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NEUROPATIA HANSÊNICA

Diogo Fernandes dos Santos

José Antônio Garbino

Francisco de Assis Aquino Gondim

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar as vias de transmissão do Mycobacterium leprae;
  • caracterizar os aspectos clínicos, laboratoriais e neurofisiológicos no diagnóstico da neuropatia hansênica (NH), especialmente em pacientes com suspeita de hanseníase neural primária (HNPhanseníase neural primária);
  • discutir a avaliação neurofisiológica e o manejo dos estados reacionais (ERestados reacionais) da hanseníase;
  • reconhecer o tratamento da NH de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Esquema conceitual

Introdução

Descrita desde os tempos bíblicos, a hanseníase, cujos primeiros relatos surgiram há mais de 3 mil anos, é uma das mais antigas doenças da humanidade.1 Entretanto, é necessário virar a página da “lepra bíblica” e trabalhar com a hanseníase do século XXI.

Para iniciar esta reflexão, é necessário lembrar que o M. leprae é um bacilo virulento não por sua letalidade, mas por afetar nervos periféricos, causando manifestações devastadoras para o paciente, como deficiências, deformidades e estigmas sociais.

O Brasil, nação responsável pela maioria dos casos nas Américas, registra cerca de 30 mil novos casos de hanseníase a cada ano, ocupando o segundo lugar no mundo em número de casos.2 A altíssima incidência da doença com graves incapacidades neurais no momento do diagnóstico comprova o atraso no diagnóstico, a persistência da transmissão ativa e o despreparo no reconhecimento das implicações dessa micobacteriose. Isso revela um ineficiente controle epidemiológico da doença no País.

A identificação precoce ainda é um dos objetivos primordiais dos programas de controle da hanseníase, apesar do aparente progresso observado nos últimos anos na contenção da doença. O insucesso do atual esquema terapêutico sobre a incidência da hanseníase demonstra que sua eliminação como problema de saúde pública, proposta pela OMS, depende de uma ação incisiva sobre a interrupção da cadeia de transmissão.3

O longo período de incubação da hanseníase, seus sintomas e os sinais insidiosos causam dificuldades no diagnóstico e na classificação clínica. O reconhecimento precoce do comprometimento neural na doença, sobretudo na forma neural primária — em que os achados clínicos e laboratoriais clássicos da estão, por definição, ausentes —, representa um grande desafio na prática clínica tanto em razão da dificuldade em suspeição diagnóstica quanto pela falta de métodos diagnósticos disponíveis durante a investigação.4

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