.
Sialorreia.
Hemorragia local.
Ganho de peso.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V — V — V — F
B) F — F — V — F
C) V — F — F — V
D) F — V — F — V
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
A primeira, a segunda e a terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois, entre os sinais clínicos das neoplasias de cavidade oral, está a perda de peso, e não o ganho de peso.
Resposta correta.
A primeira, a segunda e a terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois, entre os sinais clínicos das neoplasias de cavidade oral, está a perda de peso, e não o ganho de peso.
A alternativa correta é a "A".
A primeira, a segunda e a terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois, entre os sinais clínicos das neoplasias de cavidade oral, está a perda de peso, e não o ganho de peso.
12. Com relação ao exame padrão-ouro para o diagnóstico de neoplasmas orais, assinale a alternativa correta.
A) Radiografia.
B) Tomografia computadorizada.
C) Citologia.
D) Histopatológico.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".
Existem diversos exames que podem ser utilizados para o diagnóstico de câncer em cães e gatos, sendo que o mais indicado na maioria das situações é o histopatológico, no entanto, na atualidade, a imunoistoquímica pode ser mais indicada.
Resposta correta.
Existem diversos exames que podem ser utilizados para o diagnóstico de câncer em cães e gatos, sendo que o mais indicado na maioria das situações é o histopatológico, no entanto, na atualidade, a imunoistoquímica pode ser mais indicada.
A alternativa correta é a "D".
Existem diversos exames que podem ser utilizados para o diagnóstico de câncer em cães e gatos, sendo que o mais indicado na maioria das situações é o histopatológico, no entanto, na atualidade, a imunoistoquímica pode ser mais indicada.
13. Com relação aos exames de imagem utilizados no diagnóstico de neoplasias de cavidade oral, assinale a alternativa correta.
A) A radiografia no paciente com câncer tem como objetivo a identificação de metástase hepática e, em casos de neoplasias orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor.
B) A ultrassonografia possui a vantagem de ser acessível economicamente, porém não permite a identificação de comorbidades presentes no paciente.
C) A ressonância magnética possui desempenho superior quando comparada à tomografia computadorizada em relação à avaliação de tecidos moles e neurológicos.
D) Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é o esclarecimento da localização do neoplasma.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
O objetivo da radiografia no paciente com câncer se baseia especificamente na identificação de metástase pulmonar e, em casos de neoplasmas orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor. A ultrassonografia é um exame economicamente acessível que permite diagnosticar nódulos em cavidade abdominal, possibilitando completar e obter mais informações sobre o estadiamento tumoral, além de identificar possíveis comorbidades. Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é para definir a extensão e a invasão local do neoplasma.
Resposta correta.
O objetivo da radiografia no paciente com câncer se baseia especificamente na identificação de metástase pulmonar e, em casos de neoplasmas orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor. A ultrassonografia é um exame economicamente acessível que permite diagnosticar nódulos em cavidade abdominal, possibilitando completar e obter mais informações sobre o estadiamento tumoral, além de identificar possíveis comorbidades. Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é para definir a extensão e a invasão local do neoplasma.
A alternativa correta é a "C".
O objetivo da radiografia no paciente com câncer se baseia especificamente na identificação de metástase pulmonar e, em casos de neoplasmas orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor. A ultrassonografia é um exame economicamente acessível que permite diagnosticar nódulos em cavidade abdominal, possibilitando completar e obter mais informações sobre o estadiamento tumoral, além de identificar possíveis comorbidades. Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é para definir a extensão e a invasão local do neoplasma.
Exames de patologia
A seguir, abordam-se os exames de patologia.
Citologia
A citologia é um exame rápido, fácil de implementar e de baixo custo, que permite obter um diagnóstico prévio ao histopatológico com excelente sensibilidade e especificidade, auxiliando na decisão terapêutica junto com todas as informações do estadiamento. Pode-se implementar a citologia mediante punção aspirativa por agulha fina (PAAF), punção com agulha fina por capilaridade (PAF) e por imprint, sendo que esta última somente pode ser implementada em lesões ulceradas ou lesionadas cirurgicamente.27
O uso da citologia em pacientes com neoplasmas orais pode representar um desafio, visto que não é comum realizar esse procedimento com o paciente acordado, sendo necessário sedá-lo ou anestesiá-lo para a realização do exame, motivo pelo qual, na maioria das vezes, o médico-veterinário opta por coletar um fragmento para análise histopatológica ao invés da citologia.27
Desde que a citologia seja coletada e analisada por profissionais com experiência na área, representa um ótimo exame a se fazer em pacientes com neoplasias orais, já que a PAAF e a PAF apresentam 87 e 85%, respectivamente, de concordância com o histopatológico. Em cães, a PAAF tem uma sensibilidade de 98% e especificidade de 100% em neoplasmas orais; em gatos, a PAAF e a PAF apresentam sensibilidade de 94 a 100% para lesões neoplásicas e não neoplásicas.27
Já para diagnóstico de lesões não neoplásicas em cães, a PAAF e a PAF têm sensibilidade de 100%, porém especificidade de 75%. Como observação final, cabe ressaltar que o resultado da análise citopatológica é muito operador-dependente.27
A Figura 16 apresenta imagem de paciente realizando exame de citologia.
FIGURA 16: Imagem fotográfica de paciente canino realizando a PAAF em neoplasma oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Biópsia
A biópsia consiste na obtenção de um fragmento de tecido do qual será feita a análise microscópica, sendo correspondente à histopatologia e visando estabelecer o diagnóstico definitivo da neoplasia oral.
Assim como qualquer outro exame, o diagnóstico por histopatologia pode ser influenciado negativamente ou positivamente por fatores como o tipo de amostra coletada, a conservação do material, o processamento do tecido e, por fim, a experiência do profissional que irá realizar a análise do bloco de parafina.
Em cavidade oral, os métodos de biópsia mais frequentes são as biópsias incisionais ou excisionais. A biópsia incisional consiste na coleta de um fragmento do tumor e é mais indicada em lesões extensas. Já a biópsia excisional consiste na remoção total da lesão neoplásica, porém a sua indicação deve ser feita em lesões solitárias e pequenas.
Tratamentos
Na medicina veterinária, é possível encontrar diversas terapias que podem ser implementadas de forma isolada ou associada, no entanto, a determinação de qual é a melhor terapia para o paciente com câncer pode ser um desafio, já que envolve fatores como localização do tumor, tamanho, tipo histológico, presença de metástase regional ou a distância, presença de comorbidades, alterações clínicas do paciente, entre outras, por isso é indispensável a realização de uma série de exames que permitam estadiar e diagnosticar o neoplasma, para assim ter todas as informações necessárias que possibilitem decidir qual é a melhor terapia para o paciente.
Cabe ressaltar que, sempre que possível, preconiza-se a associação das terapias com o objetivo de ter melhores resultados, melhorando a qualidade e a sobrevida do paciente. Algumas das terapias para o paciente com câncer são
- quimioterapia;
- cirurgia;
- criocirurgia;
- eletroquimioterapia;
- radioterapia;
- imunoterapia.
Quimioterapia
A quimioterapia baseia-se na aplicação de medicamentos que causem a morte de células neoplásicas com a finalidade de melhorar a clínica do paciente e, consequentemente, a qualidade e a sua sobrevida.28,29
A quimioterapia pode ser indicada em diversas situações, seja como terapia única, associada a cirurgia ou a outra terapia local, como, por exemplo, a eletroquimioterapia. No mercado, podem-se encontrar vários medicamentos antineoplásicos e podem ser administrados por via oral ou intravenosa.28,29
Como modalidades de quimioterapia em pacientes com câncer em cavidade oral, é possível encontrar a quimioterapia neodjuvante, que visa à redução do tumor com o objetivo de conseguir planejar algum procedimento cirúrgico, porém a maioria dos tumores da cavidade oral não responde muito bem à citorredução. A quimioterapia adjuvante, talvez a mais implementada no paciente com câncer em cavidade oral, é indicada após a realização de alguma terapia local, e o seu objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica.28,29
A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos, no entanto, não é muito implementada em neoplasmas orais, já que eles não respondem muito bem aos medicamentos citotóxicos, e a quimioterapia paliativa é indicada em pacientes com estágios avançados da doença, contexto em que a terapia local já não é mais indicada, e o seu principal objetivo é controlar a progressão da doença e os sinais clínicos do paciente.28,29
As Figuras 17A e B apresentam imagens de manipulação de medicamentos quimioterápicos.
FIGURA 17: A e B) Imagens fotográficas da manipulação de medicamentos quimioterápicos. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Criocirurgia
A criocirurgia consiste no congelamento rápido e descongelamento devagar de um tecido, resultando em crionecrose e, consequentemente, morte celular. O sucesso da técnica vai depender se está sendo indicada para a neoplasia certa, visto que não é indicada em todas as situações.30–32
O número de ciclos e a rapidez da implementação da técnica também são fatores que podem resultar no seu insucesso. A criocirurgia é uma terapia pouco invasiva, rápida e de baixo custo, o que facilita a sua indicação e aceitação por parte do cliente. Não é indicada em lesões neoplásicas grandes, sendo que 2 centímetros é o máximo permitido para a indicação dessa terapia, assim como não pode haver acometimento ósseo adjacente.30–32
A Figura 18 apresenta imagem de aparelho de criocirurgia.
FIGURA 18: Imagem fotográfica do aparelho de criocirurgia com algumas das ponteiras utilizadas. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As Figuras 19A e B apresentam imagens de papiloma em língua antes e depois da criocirurgia.
FIGURA 19: Imagem fotográfica de paciente canino com papiloma em língua. A) Papiloma em língua antes da criocirurgia. B) Papiloma logo após a criocirurgia. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As imagens 20A e B mostram plasmocitoma em região de lábio superior antes e depois da criocirurgia.
FIGURA 20: Imagem fotográfica de paciente canino com plasmocitoma em região de lábio superior. A) Plasmocitoma em lábio antes da criocirurgia (seta). B) Plasmocitoma logo após a criocirurgia (seta). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As imagens 21A e B apresentam imagens de hemangiossarcomas antes e após a criocirurgia.
FIGURA 21: Imagem fotográfica de paciente canino com múltiplos hemangiomas e hemangiossarcomas, incluindo na cavidade oral. A) Hemangiossarcoma em cavidade oral antes da criocirurgia (seta). B) Hemangiossarcoma em cavidade oral pós-criocirurgia (seta). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Cirurgia
A cirurgia é a terapia mais indicada para a maioria das situações no paciente com câncer em humanos, assim como em cães e gatos.5,20,33
A implementação da cirurgia pode ser curativa ou paliativa, por isso a cirurgia oncológica visa à remoção total do neoplasma, embora isso seja discutível por causa de fatos que irão depender do estadiamento do paciente, e, mais especificamente, do tamanho do tumor e do tipo histológico.5,20,33
Os tumores extensos apresentam maior dificuldade de conseguir a exérese com margens livres, o que resulta no aumento da taxa de recidiva, diferentemente de quando o neoplasma é diagnosticado em estádios menos avançados, situação em que é possível a implementação de um procedimento cirúrgico radical com o objetivo de talvez obter a cura com a cirurgia, no entanto, isso não é visto com alta frequência pelo fato de os tutores percebem o neoplasma já em estádios mais avançados.5,20,33
São diversas as técnicas cirúrgicas que podem ser implementadas no paciente com câncer oral em cães e gatos, e a escolha vai depender do estadiamento, do diagnóstico e da clínica do paciente, sendo possível realizar cirurgias radicais ou menos agressivas.5,20,33
Algumas das técnicas cirúrgicas são5,20,33
- maxilectomia total ou parcial;
- mandibulectomia total ou parcial;
- glossectomia.
Também é importante ressaltar a necessidade da implementação de técnicas de cirurgias reconstrutivas que permitem reconstruir grandes lesões cirúrgicas como resultados de procedimentos radicais, sendo que podem ser usados retalhos de padrão axial, retalhos de padrão subdérmico e retalho miomucoso, obtendo ótimos resultados pós-operatórios.5,20,33
Um tema que é ainda uma grande discussão na cirurgia oncológica de cavidade oral é determinar qual deve ser a margem de segurança, sendo que a literatura não traz informações específicas, e sim de forma geral, porém, os autores deste capítulo acreditam que deve ter um consenso por raça, pois o porte do paciente pode mudar a extensão da margem de segurança, mas, em termos gerais, a literatura cita que a margem de segurança em cavidade oral deve ser de 1 a 3cm.5,20,33
As Figuras 22A–C mostram imagens fotográficas de perioperatório e pós-operatório de mandibulectomia total unilateral em paciente canino com melanoma oral.
FIGURA 22: Imagens fotográficas de perioperatório e pós-operatório de mandibulectomia total unilateral em paciente canino com melanoma oral. A) Melanoma oral deslocando caudalmente a língua. B) Logo após a mandibulectomia. C) Aspecto final após a reconstrução da cavidade oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As Figuras 23A e B e 24A e B ilustram imagens de paciente canino após mandibulectomia total unilateral.
FIGURA 23: A e B) Imagens fotográficas de paciente canino após mandibulectomia total unilateral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 24: Imagens fotográficas de paciente canino após mandibulectomia total unilateral. A) Aspecto do pós-operatório de mandibulectomia total associado à queiloplastia. B) Aspecto contralateral de mandibulectomia total associado à queiloplastia. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As Figuras 25A–C mostram paciente canino no perioperatório de maxilectomia total unilateral em recidiva de melanoma oral.
FIGURA 25: Imagens fotográficas de paciente canino no perioperatório de maxilectomia total unilateral em recidiva de melanoma oral. A) Recidiva de melanoma oral em maxila, palato e mucosa oral. B) Logo após a maxilectomia total. C) Aspecto final após a reconstrução da cavidade oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
As Figuras 26A e B apresentam imagens de pós-operatório de maxilectomia parcial.
FIGURA 26: Imagens fotográficas de paciente canino no pós-operatório de maxilectomia parcial. A) Aspecto externo após maxilectomia medial e caudal ipsilateral. B) Pós-operatório de 30 dias. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Eletroquimioterapia
A eletroquimioterapia consiste na aplicação de um campo elétrico no tecido tumoral, causando a eletroporação reversível da membrana plasmática da célula, permitindo a entrada de um fármaco citotóxico previamente aplicado pela via intravenosa ou intratumoral.34,35
A eletroquimioterapia tem tomado um papel muito importante no tratamento de neoplasmas, sendo cada vez mais indicada. No entanto, assim como ocorre com qualquer outra terapia, não se pode implementar a eletroquimioterapia em todas as situações.34,35
A determinação da eletroquimioterapia é o fator mais complicado, já que, se utilizada em uma situação incorreta, pode levar ao insucesso da técnica, e o paciente não vai se beneficiar dela, por isso o paciente deve ser muito bem avaliado.34,35
Umas das vantagens da eletroquimioterapia é que pode ser implementada em diversos tipos histológicos, seja como terapia única ou associada à cirurgia, sendo que, das duas formas, quando indicada corretamente, os resultados são satisfatórios.34,35
As Figuras 27A e B apresentam aparelho de eletroquimioterapia.
FIGURA 27: Imagens fotográficas do aparelho de eletroquimioterapia. A) Aparelho de eletroquimioterapia com a ponteira em placa e em agulhas. B) Realização de eletroquimioterapia em paciente com melanoma oral. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Imunoterapia
A imunoterapia tem crescido exponencialmente na medicina veterinária e tem mostrado resultados muito bons, especialmente no tratamento do melanoma oral. Ainda não se observam respostas muito boas em tumores sólidos, porém são necessários mais estudos sobre o assunto.29,36,37
A imunoterapia se baseia na modulação e na otimização da resposta imunológica, para que, dessa forma, o sistema imune identifique as células neoplásicas e sejam devidamente eliminadas, para isso, têm-se criado algumas vacinas antitumorais com o objetivo de gerar uma resposta imune antineoplásica, resultando na regressão tumoral. Ainda não se indica como terapia única, e sim como adjuvante a outras terapias, como a cirurgia, a quimioterapia ou a radioterapia.29,36,37
Radioterapia
A radioterapia consiste na utilização de radiação ionizante nas células neoplásicas causando a sua destruição e, consequentemente, a proliferação do câncer, resultando em melhora da qualidade de vida do paciente. Não é indicada para doença sistêmica, e sim para doença local.38–40
Existem duas modalidades de radioterapia, a teleterapia, que consiste em aplicar a radiação mediante uma fonte ou um equipamento externo, e a braquiterapia, que se baseia na aplicação de uma fonte radioativa na área do neoplasma ou próxima a ele.38–40
A radioterapia traz ótimos resultados para os pacientes oncológicos, no entanto, o seu sucesso depende de fatores como tipo histológico do neoplasma, da localização, do tamanho, da existência de doença sistêmica, entre outros. Sem embargo, o alto custo impossibilita a sua aplicabilidade com frequência na medicina veterinária.38–40
Prognóstico
O prognóstico do paciente com câncer oral relaciona-se a uma série de fatores do neoplasma, como
- estadiamento;
- tipo histológico;
- caraterísticas microscópicas;
- tamanho;
- localização;
- tempo de evolução, entre outros.
No entanto, quando se trata de uma neoplasia maligna de cavidade oral de estádio avançado, o prognóstico é desfavorável.
ATIVIDADES
14. Observe as afirmativas sobre os exames de patologia utilizados no diagnóstico de neoplasias de cavidade oral.
I. A citologia pode ser implementada mediante PAAF, PAF e punção por imprint, sendo que esta última somente pode ser implementada em lesões ulceradas ou lesionadas cirurgicamente.
II. A biópsia incisional é realizada por meio da coleta de um fragmento do tumor e é mais indicada em lesões solitárias e pequenas.
III. A biópsia excisional está indicada em lesões extensas.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Realiza-se a biópsia incisional por meio da coleta de um fragmento do tumor, e esse procedimento é mais indicado em lesões extensas. A biópsia excisional está indicada em lesões solitárias e pequenas.
Resposta correta.
Realiza-se a biópsia incisional por meio da coleta de um fragmento do tumor, e esse procedimento é mais indicado em lesões extensas. A biópsia excisional está indicada em lesões solitárias e pequenas.
A alternativa correta é a "A".
Realiza-se a biópsia incisional por meio da coleta de um fragmento do tumor, e esse procedimento é mais indicado em lesões extensas. A biópsia excisional está indicada em lesões solitárias e pequenas.
15. Observe as afirmativas a respeito da utilização de quimioterapia para tratamento de pacientes com neoplasias em cavidade oral.
I. A quimioterapia neodjuvante visa à diminuição do tumor com o objetivo de conseguir planejar algum procedimento cirúrgico, porém a maioria dos tumores da cavidade oral não responde muito bem à citorredução.
II. A quimioterapia adjuvante, raramente implementada no paciente com câncer em cavidade oral, é indicada após a realização de alguma terapia local, e o objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica.
III. A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos e é frequentemente utilizada para casos de neoplasmas orais.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Indica-se a quimioterapia adjuvante, talvez a mais implementada no paciente com câncer em cavidade oral, após a realização de alguma terapia local, e o seu objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica. A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos, no entanto, não é muito implementada em neoplasmas orais, já que eles não respondem muito bem aos medicamentos citotóxicos.
Resposta correta.
Indica-se a quimioterapia adjuvante, talvez a mais implementada no paciente com câncer em cavidade oral, após a realização de alguma terapia local, e o seu objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica. A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos, no entanto, não é muito implementada em neoplasmas orais, já que eles não respondem muito bem aos medicamentos citotóxicos.
A alternativa correta é a "A".
Indica-se a quimioterapia adjuvante, talvez a mais implementada no paciente com câncer em cavidade oral, após a realização de alguma terapia local, e o seu objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica. A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos, no entanto, não é muito implementada em neoplasmas orais, já que eles não respondem muito bem aos medicamentos citotóxicos.
16. Com relação à cirurgia e à criocirurgia como tratamento de neoplasias de cavidade oral, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
A criocirugia está indicada em casos de acometimento ósseo adjacente.
A cirurgia é a terapia mais indicada para a maioria das situações no paciente com câncer, seja em cães ou em gatos.
A cirurgia oncológica visa à remoção total do neoplasma e depende do estadiamento do paciente e, mais especificamente, do tamanho do tumor e do tipo histológico.
A glossectomia é uma das técnicas cirúrgicas utilizadas em pacientes com neoplasmas em cavidade oral.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V — F — V — F
B) F — V — V — V
C) V — F — F — F
D) F — V — F — V
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
A primeira afirmativa é falsa, pois não se indica criocirurgia em lesões neoplásicas grandes, sendo que 2 centímetros é o máximo permitido para a indicação dessa terapia, assim como não pode haver acometimento ósseo adjacente. A segunda, a terceira e a quarta afirmativas são verdadeiras.
Resposta correta.
A primeira afirmativa é falsa, pois não se indica criocirurgia em lesões neoplásicas grandes, sendo que 2 centímetros é o máximo permitido para a indicação dessa terapia, assim como não pode haver acometimento ósseo adjacente. A segunda, a terceira e a quarta afirmativas são verdadeiras.
A alternativa correta é a "B".
A primeira afirmativa é falsa, pois não se indica criocirurgia em lesões neoplásicas grandes, sendo que 2 centímetros é o máximo permitido para a indicação dessa terapia, assim como não pode haver acometimento ósseo adjacente. A segunda, a terceira e a quarta afirmativas são verdadeiras.
17. Observe as afirmativas sobre o uso de eletroquimioterapia, imunoterapia e radioterapia em pacientes com neoplasias em cavidade oral.
I. A eletroquimioterapia apresenta como vantagem a possibilidade de ser implementada em diversos tipos histológicos.
II. A imunoterapia tem apresentado bons resultados quando utilizada nos casos de tumores sólidos.
III. O sucesso da radioterapia depende de fatores como tipo histológico do neoplasma, localização, tamanho, existência doença sistêmica, entre outros.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
A imunoterapia tem crescido exponencialmente na medicina veterinária e tem mostrado resultados muito bons, especialmente no tratamento do melanoma oral. Ainda não se observam respostas muito boas em tumores sólidos, porém são necessários mais estudos sobre o assunto.
Resposta correta.
A imunoterapia tem crescido exponencialmente na medicina veterinária e tem mostrado resultados muito bons, especialmente no tratamento do melanoma oral. Ainda não se observam respostas muito boas em tumores sólidos, porém são necessários mais estudos sobre o assunto.
A alternativa correta é a "C".
A imunoterapia tem crescido exponencialmente na medicina veterinária e tem mostrado resultados muito bons, especialmente no tratamento do melanoma oral. Ainda não se observam respostas muito boas em tumores sólidos, porém são necessários mais estudos sobre o assunto.
18. Observe as afirmativas sobre o prognóstico de pacientes com câncer na cavidade oral.
I. O tempo de evolução de um tumor não influencia no prognóstico do paciente.
II. O prognóstico é desfavorável em casos de neoplasia maligna de cavidade oral de estádio avançado.
III. As características microscópicas do neoplasma influenciam o prognóstico.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
O tempo de evolução do tumor é um dos fatores que influenciam o prognóstico.
Resposta correta.
O tempo de evolução do tumor é um dos fatores que influenciam o prognóstico.
A alternativa correta é a "B".
O tempo de evolução do tumor é um dos fatores que influenciam o prognóstico.
|
Paciente felino, fêmea, de 11 anos, SRD, castrada, foi encaminhada por médico-veterinário externo para atendimento oncológico. Na anamnese, relatou-se que a paciente havia fugido de sua residência e voltado um dia depois com aumento de volume em região de mandíbula rostral e sem querer se alimentar, sendo levada para atendimento veterinário.
Ao exame físico, o profissional anterior detectou moderada desidratação, realizando fluidoterapia de forma intravenosa na clínica veterinária e fornecendo as orientações para o tutor continuar a hidratação de forma domiciliar, além de a paciente apresentar alguns machucados pelo corpo, sangramento na cavidade oral e sialorreia, sem outras alterações dignas de nota.
A paciente foi encaminhada já com alguns exames sanguíneos, como hemograma, apresentando somente leucocitose sem desvio, podendo ser justificada possivelmente pelo processo inflamatório. Foi realizado perfil bioquímico — creatinina, fosfatase alcalina, proteína total, alanina aminotransferase (ALT) e ureia — que identificou azotemia, possivelmente de origem pré-renal; as demais enzimas estavam dentro dos valores de referência utilizados pelo laboratório. Outros exames foram realizados, como a radiografia de tórax, não sendo encontrado nenhum sinal de metástase.
Efetuaram-se ultrassonografia abdominal e eletrocardiograma, não apresentando alterações dignas de nota. Da mesma forma, realizaram-se radiografias de crânio para verificar o estado geral da paciente e detectar possíveis fraturas, não sendo encontrada alteração indicando fratura ou lise óssea na região dos ossos cranianos, porém notou-se aumento de volume em região de mandíbula, aparentando acometer principalmente a porção esquerda e com aspecto de osteólise das corticais do ramo horizontal. Nessa área (Figura 28), observou-se proliferação óssea exuberante em região média do ramo horizontal esquerdo da mandíbula, medindo 2,5 x 1,7cm, sugerindo neoplasia óssea.
FIGURA 28: Imagem radiográfica de crânio em projeção laterolateral esquerda, constatando aumento de volume em mandíbula esquerda, assim como sua lise (seta). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Após atendimento, avaliação e realização de exame físico por profissionais da área com ênfase em oncologia, foi possível detectar, mediante palpação, o aumento de volume na porção rostral e lateral da mandíbula, acometendo principalmente o lado esquerdo.
Nessa mesma avaliação, também se observou um segundo aumento de volume abaixo da língua, compatível com provável diagnóstico de rânula. Sugeriu-se encaminhar a paciente para tomografia computadorizada para melhor avaliação de toda a região acometida e para o planejamento cirúrgico (Figuras 29A–C, 30 e 31). Realizou-se avaliação citopatológica do tumor, porém o resultado foi inconclusivo. A biópsia não foi indicada, pois não mudaria a conduta terapêutica de se remover toda a porção óssea e os tecidos moles que estivessem macroscopicamente acometidos pelo tumor.
FIGURA 29: A–C) Imagem tomográfica computadorizada em reconstrução multiplanar de cabeça demonstrando a presença de massa em mandíbula esquerda causando a sua extensa lise óssea. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 30: Imagem tomográfica computadorizada de reconstrução em 3D de cabeça em vista lateral esquerda evidenciando a extensão macroscópica da massa. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 31: Imagem tomográfica de reconstrução em 3D de cabeça em vista frontal evidenciando a extensão da massa em mandíbula esquerda. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Na tomografia computadorizada, pôde-se avaliar que a cavidade nasal não apresentava alterações quanto à sua atenuação e arquitetura, assim como as cavidades e as bulas timpânicas também estavam dentro da normalidade, sem alterações estruturais. Não foram observadas alterações no parênquima encefálico nem quanto à sua atenuação e arquitetura. Porém, no ramo mandibular esquerdo junto à porção horizontal, da incisura angular até a sínfise, notou-se importante processo misto osteolítico e osteoproliferativo, caracterizado como neoformação infiltrativa expansiva.
Além disso, notou-se aumento das dimensões do linfonodo retrofaríngeo esquerdo. Conforme o planejamento pré-operatório e de imagens tomográficas, indicou-se a realização de mandibulectomia bilateral de forma a se avaliar no transoperatório, além da remoção dos linfonodos mandibulares e retrofaríngeo medial esquerdo. Como manejo pré-operatório, realizaram-se jejum alimentar de 8 horas e jejum hídrico de 1 hora.
Administrou-se medicação pré-anestésica pela via endovenosa (clorpromazina 1mg/kg) e, após 10 minutos da administração, foi possível manusear a paciente para tricotomia ampla do local da cirurgia. Para a indução anestésica, administrou-se bolo de fentanila 2mcg/kg, lidocaína 2mg/kg e cetamina 1mg/kg, seguido de propofol 146mg/kg, todos por via endovenosa.
A manutenção anestésica foi realizada com isoflurano associado à infusão de analgésicos e de fentanila 5mcg/kg/h para anestesia multimodal, suficiente para bom plano anestésico e analgesia para o paciente em todo o transoperatório (Figura 32). A paciente foi submetida a mandibulectomia total do lado esquerdo e parcial do lado direito (60%) (Figuras 33A e B), além das linfadenectomias previamente planejadas. Ainda no mesmo procedimento, realizou-se a colocação de sonda esofágica por esofagostomia para alimentação (Figura 34). Todo o material coletado foi enviado para avaliação histopatológica (Figuras 35A e B). A Figura 36 apresenta fotografia do aspecto final da vista frontal.
FIGURA 32: Imagem fotográfica de pré-operatório em decúbito lateral direito. Nota-se aumento de volume em todo o processo horizontal da mandíbula esquerda (seta). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 33: Imagens fotográficas de transoperatório de mandibulectomia. A) Imagem fotográfica após o divulsionamento de todo o tecido adjacente ao tumor, identificando acometimento da mandíbula contralateral na porção rostral. B) Imagem fotográfica após mandibulectomia parcial do lado direito e total do lado esquerdo. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 34: Imagens fotográficas após o término do procedimento cirúrgico e da colocação da sonda esofágica. A) Imagem fotográfica do paciente em decúbito lateral direito mostrando o aspecto final após a mandibulectomia. B) Imagem fotográfica do paciente em decúbito lateral direito mostrando a porção ventral do aspecto final após mandibulectomia. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 35: Imagens fotográficas da peça cirúrgica retirada. A) Visão lateral direita. B) Visão lateral esquerda. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
FIGURA 36: Imagem fotográfica do paciente em decúbito esternal mostrando o aspecto final da vista frontal. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Após o procedimento cirúrgico, indicou-se internação com acompanhamento intensivo para maior segurança na recuperação da paciente durante as primeiras 24 horas. A médica-veterinária responsável por esse acompanhamento relatou que a paciente foi medicada com analgésicos, anti-inflamatório e antimicrobianos sem nenhuma intercorrência. Ficou estável durante toda a permanência na clínica veterinária, mantendo todos os parâmetros dentro da normalidade, e não apresentou nenhuma complicação decorrente da cirurgia.
Após 24 horas, a paciente teve alta da internação para seguir o acompanhamento com a tutora em ambiente familiar. As seguintes medicações foram receitadas para serem administradas pela sonda esofágica (medicações para casa):
- dipirona — 25mg/kg, a cada 12 horas, durante cinco dias;
- cloridrato de tramadol — 2mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias;
- cefalexina — 30mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias;
- metronidazol — 15mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias;
- meloxicam — 0,1mg/kg a cada 24 horas, durante quatro dias;
- omeprazol (gaviz V) — 1mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias.
Após 48 horas do procedimento cirúrgico, a tutora relatou o isolamento da paciente dos demais contactantes, porém informou sobre a paciente estar ativa, atenta e interessada em se alimentar e ingerir água, porém a alimentação estava sendo feita somente pela sonda. A tutora também ofereceu pequenas quantidades de água via oral com o auxílio de seringa, além de ter sido instruída pela equipe oncológica a oferecer alimento pastoso de forma gradativa após sete dias para estimular a paciente a movimentar a língua, porém sem interesse por sua parte nas primeiras semanas após a cirurgia.
Dois dias após a cirurgia, observou-se aumento de volume em região submandibular bilateral, sugerindo linfaedema (Figuras 37A e B). O linfaedema diminui totalmente depois de cinco dias.
FIGURA 37: Imagens fotográficas de 48 horas de pós-operatório. A e B) Observa-se aumento de volume da região submandibular bilateral (setas). // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Seis dias após a cirurgia, a paciente apresentou dois episódios de vômito isolados. A tutora reparou que a paciente tentava movimentar a língua para se alimentar e para se limpar na primeira semana, mas sem sucesso. Onze dias após o procedimento cirúrgico, passou a demonstrar maior interesse no alimento pastoso oferecido, começando a movimentar a língua para tentar se alimentar, além de começar a movimentar a língua para lamber a porção distal dos membros torácicos.
Com 14 dias de pós-operatório, a paciente se mostrava alerta, dócil e sem demonstrar nenhum incômodo vindo tanto do local da cirurgia quanto da sonda esofágica (Figura 38A e B).
FIGURA 38: Imagens fotográficas de 14 dias do procedimento cirúrgico. A) Evidenciam-se a diminuição total do linfaedema e o aspecto após a remoção parcial da mandíbula do lado direito. B) Observa-se uma leve área necrosada com deiscência de pontos na região da mandibulectomia total esquerda. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A Figura 39 mostra o posicionamento da língua da paciente.
FIGURA 39: Imagem fotográfica mostrando o posicionamento da língua da paciente com 25 dias após o procedimento cirúrgico. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Com 14 dias de pós-operatório, a paciente passou a demonstrar maior interesse em água, conseguindo ingerir pequenas quantidades, mas, somente com 23 dias, a alimentação via oral espontânea fora iniciada pela paciente, a partir de onde somente evoluiu e, com o passar dos dias, ela se adaptou cada vez mais, conseguindo adquirir novamente a sua independência para se alimentar sem o auxílio da sonda. Já a ingestão de líquidos foi mais tardia, iniciando-se somente com 35 dias de pós-operatório, com a ingestão de pequenas quantidades de leite oferecidas pela tutora (Figuras 40A e B).
FIGURA 40: Imagens fotográficas do pós-operatório de mandibulectomia mostrando o início da ingestão por via oral. A) Ingestão de alimento pastoso com 23 dias de pós-operatório. B) Ingestão de líquido com 35 dias de pós-operatório. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Para o exame histopatológico, os materiais biológicos (mandíbula e linfonodos) foram fixados em solução aquosa de formol tamponado a 10% e encaminhados ao laboratório de análises veterinárias, resultando em ameloblastoma convencional sem metástase em linfonodos.
ATIVIDADES
19. Conforme a avaliação dos exames de imagens da paciente do caso clínico, explique qual seria sua conduta terapêutica.
Confira aqui a resposta
Conforme a avaliação das imagens da tomografia, indica-se a mandibulectomia total unilateral e parcial da contralateral.
Resposta correta.
Conforme a avaliação das imagens da tomografia, indica-se a mandibulectomia total unilateral e parcial da contralateral.
Conforme a avaliação das imagens da tomografia, indica-se a mandibulectomia total unilateral e parcial da contralateral.
Conclusão
As neoplasias de cavidade oral representam um desafio para o cirurgião, assim como para o clínico oncológico, por isso o diagnóstico precoce é indispensável para o tratamento dessas neoplasias, para o qual, a implementação de exames diagnósticos é necessária, assim como os exames de imagem.
Atividades: Respostas
Comentário: Entre todas as regiões anatômicas que podem ser afetadas por um câncer, a cavidade oral é a quarta localização na qual podem se desenvolver neoplasias.
Comentário: O fibroma odontogênico periférico, o epúlide fibromatoso e o cementoma são neoplasmas odontogênicos de origem mesodérmica.
Comentário: O epúlide caracteriza-se por ser um crescimento gengival reativo identificado como neoplasia benigna que se desenvolve no estroma do ligamento periodontal.
Comentário: O ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem odontogênica que pode afetar cães e felinos.
Comentário: As neoplasias de cavidade oral podem ser de origem não odontogênica e odontogênica, no entanto, é mais frequente observar a presença de neoplasias malignas de origem não odontogênica.
Comentário: O osteossarcoma, o hemangiossarcoma e o linfoma são considerados tumores malignos.
Comentário: Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que o câncer de cavidade oral mais comum em cães é o melanoma.
Comentário: Pode-se observar o melanoma mais comumente na gengiva, mas também acomete lábios, língua, orofaringe e palato, especialmente em áreas mais pigmentadas.
Comentário: Na cavidade oral, pode se desenvolver uma variedade de neoplasias de tipos histológicos diferentes, com comportamentos biológicos variados, sendo que, em felinos, o câncer de cavidade oral mais comum é o CEC, diferentemente do que se observa em cães.
Comentário: A primeira e a segunda afirmativas são verdadeiras. A terceira afirmativa é falsa, pois se considera o CEC em cães muito invasivo localmente. A quarta afirmativa é falsa, pois o fibrossarcoma acomete cães a partir dos 7 anos de idade e também pode ser visto em cães mais jovens, porém com menor frequência.
Comentário: A primeira, a segunda e a terceira afirmativas são verdadeiras. A quarta afirmativa é falsa, pois, entre os sinais clínicos das neoplasias de cavidade oral, está a perda de peso, e não o ganho de peso.
Comentário: Existem diversos exames que podem ser utilizados para o diagnóstico de câncer em cães e gatos, sendo que o mais indicado na maioria das situações é o histopatológico, no entanto, na atualidade, a imunoistoquímica pode ser mais indicada.
Comentário: O objetivo da radiografia no paciente com câncer se baseia especificamente na identificação de metástase pulmonar e, em casos de neoplasmas orais, permite a identificação de lesões do tecido ósseo ou dentário adjacente ao tumor. A ultrassonografia é um exame economicamente acessível que permite diagnosticar nódulos em cavidade abdominal, possibilitando completar e obter mais informações sobre o estadiamento tumoral, além de identificar possíveis comorbidades. Um dos principais motivos da indicação da tomografia computadorizada é para definir a extensão e a invasão local do neoplasma.
Comentário: Realiza-se a biópsia incisional por meio da coleta de um fragmento do tumor, e esse procedimento é mais indicado em lesões extensas. A biópsia excisional está indicada em lesões solitárias e pequenas.
Comentário: Indica-se a quimioterapia adjuvante, talvez a mais implementada no paciente com câncer em cavidade oral, após a realização de alguma terapia local, e o seu objetivo é eliminar ou controlar a doença microscópica. A quimioterapia curativa consiste no tratamento único para neoplasmas que respondem muito bem aos medicamentos antineoplásicos, no entanto, não é muito implementada em neoplasmas orais, já que eles não respondem muito bem aos medicamentos citotóxicos.
Comentário: A primeira afirmativa é falsa, pois não se indica criocirurgia em lesões neoplásicas grandes, sendo que 2 centímetros é o máximo permitido para a indicação dessa terapia, assim como não pode haver acometimento ósseo adjacente. A segunda, a terceira e a quarta afirmativas são verdadeiras.
Comentário: A imunoterapia tem crescido exponencialmente na medicina veterinária e tem mostrado resultados muito bons, especialmente no tratamento do melanoma oral. Ainda não se observam respostas muito boas em tumores sólidos, porém são necessários mais estudos sobre o assunto.
Comentário: O tempo de evolução do tumor é um dos fatores que influenciam o prognóstico.
RESPOSTA: Conforme a avaliação das imagens da tomografia, indica-se a mandibulectomia total unilateral e parcial da contralateral.
Referências
1. Dias FGG, Dias LGGG, Pereira LF, Cabrini TM, Rocha JR. Neoplasias orais nos animais de companhia – revisão de literatura. Rev Cient Eletr Med Vet. 2013 Jan;11(20):1–9.
2. Morris J, Dobson J. Oncologia em pequenos animais. São Paulo. Rocca; 2007.
3. Pippi NL, Gomes C. Neoplasias da cavidade oral. In: Daleck CR, Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016.
4. Lucena FP, Costa RFR, Liparisi F, Tortelly R, Carvalho ECQ. Epúlide canino: importância e aspectos clínico-histológicos. 2015;10(1):31–3. https://doi.org/10.4322/rbcv.2015.263
5. Guzu M, Rossetti D, Hennet PR. Locoregional flap reconstruction following oromaxillofacial oncologic surgery in dogs and cats: a review and decisional algorithm. Front Vet Sci. 2021 May;8:685036. https://doi.org/10.3389/fvets.2021.685036
6. Requicha JF, Pires MA, Albuquerque CM, Viegas CA. Neoplasias da cavidade oral do cão -breve revisão. Rev Bras Med Vet. 2015;37(1):41–6.
7. Castelló P, Borrego J, Ortega J. Clasificación, diagnóstico y tratamiento de los tumores odontogénicos. Clín Vet Peq Anim. 2014;34(4):194–200.
8. Fiani N, Verstraete FJ, Kass PH, Cox DP. Clinicopathologic characterization of odontogenic tumors and focal fibrous hyperplasia in dogs: 152 cases (1995–2005). J Am Vet Med Assoc. 2011 Feb;238(4):495–500. https://doi.org/10.2460/javma.238.4.495
9. Svendenius L, Warfvinge G. Oral pathology in swedish dogs: a retrospective study of 280 biopsies. J Vet Dentistr. 2010;27(2):91–7. https://doi.org/10.1177/0898756410027002
10. Tjepkema J, Bell CM, Soukup JW. Presentation, diagnostic imaging, and clinical outcome of conventional ameloblastoma in dogs. J Vet Dent. 2020 Mar;37(1):6–13. https://doi.org/10.1177/0898756420924847
11. Goldschmidt S. Surgical margins for ameloblastoma in dogs: a review with an emphasis on the future. Front Vet Sci. 2022 Mar;9:830258. https://doi.org/10.3389/fvets.2022.830258
12. McClary AC, West RB, McClary AC, Pollack JR, Fischbein NJ, Holsinger CF, et al. Ameloblastoma: a clinical review and trends in management. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2016 Jul;273(7):1649–61. https://doi.org/10.1007/s00405-015-3631-8
13. Salgado B, Ferreira TS, Carvalho GD, Valente FL, Silva JCP, Viloria MIV, et al. Estudo retrospectivo das neoplasias orais de cães atendidos no departamento de veterinária da Universidade Federal de Viçosa. Vet Zootec. 2008;15(supl. 3):12–4.
14. Nishiya AT, Massoco CO, Felizzola CR, Perlmann E, Batschinski K, Tedardi MV, et al. Comparative aspects of canine melanoma. Vet Sci. 2016 Feb;3(1):7. https://doi.org/10.3390/vetsci3010007
15. Bergman PJ. Canine oral melanoma. Clin Tech Small Anim Pract. 2007 May;22(2):55–60. https://doi.org/10.1053/j.ctsap.2007.03.004
16. Montanha FP, Azevedo MGP. Melanoma oral em cadela – relato de caso. Rev Cient Eletr Med Vet. 2013 Jan;11(20):1–6.
17. Nemec A, Murphy B, Kass PH, Verstraete FJ. Histological subtypes of oral non-tonsillar squamous cell carcinoma in dogs. J Comp Pathol. 2012 Aug–Oct;147(2–3):111–20. https://doi.org/10.1016/j.jcpa.2011.11.198
18. Bilgic O, Duda L, Sánchez MD, Lewis JR. Feline oral squamous cell carcinoma: clinical manifestations and literature review. J Vet Dent. 2015;32(1):30–40. https://doi.org/10.1177/089875641503200104
19. Soltero-Rivera MM, Krick EL, Reiter AM, Brown DC, Lewis JR. Prevalence of regional and distant metastasis in cats with advanced oral squamous cell carcinoma: 49 cases (2005–2011). J Feline Med Surg. 2014 Feb;16(2):164–9. https://doi.org/10.1177/1098612X13502975
20. Martano M, Iussich S, Morello E, Buracco P. Canine oral fibrosarcoma: changes in prognosis over the last 30 years? Vet J. 2018 Nov;241:1–7. https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2018.09.005
21. Gardner H, Fidel J, Haldorson G, Dernell W, Wheeler B. Canine oral fibrosarcomas: a retrospective analysis of 65 cases (1998–2010). Vet Comp Oncol. 2015 Mar;13(1):40–7. https://doi.org/10.1111/vco.12017
22. Frazier SA, Johns SM, Ortega J, Zwingenberger AL, Kent MS, Hammond GM, et al. Outcome in dogs with surgically resected oral fibrosarcoma (1997–2008). Vet Comp Oncol. 2012 Mar;10(1):33–43. https://doi.org/10.1111/j.1476-5829.2011.00272.x
23. Vasconcellos M. Fibrossarcoma oral de baixo grau histológico e elevada agressividade biológica: relato de caso. Pubvet. 2018;12(7):138. https://doi.org/10.22256/pubvet.v12n7a127.1-5
24. Gomes C, Oliveira LO, Elizeire MB, Oliveira MB, Ferreira KC, Oliveira RT, et al. Avaliação epidemiológica de cães com neoplasias orais atendidos no hospital de clínicas veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ciên Anim Bras. 2009;10(3):835–9.
25. Liptak JM, Lascelles BDX. Oral tumors. In: Kudnig ST, Séguin B, editors. Veterinary surgical oncology. 2nd ed. Hoboken: John Wiley & Sons; 2022. p. 119–77. https://doi.org/10.1002/9781119089124.ch6
26. Nykamp S, Randall E. Diagnostic imaging in oncology. In: Vail DM, Thamm DH, Liptak JM, editors. Withrow and MacEwen's small animal clinical oncology. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2020. p. 113–25. https://doi.org/10.1016/B978-0-323-59496-7.00006-2
27. Bonfanti U, Bertazzolo W, Gracis M, Roccabianca P, Romanelli G, Palermo G, et al. Diagnostic value of cytological analysis of tumours and tumour-like lesions of the oral cavity in dogs and cats: a prospective study on 114 cases. Vet J. 2015 Aug;205(2):322–7. https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2014.10.022
28. Ferreira MGPA, De Nardi AB. Modalidades de quimioterapia antineoplasica. In: Ferreira MGPA, De Nardi AB. Manual prático de quimioterapia antineoplasica em cães e gatos. São Paulo: Medvet; 2021.
29. Milholli LA, Lutzke D, Kuster MCC, Aptekmann KP, Trivilin LO. Modalidades terapêuticas em oncologia de pequenos animais: aspectos gerais. In: Trivilin LO, Cardoso LD, Silva MA, Mendonça PP, organizadores. Tópicos especiais em ciência animal VII. Alegre: CAUFES; 2018. p. 218–33.
30. Moreira MI, Rodrigues MC, Silva FL, Araújo BM, Gomes MS, Liarte ASC, et al. Melanoma amelanótico oral em cão jovem: relato de caso. Pubvet. 2017;11(12):1188–297. https://doi.org/10.22256/PUBVET.V11N12.1233-1238
31. Chaves LDCS, Silva FL, Sousa JMC, Oliveira JRA, Silva LS, Santos LP. Uso da criocirurgia para tratamento de carcinoma de células escamosas em felino: relato de caso. Pubvet. 2019;13(12):162. https://doi.org/10.31533/pubvet.v13n12a462.1-6
32. Costa CJ, Paiva CV, Ramos DS, Huppes R, Bardoza DA, Gaspar RA, et al. Criocirurgia no tratamento de carcinoma de células escamosas em cão. Rev Colomb Ciênc Anim. 2013;5(1):213–21.
33. Verstraete FJ. Mandibulectomy and maxillectomy. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2005 Jul;35(4):1009–39. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2005.03.005
34. Rangel MMM, Luz JCS, Oliveira KD, Ojeda J, Freytag JO, Suzuki DO. Electrochemotherapy in the treatment of neoplasms in dogs and cats. Austral J Vet Sci. 2019;51(2):45–51. https://doi.org/10.4067/S0719-81322019000200045
35. Tellado MN, Maglietti FH, Michinski SD, Marshall GR, Signori E. Electrochemotherapy in treatment of canine oral malignant melanoma and factors influencing treatment outcome. Radiol Oncol. 2020 Mar;54(1):68–78. https://doi.org/10.2478/raon-2020-0014
36. Dow S. A role for dogs in advancing cancer immunotherapy research. Front Immunol. 2020 Jan;10:2935. https://doi.org/10.3389/fimmu.2019.02935
37. Klingemann H. Immunotherapy for dogs: running behind humans. Front Immunol. 2018 Feb;9:133. https://doi.org/10.3389/fimmu.2018.00133
38. Vettorato MC, Fernandes MAR, Vulcano LC, Fogaça JL. Principais avanços e aplicações da radioterapia na medicina veterinária. Rev Tekhne Logos. 2017;8(1):103–18.
39. Vettorato MC, Fogaça JL, Fernandes MAR. Radioterapia aplicada em tumores de pele e tecidos moles em pequenos animais. Rev Tekhne e Logos. 2019;10(1):105–19.
40. McEntee MC. Veterinary radiation therapy: review and current state of the art. J Am Anim Hosp Assoc. 2006 Mar–Apr;42(2):94–109. https://doi.org/10.5326/0420094
Como citar a versão impressa deste documento
Estrada CRV, De Nardi AB, Castro JLC, Huppes RR. Introdução às neoplasias de cavidade oral em cães e gatos. In: Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais; Roza MR, Oliveira ALA, organizadores. PROMEVET Pequenos Animais: Programa de Atualização em Medicina Veterinária: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2023. p. 9–57. (Sistema de Educação Continuada a Distância; v. 3). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-892-7.C0001