- Introdução
O pâncreas é um órgão com função exócrina e endócrina que tem papel fundamental no metabolismo, na utilização e no armazenamento dos substratos energéticos.
Do ponto de vista endócrino, o pâncreas produz insulina, glucagon e somatostatina, todos eles com funções no metabolismo da glicose, especialmente os dois primeiros. Esse órgão ainda secreta amilina e polipeptídeo pancreático.
Na homeostase glicêmica, a insulina tem papel central nos seguintes processos envolvendo a glicose:
- absorção dietética e captação;
- liberação hepática (a partir da glicogenólise e da gliconeogênese);
- captação pelo músculo esquelético e tecido adiposo.
A insulina é fundamental na regulação de cada um desses processos. Seus efeitos globais são, em parte, modificados por outros hormônios, como o do crescimento, o cortisol e a adrenalina.
A insulina age em um receptor específico que está presente em todo o organismo. Ele integra a família dos receptores tirosina quinases, assim como o receptor do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1Rreceptor de IGF-1).
A via de sinalização da insulina pós-receptor vem sendo amplamente estudada nos últimos anos. Sua cascata de sinalização tem um importante papel na fisiopatologia do diabetes melito (DMdiabetes melito), notadamente em relação à resistência à insulina (RIresistência à insulina), fenômeno adaptativo básico de manutenção da vida em momentos de estresse ou de escassez e que é central no desenvolvimento do DMdiabetes melito tipo 2 (DM2diabetes melito tipo 2).
A RIresistência à insulina está muito relacionada a comorbidades associadas à obesidade central e está implicada não apenas na hiperglicemia, mas também no surgimento das seguintes condições:
Ultimamente tem sido descrito que a RIresistência à insulina tem um papel importante nas doenças neurodegenerativas do sistema nervoso central (SNCsistema nervoso central), como, por exemplo, a doença de Alzheimer (DAdoença de Alzheimer).
Neste artigo serão detalhados os processos do mecanismo de ação da insulina e os aspectos relacionados à RIresistência à insulina .
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- descrever os mecanismos de ação da insulina e suas vias de sinalização;
- reconhecer o impacto das vias de sinalização da insulina nos mecanismos fisiológicos relacionados aos diversos órgãos e tecidos que são alvo da ação da insulina;
- detalhar o processo de RIresistência à insulina como mecanismo adaptativo e como mecanismo fisiopatológico;
- relacionar a RIresistência à insulina à fisiopatologia do DM2diabetes melito tipo 2 e às comorbidades associadas à obesidade central;
- discutir estratégias de diagnóstico e tratamento da RIresistência à insulina .
- Esquema conceitual