Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- definir lesão por pressão (LP);
- identificar os fatores extrínsecos e intrínsecos para o desenvolvimento de LP;
- classificar e avaliar as LPs;
- indicar as propostas terapêuticas mais atuais para o manejo de LP.
Esquema conceitual
Introdução
Os idosos são o segmento da população que mais cresce no Brasil.1 Um dos principais motivos para o aumento da sobrevida é o avanço da medicina, permitindo que doenças outrora fatais se tornassem apenas limitantes.2 Um maior número de idosos incapazes funcionalmente implica, de forma direta, nos sistemas de saúde e social, pois são necessários recursos humanos e instituições capacitados para lidar com essa demanda.3
As síndromes geriátricas — manifestações clínicas de diferentes órgãos e sistemas resultantes de um somatório de fatores da interação do processo de envelhecimento senil com o meio — são o grande desafio para quem lida com esse grupo etário. Entre essas síndromes, figuram as LPs, que acometem desde a pele até os tecidos mais profundos e ocorrem mais comumente em idosos e pacientes restritos ao leito.4,5 São leiga e erroneamente chamadas de escaras.4
Por causa do alto custo para os sistemas de saúde,6–8 conhecer a fisiopatologia das LPs e ser capaz de identificar os pacientes em risco para seu desenvolvimento são habilidades desejadas em todos os profissionais que lidam com idosos. Uma vez desenvolvidas, as LPs necessitam de rápido reconhecimento e tratamento, pois a evolução natural dessas feridas é a cronicidade, aumentando os desfechos negativos, como hospitalizações e estresse da equipe de cuidadores.6,9
Pacientes idosos, com anemia, desnutrição, diabetes, doenças debilitantes,6,10,11 sequelas neurológicas9 e lesões na medula espinhal12 são exemplos de grupos mais vulneráveis ao surgimento de LP. Essa condição é um problema sério e potencialmente fatal em todas as faixas etárias, desde os muito jovens até os idosos, em todas as especialidades médicas e nos mais variados ambientes de atendimento.7
Saber reconhecer o idoso em risco, antes mesmo do aparecimento da LP estágio 1 (LPE1), torna o conhecimento dessa afecção extremamente relevante no contexto de saúde pública, pois poucas são as doenças tão preveníveis e com desfechos tão graves e custosos quanto a LP. Não à toa, a sua história natural é chamada por especialistas em feridas de verdadeira crônica da tragédia anunciada.