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MANEJO DO TABAGISMO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Sonia Maria Martins, Ugo Caramori, Jonatas Bezerra Leônio
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  • Introdução

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde), o tabagismo é um problema de saúde pública, sendo, considerado a principal causa de morte evitável no mundo.1 É um fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNTdoenças crônicas não transmissíveis),2 as quais são responsáveis por 63% das mortes no mundo e 72% no Brasil.3 Entre elas, destacam-se:3,4

 

  • doenças cardiovasculares, principalmente;
  • cânceres (pulmão, cavidade bucal, mama, entre outros);
  • doenças respiratórias crônicas;
  • doenças e condições que afetam a mortalidade infantil (restrição do crescimento intrauterino, predisposição a partos prematuros, entre outras).

De forma geral, os riscos para a saúde decorrem tanto do consumo direto do tabaco como também da exposição ao fumo passivo.3,4

O tabagismo mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Esse número é projetado para aumentar para 8 milhões, a partir de 2030, sendo que a grande maioria das mortes (80%) ocorrerá em países com média e baixa renda.5 O Brasil é referência mundial no combate ao tabagismo e desenvolve ações por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer (PNCTOFRPrograma Nacional de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer).6

Em 2013, o Ministério da Saúde (MSMinistério da Saúde), por meio da Portaria nº 571, de 5 de abril de 2013, ampliou o acesso à abordagem e ao tratamento do tabagismo para a atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde).7 A cessação do tabagismo é uma estratégia preventiva de importância incomparável,8 e, por isso, o tratamento do tabagista apresenta ótimo custo-efetividade nos cuidados em saúde,7,9 sendo considerado o padrão-ouro para prevenção das DCNTdoenças crônicas não transmissíveis. Do ponto de vista da saúde pública, os resultados obtidos podem constituir o meio mais eficaz em termos de custo para melhorar a saúde de uma população e oferecer, aos tabagistas, benefícios significativos para a saúde ao parar de fumar.

O tabagismo é considerado uma doença neurocomportamental, causada pela dependência da nicotina. Apesar de seus conhecidos efeitos negativos, poucos fumantes conseguem parar de fumar e manter a abstinência duradoura. Cerca de 70% dos fumantes desejam parar de fumar, mas não conseguem. Desses, aproximadamente um terço fica abstinente apenas um dia e menos de 10% têm êxito por um ano, inclusive no Brasil.10

A maioria dos fumantes que tenta abandonar o cigarro por conta própria recai na mesma semana da tentativa, sendo que, dos que recaem, de 3–5% conseguem permanecer abstinentes entre seis e doze meses após a cessação.10

A abordagem do fumante para a cessação do tabagismo tem como eixo central intervenções cognitivas e treinamento de habilidades comportamentais, visando à cessação e à prevenção da recaída. Intervenções de cessação do tabagismo realizadas por profissionais de saúde mostraram um aumento nas taxas de abstinência.11 O apoio medicamentoso deve ser utilizado apenas em casos específicos, em que os fumantes apresentam grau elevado de dependência à nicotina.12

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • avaliar a pessoa tabagista;
  • reconhecer os tabagistas na comunidade;
  • estratificar os tabagistas quanto ao desejo de parar de fumar;
  • avaliar o grau de dependência à nicotina;
  • explicar as opções de tratamento do tabagismo;
  • sintetizar a abordagem do tabagismo em situações especiais na APSatenção primária à saúde.

 

  • Esquema conceitual
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