Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os conceitos básicos de crise epiléptica e epilepsia, bem como as bases de seu tratamento;
- discutir a definição de morte súbita e inesperada em epilepsia (em inglês, sudden unexpected death in epilepsy [SUDEP]);
- identificar os principais fatores de risco para SUDEP;
- listar os mecanismos fisiopatológicos da SUDEP;
- descrever as medidas protetivas para a redução do risco de SUDEP;
- discutir as orientações a pacientes e familiares sobre a SUDEP.
Esquema conceitual
Introdução
A epilepsia é uma das afecções neurológicas mais comuns na prática clínica, acometendo mais de 65 milhões de pessoas em âmbito global.1-3 A despeito de sua tratabilidade, é uma doença de caráter crônico; com frequência, o uso de medicamentos por tempo indefinido é requerido. Em alguns casos, inclusive, podem ser necessárias abordagens neurocirúrgicas para o controle das crises.4
Aproximadamente 30% das pessoas com epilepsia (PCEs) não respondem de forma satisfatória aos fármacos anticrise (FACs).4 São encontradas elevadas taxas de morte prematura em indivíduos com epilepsia farmacorresistente em comparação à população geral e às PCEs responsivas ao tratamento.5
A presença da epilepsia em si acarreta um aumento de 2 a 3 vezes no risco global de mortalidade por diversas causas, como status epiléptico, acidente automobilístico, queda, afogamento e suicídio.5,6 Apesar disso, as crises constituem a causa mais recorrente de óbito em PCEs. Nesse contexto, a SUDEP tem a maior relevância.
Tendo em vista o grande impacto da SUDEP e da mortalidade precoce desses pacientes, a epilepsia não deve ser considerada uma condição benigna. É fundamental que o médico forneça uma adequada orientação a seus pacientes e faça o manejo correto das crises epilépticas, medidas fundamentais para a redução das taxas de morte nessa população.5