- Introdução
As doenças não transmissíveis (DNTs) são responsáveis pela maioria das mortes no mundo. A incidência e a mortalidade por câncer estão crescendo rapidamente. Estima-se que o câncer seja a principal causa de morte e a única barreira mais importante para o aumento da expectativa de vida em todos os países no século XXI.1
As razões para o aumento da incidência e da mortalidade do câncer são complexas, mas refletem tanto o envelhecimento quanto o crescimento da população e as mudanças na prevalência e na distribuição dos principais fatores de risco para o câncer, vários deles associados ao desenvolvimento socioeconômico.1
Com o rápido aumento populacional e o envelhecimento da população mundial, a crescente proeminência do câncer como principal causa de morte reflete, em parte, o acentuado declínio nas taxas de mortalidade por doenças cardiocirculatórias em relação ao câncer, em muitos países.1
No mundo, em 2018, foram estimados 18,1 milhões de casos de câncer, e 70% aconteceram em idosos. A incidência do câncer nesse grupo de pessoas está associada à diminuição da capacidade de recuperação celular, que faz com que o corpo do idoso seja mais suscetível à formação de tumores.2,3
No Brasil, entre 2011 e 2015, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (IncaInstituto Nacional do Câncer), ocorreram 703.602 casos de câncer nas pessoas com 60 anos ou mais, equivalendo a 53,64% dos casos. Ainda, estima-se que o número de casos de sobreviventes de câncer deva aumentar com a melhoria dos tratamentos.2–4
Entretanto, essa sobrevivência sem o diagnóstico precoce do câncer, ainda deficitário no Brasil, leva a uma sobrevivência com piores prognósticos, com maiores sofrimentos, com redução da autonomia do idoso. Entende-se que essa realidade somente se modificará com a implementação efetiva das políticas de saúde para o controle do câncer, que incluem a capacitação dos profissionais para atuarem na atenção oncológica.
Considerando que os idosos configuram o grupo mais acometido pelo câncer, eles carecem de ações e de cuidados efetivos, paralelos à implementação das políticas públicas. A enfermagem, nesse contexto, tem papel fundamental, pois atua na informação, na educação, na prestação de cuidado em todas as fases do câncer, em todos os níveis de atenção, tem uma visão holística das necessidades de cuidado, cuidando e ensinando para o autocuidado, priorizando o idoso, mas incluindo os seus familiares e/ou cuidadores.
Assim, neste capítulo, serão abordados conteúdos que contribuam para o cuidado de enfermagem aos idosos com câncer.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- compreender a suscetibilidade do idoso ao desenvolvimento do câncer;
- inferir as noções básicas da fisiopatologia, do diagnóstico e do tratamento dos cânceres mais incidentes nos idosos;
- identificar a importância da enfermagem no processo de cuidado do idoso com câncer;
- desenvolver competências para o cuidado de enfermagem ao idoso com câncer.
- Esquema conceitual
