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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E EVOLUÇÃO INTRA-HOSPITALAR DO PACIENTE COM COVID-19

Autores: Andreza Oliveira Almeida, Beatriz Silva Ferreira Dantas, Caio Nemuel Nascimento Santos, Maria Luíza Leal Paranhos de Oliveira, Adrielly Meneses dos Santos, Luiz Ricardo Gois Fontes
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • correlacionar a atividade física com os desfechos da COVID-19;
  • identificar os benefícios da atividade física para uma boa saúde;
  • caracterizar o impacto da COVID-19 no aumento do sedentarismo;
  • reconhecer o papel do profissional de saúde no estímulo à prática de atividade física.

Esquema conceitual

Introdução

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença COVID-19 como uma pandemia global. A pandemia é causada pelo SARS-CoV-2, um β-coronavírus responsável por um novo tipo de infecção respiratória aguda. Em decorrência disso, os governos mundiais decretaram medidas severas de isolamento social.1

O confinamento e os subsequentes fechamentos dos perímetros das cidades, a limitação da mobilidade urbana, a cessação de todos os tipos de atividades em grupo e a interrupção de esportes coletivos não profissionais e muitas outras opções recreativas relacionadas ao movimento (parques, áreas de lazer, piscinas) corroboraram para que o sedentarismo e a interrupção da prática de exercícios físicos se disseminassem.1

As evidências sugerem que a gravidade da COVID-19 está associada ao estado de saúde dos indivíduos antes da infecção, ou seja, pessoas que mantêm práticas de vida saudável, incluindo exercícios físicos, possuem menor potencial para evolução de casos graves de COVID-19.2

O exercício físico é uma ferramenta importante, pois pode reduzir o risco de doenças não transmissíveis (doenças cardíacas, diabetes melito [DM] e câncer) e daquelas associadas a redução da hipertensão arterial, sobrepeso e obesidade, todas relacionadas ao estilo de vida sedentário.2

Segundo a OMS, a prática regular de exercícios físicos é essencial para prevenir e tratar doenças não transmissíveis, o que pode melhorar e manter a saúde mental, a qualidade de vida, o bem-estar e a qualidade do processo de envelhecimento.2

Os estudos, como o realizado por Patricios e colaboradores,3 relatam que o exercício agudo estimula o intercâmbio de células do sistema imune inato entre os tecidos linfoides e a corrente sanguínea. Com o tempo, segundo evidências científicas, ocorre um efeito de soma, resultando em melhor imunovigilância contra patógenos e diminuição da inflamação sistêmica. Ensaios clínicos randomizados mostram como a atividade moderada quase diária diminui a incidência de infecções do trato respiratório superior em 40 a 50%, superando a eficácia da maioria dos medicamentos e suplementos.

É importante ressaltar que uma recente revisão sistemática da literatura de imunologia mostrou que os pacientes mais vulneráveis, com um resultado adverso após a infecção por SARS-CoV-2, podem obter maiores benefícios com os efeitos reguladores do sistema imunológico do exercício regular. Além disso, os praticantes de exercícios regulares apresentam menor incidência e mortalidade relacionadas à influenza e pneumonia. Há também uma resposta aprimorada às vacinações, e a imunossenescência (desregulação imunológica associada ao envelhecimento) é retardada pelo exercício habitual.3

Quando introduzido de forma responsável, o exercício é um estimulador imunológico por excelência, com um efeito particularmente positivo em pessoas com comorbidades e em grupos de idade comumente associados a resultados ruins para COVID-19. O exercício deve ser uma intervenção-chave, e não uma proibição, em qualquer estratégia nacional de pandemia.3

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